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“Temos que investir no património porque a sua preservação justifica a valorização económica”, considera Ziva Domingos

“Temos que investir no património porque a sua preservação justifica a valorização económica”, considera Ziva Domingos
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Andrade Lino

O Director Nacional dos Museus, Ziva Domingos, relevou o impacto que as políticas públicas têm para a salvaguarda e valorização do património cultural e natural e o seu pendor educativo para um desenvolvimento sustentável, considerando que “a primeira razão por que temos que investir no património é a questão da apropriação colectiva e da valorização económica, sendo que deve ainda contribuir para a identidade cultural”.

O responsável, que falou na quinta-feira passada numa palestra promovida pelo Ministério da Cultura, na Universidade Metodista de Angola, data em que assinala o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (18 de Abril), acrescentou que outro motivo pelo qual se deve investir no património é o facto de que pode também trazer algum dinheiro para o país, e finalmente é o impacto do património na gestão sustentável da natureza.

Ziva Domingos, que apresentou o tema “A educação patrimonial e o desenvolvimento sustentável”, sublinhou que a educação patrimonial, que pode ser entendida como um conjunto de ambições orientadas para o público em geral, partindo de decisões dos governantes, tem como finalidade, justamente, sensibilizar o público para que possa respeitar, preservar e valorizar o património natural e cultural como marca da sua identidade cultural e um potencial para a melhoria da sua qualidade de vida.

“Se nós quisermos melhorar a nossa qualidade de vida e quisermos consolidar a nossa identidade cultural, então um dos recursos que temos de preservar e respeitar é o património cultural e natural. Quando falamos de educação patrimonial, nós estamos a falar de um conjunto de ambições específicas de educação, formação e sensibilização voltada para a salvaguarda e valorização de património natural e cultural e voltada para o público em geral, mais especificamente ao público jovem escolar, porque nós sabemos que a juventude é a força motriz de uma nação”, explicou, e continuou que “a educação patrimonial entende-se também para uma questão comunitária, falando do envolvimento das comunidades locais, humanas, as autoridades tradicionais e todas as populações que não vivem nas grandes cidades”.

Aliás, esclareceu, “quando falamos de património, não estamos a falar apenas daquilo que podemos encontrar só cidades, pois os verdadeiros detentores do património não vivem nelas - estão nas comunidades locais, são eles que produzem o património e nós, sendo profissionais, tentamos preservar tanto os museus como outras instituições, e essas comunidades locais são uma parte importante no processo da educação patrimonial para que possamos garantir a sustentabilidade destes recursos”.

Avançado com o outro conceito que é o desenvolvimento sustentável, que vai se tornando cada vez mais uma ciência, segundo referiu, o orador definiu esse assunto como sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de gerações futuras, de satisfazer as suas próprias necessidades.

“Aqui, o desenvolvimento sustentável procura edificar o equilíbrio entre as necessidades das gerações presentes, que nós estamos a constituir, e as que virão depois de nós. Nós temos que consumir, e ao consumirmos temos que pensar também nos que virão amanhã”, observou o governante, clareando que, na essência, quando se fala da visão 23 e 30 das Nações Unidas, agenda do desenvolvimento sustentável, trata-se da promoção sustentada, inclusiva e justa do crescimento económico, da criação de maiores oportunidades para todos, da redução das desigualdades, da elevação dos padrões de vida básicos, da promoção do desenvolvimento social criativo e inclusivo e da promoção da gestão integrada e sustentada dos recursos culturais e naturais.

No entanto, o que a sua direcção quer fazer é ver como é que o património vai interagir com este conceito de desenvolvimento sustentável. Os bens do património cultural e natural são recursos não renovados.

Ziva Domingos especificou também que o desenvolvimento sustentável é um sistema complexo, com três subsistemas complexos, dentre eles o sistema ambiental, o sistema social e o sistema económico, que interagem entre si, e para que possamos garantir aquilo que se chama hoje “erradicação de pobreza”, “nós temos que trabalhar com esses três subsistemas complexos, embora possam não funcionar se não houver um alicerce, que aqui é a boa governação”.

Nesse sentido, para o palestrante, se não houver uma boa governação, não teremos capacidade de fazer uma gestão ambiental em condições, de uma gestão social nem de uma gestão económica em condições.

“Nós precisamos ter essa boa governação, que não deve envolver só o Governo, mas todos nós temos que saber gerir e cada um de nós é gestor de alguma coisa, pouco importando a escala”, rematou.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O Director Nacional dos Museus, Ziva Domingos, relevou o impacto que as políticas públicas têm para a salvaguarda e valorização do património cultural e natural e o seu pendor educativo para um desenvolvimento sustentável, considerando que “a primeira razão por que temos que investir no património é a questão da apropriação colectiva e da valorização económica, sendo que deve ainda contribuir para a identidade cultural”.

O responsável, que falou na quinta-feira passada numa palestra promovida pelo Ministério da Cultura, na Universidade Metodista de Angola, data em que assinala o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios (18 de Abril), acrescentou que outro motivo pelo qual se deve investir no património é o facto de que pode também trazer algum dinheiro para o país, e finalmente é o impacto do património na gestão sustentável da natureza.

Ziva Domingos, que apresentou o tema “A educação patrimonial e o desenvolvimento sustentável”, sublinhou que a educação patrimonial, que pode ser entendida como um conjunto de ambições orientadas para o público em geral, partindo de decisões dos governantes, tem como finalidade, justamente, sensibilizar o público para que possa respeitar, preservar e valorizar o património natural e cultural como marca da sua identidade cultural e um potencial para a melhoria da sua qualidade de vida.

“Se nós quisermos melhorar a nossa qualidade de vida e quisermos consolidar a nossa identidade cultural, então um dos recursos que temos de preservar e respeitar é o património cultural e natural. Quando falamos de educação patrimonial, nós estamos a falar de um conjunto de ambições específicas de educação, formação e sensibilização voltada para a salvaguarda e valorização de património natural e cultural e voltada para o público em geral, mais especificamente ao público jovem escolar, porque nós sabemos que a juventude é a força motriz de uma nação”, explicou, e continuou que “a educação patrimonial entende-se também para uma questão comunitária, falando do envolvimento das comunidades locais, humanas, as autoridades tradicionais e todas as populações que não vivem nas grandes cidades”.

Aliás, esclareceu, “quando falamos de património, não estamos a falar apenas daquilo que podemos encontrar só cidades, pois os verdadeiros detentores do património não vivem nelas - estão nas comunidades locais, são eles que produzem o património e nós, sendo profissionais, tentamos preservar tanto os museus como outras instituições, e essas comunidades locais são uma parte importante no processo da educação patrimonial para que possamos garantir a sustentabilidade destes recursos”.

Avançado com o outro conceito que é o desenvolvimento sustentável, que vai se tornando cada vez mais uma ciência, segundo referiu, o orador definiu esse assunto como sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de gerações futuras, de satisfazer as suas próprias necessidades.

“Aqui, o desenvolvimento sustentável procura edificar o equilíbrio entre as necessidades das gerações presentes, que nós estamos a constituir, e as que virão depois de nós. Nós temos que consumir, e ao consumirmos temos que pensar também nos que virão amanhã”, observou o governante, clareando que, na essência, quando se fala da visão 23 e 30 das Nações Unidas, agenda do desenvolvimento sustentável, trata-se da promoção sustentada, inclusiva e justa do crescimento económico, da criação de maiores oportunidades para todos, da redução das desigualdades, da elevação dos padrões de vida básicos, da promoção do desenvolvimento social criativo e inclusivo e da promoção da gestão integrada e sustentada dos recursos culturais e naturais.

No entanto, o que a sua direcção quer fazer é ver como é que o património vai interagir com este conceito de desenvolvimento sustentável. Os bens do património cultural e natural são recursos não renovados.

Ziva Domingos especificou também que o desenvolvimento sustentável é um sistema complexo, com três subsistemas complexos, dentre eles o sistema ambiental, o sistema social e o sistema económico, que interagem entre si, e para que possamos garantir aquilo que se chama hoje “erradicação de pobreza”, “nós temos que trabalhar com esses três subsistemas complexos, embora possam não funcionar se não houver um alicerce, que aqui é a boa governação”.

Nesse sentido, para o palestrante, se não houver uma boa governação, não teremos capacidade de fazer uma gestão ambiental em condições, de uma gestão social nem de uma gestão económica em condições.

“Nós precisamos ter essa boa governação, que não deve envolver só o Governo, mas todos nós temos que saber gerir e cada um de nós é gestor de alguma coisa, pouco importando a escala”, rematou.

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