Caneta e Papel
Arte e Cultura

Quero ar-te

Quero ar-te
Foto por:
vídeo por:
Oksanna

Quando não tenho palavras para me expressar normalmente, como um pedinte na rua ou cristão atrás de perdão por via dos confessionários, é este o (ar)mamento de que me sirvo para lutar contra a repressão, a opressão, a depressão e a nulidade de mim mesmo – a arte.

(Ar)tistas o são naturalmente, sem esforço ou mania de querer visibilidade, estão focados na mudança do mundo. Porque não adianta fazer arte com intenção de alegrar quem a assiste. Arte é antes de mais nada uma conversa entre quem a faz e ele mesmo, depois com quem acompanha e consegue rever-se nela.

Ar que pessoalmente respiro quando tudo à minha volta me sufoca, sinto-me a nascer de novo quando os meus ouvidos esbarram-se com uma boa melodia soando pelos poros dalguma música que se preze. Sinto-me numa guerra entre mundos diferentes, sem nunca saber onde esconder-me inocentemente, mas os mergulhos diários na dádiva de poder criar permitem-me estar nesse campo de batalha, ficando com a ideia de que sairei ileso, quando um dia tudo isto acabar e eu ainda estiver aqui.

É mais do que cantar, escrever, pintar, produzir, fotografar, falar, encenar, ou mesmo rir, assim como simplesmente escutar. É ouvir a entender, aceitar e guardar, é aprender mesmo desatento e fazer sem nada cobrar. É viver, é amar, é buscar e trazer, muito mais do que querer ter, é poder dar e sorrir. É não chorar, é não dormir e emagrecer ou desaparecer por conta disso, é divertir-se com o trabalho e aos olhos alheios parecer feitiço.

A arte, então, dói, e às vezes corrói, mas o amor por ela faz aceitar a morte sem conversas, e este mundo de idiotas que viveram toda sua vida sentados numa carteira tem a boca grande de dizer que os artistas são loucos. Somos, sim. Mas mais do que isso, somos explora-dores. Não há dor que não sirva de incentivo. Não há dor que não inspire nada, ainda que indirectamente.

Mas quem pesquisa mas não é artista, se os professores aprendem para ensinar e para transmitir conhecimento é preciso estudar? Arte é ofício, profissão, até mesmo forma de viver, porque a maneira como “andamos” pode inspirar e/ou fazer alguém crescer, faz-se arte com o toque, com o jeito peculiar de cozinharmos para um colectivo. As “artemanhas” que usamos para manter o nosso espírito lutador vivo é arte, idem.

Assim como há quem partilha informação mas não o faz com arte, logo há quem no seu silêncio exala técnica e dom.

Artistas fazem-se com o tempo, embora há quem se considere ter nascido “já assim”, porque nada evolui na paragem - só chega ao destino quem pega um transporte e sai dela. Muitos são bons a mentir e há quem até se vanglorie por ser bom preguiçoso - essa é a arte da regressão e do futuro melindroso.

Eu, puro refugiado do pensar e obrigado a usá-lo da melhor forma possível, arrisco a minha vida na arte e não me interessa ser podre, para alguns, nem me preocupa ser pobre, porque o impacto que as “minhas porcarias” causam e ambiciono que o façam ainda melhor valem mais do que as notas que a quiserem comprar. Dinheiro é bom e não se nega à toa, é “vero”, todo mundo gosta, mas vender algo que antes não signifique nada para si é como comercializar veneno.

Portanto, bem antes do ser da arte abstracta, figurativa ou mesmo mágica, vale relevar a Audácia, Rigor, Temor e a Esperança, o que para mim é o cimento para erguer as paredes da ARTE.

O que eu quero contigo, meu amor? Quero ar-te!

Arte por Oksanna

Destaque

No items found.

6galeria

Widralino

Articulista

Poeta, prosador, fotógrafo, enfim, artista.

Quando não tenho palavras para me expressar normalmente, como um pedinte na rua ou cristão atrás de perdão por via dos confessionários, é este o (ar)mamento de que me sirvo para lutar contra a repressão, a opressão, a depressão e a nulidade de mim mesmo – a arte.

(Ar)tistas o são naturalmente, sem esforço ou mania de querer visibilidade, estão focados na mudança do mundo. Porque não adianta fazer arte com intenção de alegrar quem a assiste. Arte é antes de mais nada uma conversa entre quem a faz e ele mesmo, depois com quem acompanha e consegue rever-se nela.

Ar que pessoalmente respiro quando tudo à minha volta me sufoca, sinto-me a nascer de novo quando os meus ouvidos esbarram-se com uma boa melodia soando pelos poros dalguma música que se preze. Sinto-me numa guerra entre mundos diferentes, sem nunca saber onde esconder-me inocentemente, mas os mergulhos diários na dádiva de poder criar permitem-me estar nesse campo de batalha, ficando com a ideia de que sairei ileso, quando um dia tudo isto acabar e eu ainda estiver aqui.

É mais do que cantar, escrever, pintar, produzir, fotografar, falar, encenar, ou mesmo rir, assim como simplesmente escutar. É ouvir a entender, aceitar e guardar, é aprender mesmo desatento e fazer sem nada cobrar. É viver, é amar, é buscar e trazer, muito mais do que querer ter, é poder dar e sorrir. É não chorar, é não dormir e emagrecer ou desaparecer por conta disso, é divertir-se com o trabalho e aos olhos alheios parecer feitiço.

A arte, então, dói, e às vezes corrói, mas o amor por ela faz aceitar a morte sem conversas, e este mundo de idiotas que viveram toda sua vida sentados numa carteira tem a boca grande de dizer que os artistas são loucos. Somos, sim. Mas mais do que isso, somos explora-dores. Não há dor que não sirva de incentivo. Não há dor que não inspire nada, ainda que indirectamente.

Mas quem pesquisa mas não é artista, se os professores aprendem para ensinar e para transmitir conhecimento é preciso estudar? Arte é ofício, profissão, até mesmo forma de viver, porque a maneira como “andamos” pode inspirar e/ou fazer alguém crescer, faz-se arte com o toque, com o jeito peculiar de cozinharmos para um colectivo. As “artemanhas” que usamos para manter o nosso espírito lutador vivo é arte, idem.

Assim como há quem partilha informação mas não o faz com arte, logo há quem no seu silêncio exala técnica e dom.

Artistas fazem-se com o tempo, embora há quem se considere ter nascido “já assim”, porque nada evolui na paragem - só chega ao destino quem pega um transporte e sai dela. Muitos são bons a mentir e há quem até se vanglorie por ser bom preguiçoso - essa é a arte da regressão e do futuro melindroso.

Eu, puro refugiado do pensar e obrigado a usá-lo da melhor forma possível, arrisco a minha vida na arte e não me interessa ser podre, para alguns, nem me preocupa ser pobre, porque o impacto que as “minhas porcarias” causam e ambiciono que o façam ainda melhor valem mais do que as notas que a quiserem comprar. Dinheiro é bom e não se nega à toa, é “vero”, todo mundo gosta, mas vender algo que antes não signifique nada para si é como comercializar veneno.

Portanto, bem antes do ser da arte abstracta, figurativa ou mesmo mágica, vale relevar a Audácia, Rigor, Temor e a Esperança, o que para mim é o cimento para erguer as paredes da ARTE.

O que eu quero contigo, meu amor? Quero ar-te!

Arte por Oksanna

6galeria

Artigos relacionados

Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form