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Vanda Oliveira: “Faltam acções mais concretas e a colaboração dos diversos grupos de empreendedores”

Vanda Oliveira: “Faltam acções mais concretas e a colaboração dos diversos grupos de empreendedores”
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Vanda Oliveira é uma empreendedora angolana da área tecnológica e lamenta que, embora o empreendedorismo esteja na moda, ainda faltem "acções mais concretas e a colaboração dos diversos grupos de empreendedores", porque sem essa "é impossível criar um ecossistema de empreendedorismo que seja dinâmico e possa atrair investidores e know-how". Saiba quais são suas expectativas para 2018 e como é que os projectos que a movem estão a funcionar.

Quando e como surgiu a Bantu Makers?

Nasceu nos finais do mês de Março de 2017, embora o projecto tenha existido já desde o momento que cheguei em Angola, isto em 2015. Em 2017 tive a oportunidade de conhecer o Telmo e o Ricardo que me ajudaram a dar asas ao projecto e assim fundámos a Buntu Makers. De princípio, não foi fácil devido à conjuntura económica que se vive, pois eles tinham que trabalhar a tempo inteiro noutros projectos e começámos com capital próprio. A parceria com o Telmo e o Ricardo foi fundamental, pois eles complementam as minhas competências e tinham melhor conhecimento do mercado local e acreditaram na missão e visão do projecto, embora tenhamos feito algum melhoramento e alteração de algumas ideias. Somos uma startup studio, que é uma área que tem emergido nos últimos 5 anos. O modelo do estúdio é criar e conceber vários produtos ou serviços para testá-los antes de transformá-los em empresa e assim diminuímos os factores de riscos e os custos de criar várias empresas e lançá-las logo ao mercado sem sequer saber se vai dar certo ou não.

E como é que a startup se mantém?

A Bantu Makers neste momento conta com uma equipa de quatro pessoas, sendo que três trabalham há tempo inteiro e uma a part-time. E ainda trabalhamos com capital próprio, daí a necessidade de fazer cortes ou diminuição salarial. Por exemplo, eu neste momento não tenho salário e os co-fundadores recebem menos do que deviam receber, apesar de serem pessoas altamente qualificadas. São sacrifícios que todos nós decidimos fazer para que a se empresa mantenha. Os capitais que temos servem fundamentalmente para cobrir custos operacionais e para cobrir o salário de outras pessoas que trabalham connosco. E servem também para cobrir o capital inicial que temos para cada startup, antes mesmos de introduzi-la no mercado, o que faz de nós os primeiros investidores destas. Nós actuamos como empreendedores, pois criamos a ideia ou conceito, investidores, porque injectamos o capital inicial, e também com incubadoras, no sentido de que as nossas startups estão englobadas dentro do nosso espaço. É uma série de acompanhamentos que não são feitos apenas por nós, mas também pelos nossos parceiros que podem ser corporativos ou individuais e uma rede de mentores. É esta estrutura que nos diferencia de outros modelos.

Já lançaram dois produtos no mercado. Fala-nos um pouco sobre eles.

Nós lançámos duas plataformas, nomeadamente a Deyamais.com, que é uma plataforma de crowdfinding, ou seja, financiamento colaborativo, e tem como finalidade democratizar o acesso ao financiamento, onde quem tem uma ideia de empreendedorismo, criativo ou social, possa utilizar a plataforma para conectar-se com outras pessoas que podem financiar o seu projecto. A Salo, por sua vez, é uma plataforma de micro trabalhos, onde as pessoas desempregadas ou aquelas que querem ganhar um pouco mais podem encontrar trabalhos. Os prestadores de serviço criam um perfil e a partir daí candidatam-se para a realização de algum trabalho.

Qual é o feedback que têm recebido de ambos projectos?

Temos tido muita adesão, devido à taxa elevada de desemprego, pois as pessoas procuram sempre trabalhos para fazer. A par dos que procuram trabalhos estão os que oferecem trabalhos e estes também tem aderido com muita frequência à plataforma. Até ao momento, os trabalhos mais solicitados são os de entrega, os de limpeza e os de reparação.

Como é feito o controlo da fiabilidade dos prestadores de serviço inscritos na plataforma?

Sempre que alguém se inscreve na plataforma nós fazemos uma verificação, chamamos essa para uma conversa no nosso escritório e pedimos os documentos pessoais e de habilitações, caso tenha, para que tenhamos cópias dos mesmos. Também pedimos uma lista de pelo menos 5 pessoas, com os referidos contactos, a quem ele já tenha prestado algum serviço e a seguir ligamos para as mesmas de modo que tenhamos informações sobre a seriedade, pontualidade, responsabilidade e a competência do candidato. E, no final, a pessoa que contratou vai à plataforma para assim classificar ou avaliar a pessoa que prestou os serviços. Depois disso nós inserimos o candidato ao trabalho num curso de atendimento ao cliente. Quando um candidato completa um certo número de serviços prestados, definidos por nós, ganha destaque e recomendações nossas na plataforma, o que é uma forma de garantir segurança aos que oferecem trabalhos, embora isto não seja garantia de que os trabalhos vão ser bem-feitos.

Em relação ao deyamais.com, como é que têm corrido as coisas, tendo em conta as actuais dificuldades de financiamento no mercado?

Há casos de pessoas que inscrevem os projectos e pedem um financiamento muito alto, mas não conseguem explicar a razão de tal financiamento nem justificar a aplicação do valor, o que perceptível, pois alguns empreendedores  têm dificuldades de fazer orçamentos, e nestes casos nós damos apoio ao candidato. 

O próprio conceito de crowdfinding é novo no país. Trata-se de uma rede de contacto de pessoas que vão ajudar a financiar o projecto, ou seja, os projectos são submetidos na plataforma e avaliados por nós antes de serem postos no mercado. Há casos de pessoas que inscrevem os projectos e pedem um financiamento muito alto, mas não conseguem explicar a razão de tal financiamento nem justificar a aplicação do valor, o que perceptível, pois alguns empreendedores têm dificuldades de fazer orçamentos, e nestes casos nós damos apoio ao candidato. O que queremos evitar é que projectos financiados a 100% através da plataforma não sejam implementados. Depois de o projecto estar inscrito na plataforma tem um período mínimo de 30 dias e um período máximo de 6 meses para conseguir o financiamento. Seguimos o modelo “Tudo ou Nada”, em que o interessado só recebe o financiamento se atingir os 100% do montante pedido. Usamo-lo porque reparamos que é o modelo bem mais sucedido a nível global e oferece mais segurança por parte de quem investe, pois o criador do projecto empenha-se mais para obter os 100% caso queira realmente a realização da sua ideia de negócio.

Os financiadores têm algum tipo de lucro ou retorno?

O Deyamais.com é uma plataforma de recompensa, o que quer dizer que cada financiador recebe uma recompensa de acordo com o valor do investimento. Estas recompensas estão associadas ao teor dos projectos, sejam eles de empreendedorismo, negócios, lançamento de um livro ou mesmo projecto social.

Já há algum caso de financiamento realizado?

Infelizmente ainda não, pois a plataforma é recente e foi posta no mercado há cinco meses. Neste momento estamos a trabalhar com os criadores dos projectos para que eles tenham sucesso quando os submeterem à plataforma. Já dois projectos conseguiram reunir condições para estarem na plataforma, nomeadamente um de venda de gelados e um portal de venda de produtos naturais feitos em Angola.

Como é feita a ligação com os investidores?

Qualquer pessoa pode ser um investidor. Para atrair investidores nós utilizamos o marketing online de modo a atingir o público-alvo, aqueles que têm interesse nos tipos de projectos existentes na plataforma. Acabamos por fazer duas tarefas ao mesmo tempo, que são avaliar e validar a ideia para a plataforma e procurar financiador para a mesma, com a ajuda do seu criador ou mentor, pois a ele também cabe a responsabilidade para a realização da ideia, daí ter que divulgar e partilhar com a sua rede de contactos. A progressão dos projectos é transparente, pois todos os dados são encontrados na plataforma e qualquer pessoa tem acesso a essa informação.

E como é que se processa a transferência dos valores, para o caso os investidores que estejam fora de Angola?

A transferência dos valores do financiamento pode ser feita de várias maneiras, nomeadamente via bancária ou por Paypal. Este último é mais para quem esteja fora do país. Aliás, o portal tem sido visitado por pessoas de várias nacionalidades e a residir em vários pontos do mundo. Brevemente teremos a integração do pagamento com cartões VISA e por via da banca local, visto que agora surgem modalidades de pagamento de mobile banking.

Outro projecto marcante, desenvolvido pela Bantu Makers, foi o Conversas Startup. Qual foi o resultado?

Conversas startup foi bastante positivo, embora tenhamos alterado a periodicidade, pois estava previsto ser um evento semanal, mas notámos que não tínhamos ainda público nem conteúdo local suficiente. O evento acontece em lugares diferentes, todos os meses, e um dos nossos objectivos é conhecer mais startups tecnológicas angolanas pelo facto de não termos espaços de co-work ou incubadoras especializadas no neste ramo. Temos tido bons resultados e feedback positivo dos participantes.

Sente que há tentativas de criação de grupos "separatistas" ou sente que de facto há tentativa de integração dos empreendedores?

"Não fechamos as portas às pessoas das outras aéreas para que haja sempre maior interacção e oportunidades entre o público"

Não diria separatista, é demasiado radical, mas há sim vários grupos de acordo o interesse de cada startup. Não vejo problemas pelo facto de estarem a surgir grupos novos, pois se assim acontece é porque as pessoas notam que as coisas não estão a correr bem num determinado grupo. E mesmo havendo diferentes grupos ainda podemos trabalhar em colaboração ou em conjunto. Prova disto é o facto de nos nossos eventos participarem pessoas de diferentes áreas de actuação. Não fechamos as portas às pessoas das outras aéreas para que haja sempre maior interacção e oportunidades entre o público.

Ao longo do ano 2017 aconteceram vários eventos que nos fizeram perceber que o empreendedorismo está na moda. Qual é a avaliação que faz sobre esses eventos e quais são as suas expectativas como empreendedora em relação o resultado que eles possam trazer?

Empreendedorismo está mesmo na moda. É uma palavra que está na boca de toda gente. A meu ver, faltam acções mais concretas e a colaboração dos diversos grupos de empreendedores, porque é impossível criar um ecossistema de empreendedorismo que seja dinâmico e possa atrair investidores e know-how sem harmonia. Embora sejamos todos concorrentes, há necessidade de colaborarmos uns com os outros e fazermos coisas em conjunto, tentando harmonizar as nossas actividades para que caminhemos todos na mesma direcção.

E quais são as suas expectativas para os próximos meses de 2018?

São muitas, mas uma delas é que surjam organizações mais bem definidas, que saibam qual é a sua missão, qual a sua visão e qual é o seu papel para o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo. Vejo muitas pessoas com muita boa vontade de empreender, tanto ao nível de Luanda como doutras províncias, mas falta-lhes visão, assim como uma rede de mentores e investidores, pois ainda é um investimento arriscado. Espero que neste ano surjam mais investidores para as startups tecnológicas, mais espaços de co-work, mais espaços comunitários diversificados e que acrescentem valores para que as pessoas possam conectar-se, aprendendo e expandindo o seu negócio. Por fim, deve haver proactividade por parte das startups, pois não basta ter uma iniciativa, mas é necessário que se seja consistente para que haja empresas também consistentes.

 

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Sebastião Vemba

Fundador e Director Editorial do ONgoma News

Jornalista, apaixonado pela escrita, fotografia e artes visuais. Tem interesses nas novas medias, formação e desenvolvimento comunitário.

Vanda Oliveira é uma empreendedora angolana da área tecnológica e lamenta que, embora o empreendedorismo esteja na moda, ainda faltem "acções mais concretas e a colaboração dos diversos grupos de empreendedores", porque sem essa "é impossível criar um ecossistema de empreendedorismo que seja dinâmico e possa atrair investidores e know-how". Saiba quais são suas expectativas para 2018 e como é que os projectos que a movem estão a funcionar.

Quando e como surgiu a Bantu Makers?

Nasceu nos finais do mês de Março de 2017, embora o projecto tenha existido já desde o momento que cheguei em Angola, isto em 2015. Em 2017 tive a oportunidade de conhecer o Telmo e o Ricardo que me ajudaram a dar asas ao projecto e assim fundámos a Buntu Makers. De princípio, não foi fácil devido à conjuntura económica que se vive, pois eles tinham que trabalhar a tempo inteiro noutros projectos e começámos com capital próprio. A parceria com o Telmo e o Ricardo foi fundamental, pois eles complementam as minhas competências e tinham melhor conhecimento do mercado local e acreditaram na missão e visão do projecto, embora tenhamos feito algum melhoramento e alteração de algumas ideias. Somos uma startup studio, que é uma área que tem emergido nos últimos 5 anos. O modelo do estúdio é criar e conceber vários produtos ou serviços para testá-los antes de transformá-los em empresa e assim diminuímos os factores de riscos e os custos de criar várias empresas e lançá-las logo ao mercado sem sequer saber se vai dar certo ou não.

E como é que a startup se mantém?

A Bantu Makers neste momento conta com uma equipa de quatro pessoas, sendo que três trabalham há tempo inteiro e uma a part-time. E ainda trabalhamos com capital próprio, daí a necessidade de fazer cortes ou diminuição salarial. Por exemplo, eu neste momento não tenho salário e os co-fundadores recebem menos do que deviam receber, apesar de serem pessoas altamente qualificadas. São sacrifícios que todos nós decidimos fazer para que a se empresa mantenha. Os capitais que temos servem fundamentalmente para cobrir custos operacionais e para cobrir o salário de outras pessoas que trabalham connosco. E servem também para cobrir o capital inicial que temos para cada startup, antes mesmos de introduzi-la no mercado, o que faz de nós os primeiros investidores destas. Nós actuamos como empreendedores, pois criamos a ideia ou conceito, investidores, porque injectamos o capital inicial, e também com incubadoras, no sentido de que as nossas startups estão englobadas dentro do nosso espaço. É uma série de acompanhamentos que não são feitos apenas por nós, mas também pelos nossos parceiros que podem ser corporativos ou individuais e uma rede de mentores. É esta estrutura que nos diferencia de outros modelos.

Já lançaram dois produtos no mercado. Fala-nos um pouco sobre eles.

Nós lançámos duas plataformas, nomeadamente a Deyamais.com, que é uma plataforma de crowdfinding, ou seja, financiamento colaborativo, e tem como finalidade democratizar o acesso ao financiamento, onde quem tem uma ideia de empreendedorismo, criativo ou social, possa utilizar a plataforma para conectar-se com outras pessoas que podem financiar o seu projecto. A Salo, por sua vez, é uma plataforma de micro trabalhos, onde as pessoas desempregadas ou aquelas que querem ganhar um pouco mais podem encontrar trabalhos. Os prestadores de serviço criam um perfil e a partir daí candidatam-se para a realização de algum trabalho.

Qual é o feedback que têm recebido de ambos projectos?

Temos tido muita adesão, devido à taxa elevada de desemprego, pois as pessoas procuram sempre trabalhos para fazer. A par dos que procuram trabalhos estão os que oferecem trabalhos e estes também tem aderido com muita frequência à plataforma. Até ao momento, os trabalhos mais solicitados são os de entrega, os de limpeza e os de reparação.

Como é feito o controlo da fiabilidade dos prestadores de serviço inscritos na plataforma?

Sempre que alguém se inscreve na plataforma nós fazemos uma verificação, chamamos essa para uma conversa no nosso escritório e pedimos os documentos pessoais e de habilitações, caso tenha, para que tenhamos cópias dos mesmos. Também pedimos uma lista de pelo menos 5 pessoas, com os referidos contactos, a quem ele já tenha prestado algum serviço e a seguir ligamos para as mesmas de modo que tenhamos informações sobre a seriedade, pontualidade, responsabilidade e a competência do candidato. E, no final, a pessoa que contratou vai à plataforma para assim classificar ou avaliar a pessoa que prestou os serviços. Depois disso nós inserimos o candidato ao trabalho num curso de atendimento ao cliente. Quando um candidato completa um certo número de serviços prestados, definidos por nós, ganha destaque e recomendações nossas na plataforma, o que é uma forma de garantir segurança aos que oferecem trabalhos, embora isto não seja garantia de que os trabalhos vão ser bem-feitos.

Em relação ao deyamais.com, como é que têm corrido as coisas, tendo em conta as actuais dificuldades de financiamento no mercado?

Há casos de pessoas que inscrevem os projectos e pedem um financiamento muito alto, mas não conseguem explicar a razão de tal financiamento nem justificar a aplicação do valor, o que perceptível, pois alguns empreendedores  têm dificuldades de fazer orçamentos, e nestes casos nós damos apoio ao candidato. 

O próprio conceito de crowdfinding é novo no país. Trata-se de uma rede de contacto de pessoas que vão ajudar a financiar o projecto, ou seja, os projectos são submetidos na plataforma e avaliados por nós antes de serem postos no mercado. Há casos de pessoas que inscrevem os projectos e pedem um financiamento muito alto, mas não conseguem explicar a razão de tal financiamento nem justificar a aplicação do valor, o que perceptível, pois alguns empreendedores têm dificuldades de fazer orçamentos, e nestes casos nós damos apoio ao candidato. O que queremos evitar é que projectos financiados a 100% através da plataforma não sejam implementados. Depois de o projecto estar inscrito na plataforma tem um período mínimo de 30 dias e um período máximo de 6 meses para conseguir o financiamento. Seguimos o modelo “Tudo ou Nada”, em que o interessado só recebe o financiamento se atingir os 100% do montante pedido. Usamo-lo porque reparamos que é o modelo bem mais sucedido a nível global e oferece mais segurança por parte de quem investe, pois o criador do projecto empenha-se mais para obter os 100% caso queira realmente a realização da sua ideia de negócio.

Os financiadores têm algum tipo de lucro ou retorno?

O Deyamais.com é uma plataforma de recompensa, o que quer dizer que cada financiador recebe uma recompensa de acordo com o valor do investimento. Estas recompensas estão associadas ao teor dos projectos, sejam eles de empreendedorismo, negócios, lançamento de um livro ou mesmo projecto social.

Já há algum caso de financiamento realizado?

Infelizmente ainda não, pois a plataforma é recente e foi posta no mercado há cinco meses. Neste momento estamos a trabalhar com os criadores dos projectos para que eles tenham sucesso quando os submeterem à plataforma. Já dois projectos conseguiram reunir condições para estarem na plataforma, nomeadamente um de venda de gelados e um portal de venda de produtos naturais feitos em Angola.

Como é feita a ligação com os investidores?

Qualquer pessoa pode ser um investidor. Para atrair investidores nós utilizamos o marketing online de modo a atingir o público-alvo, aqueles que têm interesse nos tipos de projectos existentes na plataforma. Acabamos por fazer duas tarefas ao mesmo tempo, que são avaliar e validar a ideia para a plataforma e procurar financiador para a mesma, com a ajuda do seu criador ou mentor, pois a ele também cabe a responsabilidade para a realização da ideia, daí ter que divulgar e partilhar com a sua rede de contactos. A progressão dos projectos é transparente, pois todos os dados são encontrados na plataforma e qualquer pessoa tem acesso a essa informação.

E como é que se processa a transferência dos valores, para o caso os investidores que estejam fora de Angola?

A transferência dos valores do financiamento pode ser feita de várias maneiras, nomeadamente via bancária ou por Paypal. Este último é mais para quem esteja fora do país. Aliás, o portal tem sido visitado por pessoas de várias nacionalidades e a residir em vários pontos do mundo. Brevemente teremos a integração do pagamento com cartões VISA e por via da banca local, visto que agora surgem modalidades de pagamento de mobile banking.

Outro projecto marcante, desenvolvido pela Bantu Makers, foi o Conversas Startup. Qual foi o resultado?

Conversas startup foi bastante positivo, embora tenhamos alterado a periodicidade, pois estava previsto ser um evento semanal, mas notámos que não tínhamos ainda público nem conteúdo local suficiente. O evento acontece em lugares diferentes, todos os meses, e um dos nossos objectivos é conhecer mais startups tecnológicas angolanas pelo facto de não termos espaços de co-work ou incubadoras especializadas no neste ramo. Temos tido bons resultados e feedback positivo dos participantes.

Sente que há tentativas de criação de grupos "separatistas" ou sente que de facto há tentativa de integração dos empreendedores?

"Não fechamos as portas às pessoas das outras aéreas para que haja sempre maior interacção e oportunidades entre o público"

Não diria separatista, é demasiado radical, mas há sim vários grupos de acordo o interesse de cada startup. Não vejo problemas pelo facto de estarem a surgir grupos novos, pois se assim acontece é porque as pessoas notam que as coisas não estão a correr bem num determinado grupo. E mesmo havendo diferentes grupos ainda podemos trabalhar em colaboração ou em conjunto. Prova disto é o facto de nos nossos eventos participarem pessoas de diferentes áreas de actuação. Não fechamos as portas às pessoas das outras aéreas para que haja sempre maior interacção e oportunidades entre o público.

Ao longo do ano 2017 aconteceram vários eventos que nos fizeram perceber que o empreendedorismo está na moda. Qual é a avaliação que faz sobre esses eventos e quais são as suas expectativas como empreendedora em relação o resultado que eles possam trazer?

Empreendedorismo está mesmo na moda. É uma palavra que está na boca de toda gente. A meu ver, faltam acções mais concretas e a colaboração dos diversos grupos de empreendedores, porque é impossível criar um ecossistema de empreendedorismo que seja dinâmico e possa atrair investidores e know-how sem harmonia. Embora sejamos todos concorrentes, há necessidade de colaborarmos uns com os outros e fazermos coisas em conjunto, tentando harmonizar as nossas actividades para que caminhemos todos na mesma direcção.

E quais são as suas expectativas para os próximos meses de 2018?

São muitas, mas uma delas é que surjam organizações mais bem definidas, que saibam qual é a sua missão, qual a sua visão e qual é o seu papel para o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo. Vejo muitas pessoas com muita boa vontade de empreender, tanto ao nível de Luanda como doutras províncias, mas falta-lhes visão, assim como uma rede de mentores e investidores, pois ainda é um investimento arriscado. Espero que neste ano surjam mais investidores para as startups tecnológicas, mais espaços de co-work, mais espaços comunitários diversificados e que acrescentem valores para que as pessoas possam conectar-se, aprendendo e expandindo o seu negócio. Por fim, deve haver proactividade por parte das startups, pois não basta ter uma iniciativa, mas é necessário que se seja consistente para que haja empresas também consistentes.

 

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