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Rose Palhares afirma que “o sonho de qualquer marca é chegar às grandes passarelas mundiais”

Rose Palhares afirma que “o sonho de qualquer marca é chegar às grandes passarelas mundiais”
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Andrade Lino

A estilista luso-angolana Rose Palhares afirmou em Luanda que o sonho de qualquer marca é chegar às grandes passarelas mundiais, embora não se possa romantizar “que vai ser uma coisa fácil, principalmente para nós, africanos”, entendendo que, quando se fala de moda internacional, trata-se da europeia, considerando que para África é “uma coisa muito recente”.

Hoje em dia, a também designer de moda, que falava no último Taça Cheia do mês de Setembro, programa da Rádio Essencial dirigido pelo jornalista Sebastião Vemba, prefere focar-se “na nossa história, porque temos pouco tempo de moda, temos pouco tempo de independência e querer nos comparar ou chegar onde certas marcas estão há mais de cem anos não faz sentido”.

Rose Palhares, cuja carreira já tem mais de 10 anos, acredita que o capitalismo, e hoje com as redes sociais, resume-se a tanta imagem que se coloca na cabeça das pessoas, tanta referência igual que as massas promovem para que as pessoas deixem de acreditar naquilo que são e na sua cultura. “E começas a achar que a tua cultura não é tudo isso, então tens de fazer o inverso, que é estar num caminho solitário, mas necessário de ser feito, e falo porque sou angolana, sou africana e identifico-me muito mais com a nossa cultura, com a nossa originalidade, porque se vou a Paris com uma roupa de marca internacional, onde é que está a minha identidade?”, questionou-se.

Para a entrevistada, é preciso mostrarmos quem somos, não só quando falamos, mas também como nos apresentamos, e “gostaria muito que as pessoas olhassem para isso”. Por exemplo, contou, lá fora as pessoas olham para ela e pensam que é latina, sendo que não conseguem pronunciar o nome “Palhares”, dentre outros aspectos. “Então eu explico e tenho muito orgulho de mostrar de onde eu sou, e se eu sou designer e posso criar peças, também quero criar dentro da minha cultura”, defendeu a convidada, para quem, fazer com que as pessoas amem tudo novamente, que as pessoas gostem e respeitem a cultura, “é um aprendizado que se tem de passar a elas”, mas tem de começar por cada um de nós e ela se encontra nessa fase.

Ademais, disse estar na fase de entender como passar esse desejo de amar a cultura aos seus clientes, como fazer com que eles entendam que não é só um acto de compra, mas é uma peça que vai mudar as suas vidas, seja pelo material, pela equipa que fez a peça, seja por ser Made in Angola, e por vários outros motivos de dar valor a tudo isso.

“É um trabalho e um estudo muito complexo, muito aprofundado, muito longo, mas é muito gostoso e eu estou nisso porque nada melhor do que respeitarmos a nossa identidade, porque é a nossa cultura. Se tu não tens orgulho em nada, podes virar um fantoche, que tudo que te colocam irás aderir e respeitar dizendo que aquilo é que é bom, então eu tenho essa responsabilidade”, explicou a empresária.

Fundadora da marca Rose Palhares Ready To Wear, seu atelier sob medida, sito na Ilha de Luanda, Casa dos Desportistas, a fonte contou sobre a parceria com o rapper Prodígio, num projecto onde esse artista actua como director criativo da linha masculina, sendo uma vertente que nunca existiu a 100% no negócio.

“Ter o Prodígio connosco, para mim, tem sido excepcional, sair de uma zona de conforto, tanto eu como ele, porque eu sempre estive como comandante do meu navio e de repente ter alguém do lado que consegue te ouvir, te entender, mas também tem as suas ideias, que durante muitas vezes eu duvidei...”, revelou, reconhecendo entretanto que, às vezes, mesmo sem saber como é, é importante acreditar no produto, e para ela “isso está a ser uma das melhores partes dessa parceria”.

Por outro lado, a estilista disse que quando abriu a loja foi sem experiência nenhuma, e sempre teve uma loja bem menor. “Foi um pequeno atelier e de repente ver-me a ter que dar respostas constantes em termos de colecções, comunicação e continuar a fazer as peças sob medida foi sempre um desafio”, expressou Rose Palhares, feliz pelos resultados da colecção “LEVELZ”, com Prodígio, tendo avançado que pretende lançar a próxima colecção em breve, ainda este ano.

Investimento no capital humano

Num comentário sobre a relação com a sua equipa, a interlocutura advogou que a atenção que se deve aos colaboradores é a de que eles são seres humanos e precisam de orientação, “precisam se sentir parte da família”, e foi aí que deixou de se preocupar tanto com a árvore e passou a olhar mais para a raiz do seu negócio. “E eu sei que os frutos vêem aí porque eu passei praticamente estes últimos 6 meses dedicada a eles, fizemos formações, e passei a entender melhor o que eles poderiam trazer para casa, e foi a melhor coisa que eu fiz”, declarou.

Com esse investimento, acrescentou, hoje se dá ao luxo de se ausentar, mesmo em viagens, seja a trabalho ou lazer, sabendo que eles não precisam tanto de si como antes, e “porque também não conseguia liderar de outra forma”.

“Só que a marca e a empresa internamente chegaram a um nível que se tu não começas a te preocupar com o teu pessoal, se tu não começas a ter atenção aos seres humanos que estão alí dentro, tu não consegues fazer nada”, observou.

 

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Rodeth Dos Anjos

Repórter

Licenciada em Ciências da Comunicação, Rodeth é mestre de cerimónias e fazedora de música ao vivo, tendo já trabalhado como educadora infantil e, entre outras valências profissionais, desenvolvido habilidades na área de reportagem.

A estilista luso-angolana Rose Palhares afirmou em Luanda que o sonho de qualquer marca é chegar às grandes passarelas mundiais, embora não se possa romantizar “que vai ser uma coisa fácil, principalmente para nós, africanos”, entendendo que, quando se fala de moda internacional, trata-se da europeia, considerando que para África é “uma coisa muito recente”.

Hoje em dia, a também designer de moda, que falava no último Taça Cheia do mês de Setembro, programa da Rádio Essencial dirigido pelo jornalista Sebastião Vemba, prefere focar-se “na nossa história, porque temos pouco tempo de moda, temos pouco tempo de independência e querer nos comparar ou chegar onde certas marcas estão há mais de cem anos não faz sentido”.

Rose Palhares, cuja carreira já tem mais de 10 anos, acredita que o capitalismo, e hoje com as redes sociais, resume-se a tanta imagem que se coloca na cabeça das pessoas, tanta referência igual que as massas promovem para que as pessoas deixem de acreditar naquilo que são e na sua cultura. “E começas a achar que a tua cultura não é tudo isso, então tens de fazer o inverso, que é estar num caminho solitário, mas necessário de ser feito, e falo porque sou angolana, sou africana e identifico-me muito mais com a nossa cultura, com a nossa originalidade, porque se vou a Paris com uma roupa de marca internacional, onde é que está a minha identidade?”, questionou-se.

Para a entrevistada, é preciso mostrarmos quem somos, não só quando falamos, mas também como nos apresentamos, e “gostaria muito que as pessoas olhassem para isso”. Por exemplo, contou, lá fora as pessoas olham para ela e pensam que é latina, sendo que não conseguem pronunciar o nome “Palhares”, dentre outros aspectos. “Então eu explico e tenho muito orgulho de mostrar de onde eu sou, e se eu sou designer e posso criar peças, também quero criar dentro da minha cultura”, defendeu a convidada, para quem, fazer com que as pessoas amem tudo novamente, que as pessoas gostem e respeitem a cultura, “é um aprendizado que se tem de passar a elas”, mas tem de começar por cada um de nós e ela se encontra nessa fase.

Ademais, disse estar na fase de entender como passar esse desejo de amar a cultura aos seus clientes, como fazer com que eles entendam que não é só um acto de compra, mas é uma peça que vai mudar as suas vidas, seja pelo material, pela equipa que fez a peça, seja por ser Made in Angola, e por vários outros motivos de dar valor a tudo isso.

“É um trabalho e um estudo muito complexo, muito aprofundado, muito longo, mas é muito gostoso e eu estou nisso porque nada melhor do que respeitarmos a nossa identidade, porque é a nossa cultura. Se tu não tens orgulho em nada, podes virar um fantoche, que tudo que te colocam irás aderir e respeitar dizendo que aquilo é que é bom, então eu tenho essa responsabilidade”, explicou a empresária.

Fundadora da marca Rose Palhares Ready To Wear, seu atelier sob medida, sito na Ilha de Luanda, Casa dos Desportistas, a fonte contou sobre a parceria com o rapper Prodígio, num projecto onde esse artista actua como director criativo da linha masculina, sendo uma vertente que nunca existiu a 100% no negócio.

“Ter o Prodígio connosco, para mim, tem sido excepcional, sair de uma zona de conforto, tanto eu como ele, porque eu sempre estive como comandante do meu navio e de repente ter alguém do lado que consegue te ouvir, te entender, mas também tem as suas ideias, que durante muitas vezes eu duvidei...”, revelou, reconhecendo entretanto que, às vezes, mesmo sem saber como é, é importante acreditar no produto, e para ela “isso está a ser uma das melhores partes dessa parceria”.

Por outro lado, a estilista disse que quando abriu a loja foi sem experiência nenhuma, e sempre teve uma loja bem menor. “Foi um pequeno atelier e de repente ver-me a ter que dar respostas constantes em termos de colecções, comunicação e continuar a fazer as peças sob medida foi sempre um desafio”, expressou Rose Palhares, feliz pelos resultados da colecção “LEVELZ”, com Prodígio, tendo avançado que pretende lançar a próxima colecção em breve, ainda este ano.

Investimento no capital humano

Num comentário sobre a relação com a sua equipa, a interlocutura advogou que a atenção que se deve aos colaboradores é a de que eles são seres humanos e precisam de orientação, “precisam se sentir parte da família”, e foi aí que deixou de se preocupar tanto com a árvore e passou a olhar mais para a raiz do seu negócio. “E eu sei que os frutos vêem aí porque eu passei praticamente estes últimos 6 meses dedicada a eles, fizemos formações, e passei a entender melhor o que eles poderiam trazer para casa, e foi a melhor coisa que eu fiz”, declarou.

Com esse investimento, acrescentou, hoje se dá ao luxo de se ausentar, mesmo em viagens, seja a trabalho ou lazer, sabendo que eles não precisam tanto de si como antes, e “porque também não conseguia liderar de outra forma”.

“Só que a marca e a empresa internamente chegaram a um nível que se tu não começas a te preocupar com o teu pessoal, se tu não começas a ter atenção aos seres humanos que estão alí dentro, tu não consegues fazer nada”, observou.

 

Rodeth Dos Anjos

Repórter

Licenciada em Ciências da Comunicação, Rodeth é mestre de cerimónias e fazedora de música ao vivo, tendo já trabalhado como educadora infantil e, entre outras valências profissionais, desenvolvido habilidades na área de reportagem.

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