Caneta e Papel
Análise

Se tudo é urgente, nada é urgente

Se tudo é urgente, nada é urgente
Foto por:
vídeo por:
DR

Com muita facilidade batemos a porta de alguém que esteja a trabalhar, carregamos a nossa urgência, o nosso problema, e inconscientemente queremos que passe a ser problema dessa pessoa para o resolver. Essa pessoa, inocente e inconscientemente, assume a urgência como sua, acelera a pulsação, abandona completamente todas as suas tarefas em curso, incluindo as urgências anteriores, e põe o corpo a trabalhar para aliviar a dor do seu mensageiro. Caso o próximo passo implique o envolvimento de mais uma pessoa, o problema salta para o novo individuo da história.

No final do dia, todos estão cansados porque o cenário repete-se vezes sem conta, e algumas das ditas urgências revelam-se...não urgências mas sim maus consumidores de boa energia.

Parece uma cadeia muito complexa mas não é. Em alguns lugares chamam “passar o macaco”. Quando o problema (macaco) é nosso, está nos nossos ombros. Ao passarmos para outra pessoa, o macaco passa para os ombros dessa pessoa.

Alterar essa situação começa onde o problema começa (pleonasmo propositado). E quando digo começar, imploro que use as cinco questões básicas (o quê, Como, Quando, Quem, porque) tão logo o problema nasça e responda na hora antes de atirar a outrem:

1. O que é o problema para verificar se é realmente urgente e prioritário?

2. Como o resolver de maneira eficaz?

3. Tem de ser resolvido imediatamente ou nem por isso?

4. Posso resolver sozinho ou tenho de contar com a ajuda de outra(s) pessoa(s)?

5. Porque? – esta pode desdobrar-se em dezenas perguntas sobre o assunto que deixo em aberto para serem adaptadas à situação.

A inspiração para este artigo é sem dúvida a arte de receber todas as urgências e decidir resolver todas como se fossem iguais e realmente urgentes agravada com a obvia consequência da ineficácia na produtividade de quem somente trabalha urgências. É preciso distinguir prioridade de urgência, e nunca tratar todas urgências como prioridade.

Se tudo é urgente, então urgência não existe, nada é urgente. Acrescento que neste tema, Keller e Papasan, na obra The One Thing (A Única Coisa), defendem que só conseguimos nos concentrar em uma tarefa de cada vez, o que significa que ao manter o foco em uma tarefa urgente não é possível ter o mesmo nível de atenção para outra suposta urgência.

Que seja então na única coisa que mais importa que dediquemos completa atenção a cada vez. Deste modo, a nossa produtividade poderá ter o impacto positivo que se espera.

Uma coisa de cada vez.

Referências: Keller, Garry; Papasan, Jay (2013), The One Thing, Bard Press, EUA

Destaque

No items found.

6galeria

Edilson Buchartts

Cronista

Com muita facilidade batemos a porta de alguém que esteja a trabalhar, carregamos a nossa urgência, o nosso problema, e inconscientemente queremos que passe a ser problema dessa pessoa para o resolver. Essa pessoa, inocente e inconscientemente, assume a urgência como sua, acelera a pulsação, abandona completamente todas as suas tarefas em curso, incluindo as urgências anteriores, e põe o corpo a trabalhar para aliviar a dor do seu mensageiro. Caso o próximo passo implique o envolvimento de mais uma pessoa, o problema salta para o novo individuo da história.

No final do dia, todos estão cansados porque o cenário repete-se vezes sem conta, e algumas das ditas urgências revelam-se...não urgências mas sim maus consumidores de boa energia.

Parece uma cadeia muito complexa mas não é. Em alguns lugares chamam “passar o macaco”. Quando o problema (macaco) é nosso, está nos nossos ombros. Ao passarmos para outra pessoa, o macaco passa para os ombros dessa pessoa.

Alterar essa situação começa onde o problema começa (pleonasmo propositado). E quando digo começar, imploro que use as cinco questões básicas (o quê, Como, Quando, Quem, porque) tão logo o problema nasça e responda na hora antes de atirar a outrem:

1. O que é o problema para verificar se é realmente urgente e prioritário?

2. Como o resolver de maneira eficaz?

3. Tem de ser resolvido imediatamente ou nem por isso?

4. Posso resolver sozinho ou tenho de contar com a ajuda de outra(s) pessoa(s)?

5. Porque? – esta pode desdobrar-se em dezenas perguntas sobre o assunto que deixo em aberto para serem adaptadas à situação.

A inspiração para este artigo é sem dúvida a arte de receber todas as urgências e decidir resolver todas como se fossem iguais e realmente urgentes agravada com a obvia consequência da ineficácia na produtividade de quem somente trabalha urgências. É preciso distinguir prioridade de urgência, e nunca tratar todas urgências como prioridade.

Se tudo é urgente, então urgência não existe, nada é urgente. Acrescento que neste tema, Keller e Papasan, na obra The One Thing (A Única Coisa), defendem que só conseguimos nos concentrar em uma tarefa de cada vez, o que significa que ao manter o foco em uma tarefa urgente não é possível ter o mesmo nível de atenção para outra suposta urgência.

Que seja então na única coisa que mais importa que dediquemos completa atenção a cada vez. Deste modo, a nossa produtividade poderá ter o impacto positivo que se espera.

Uma coisa de cada vez.

Referências: Keller, Garry; Papasan, Jay (2013), The One Thing, Bard Press, EUA

6galeria

Artigos relacionados

Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form