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Crónica

Prioridades para a vida

Prioridades para a vida
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"Não dá nem para dizer aos nossos, descansem em paz, porque não devia ser este o momento para irem descansar, ainda não, tinham muito para dar e ser, muito mesmo".

É desta forma melancólica que começamos hoje a reflectir sobre o que devia e deve ser prioridade nas e para as nossas vidas. O que deve ser prioridade acima de todas? Garantir que haja vida, enquanto o bem mais valioso, bênção, dádiva. Garantir que haja essa coisa boa que permite fazer novas vidas enquanto se está vivo. Para tal é necessário que quem tem a responsabilidade de garantir os serviços essenciais à vida, faça o seu melhor para que tal aconteça, assegurando que as prioridades escolhidas sejam de facto as mais importantes, aquelas que realmente garantam a vida, tal como reza a constituição angolana.

Há meses que uma nova ordem tem sido imposta pela covid 19, que sem olhar a quem faz e desfaz, muda hábitos, altera rotinas, faz moda, obriga a mudanças, destapa carecas mostrando realidades escondidas por trás de máscaras que embelezam uma falsa realidade, onde tudo é bonito. A covid 19 também causa tristeza, lágrimas, luto. Esvazia, tira pedaço, leva quem não devia ainda bazar. A par de outras doenças como a malária, tb, diarreia, febre tifoide, hepatites, etc., a covid 19 não escolhe pessoas, cor da pele, estatura, aroma, sotaque, profissão, origem, estatuto social, opção partidária, nacionalidade, tão pouco beleza. Essa doença mostra que todas as vidas valem, que todos os cidadãos devem ser cuidados, amados, respeitados, protegidos e bem tratados para que possam viver com dignidade.

Essa doença vem definir uma nova prioridade nas agendas de todos: A VIDA! Garantir que haja vida! Que os seres humanos possam viver mais um pouco para serem o que devem ser e para fazerem o que devem, deixar um bom legado. Mas para tal é imprescindível que se garantam algumas condições essenciais, como: bons e adequados sistemas públicos de saúde, educação e transportes, segurança, água potável a sair nas toneiras, saneamento básico, justiça imparcial, liberdades, respeito e valorização pela vida de todos.

A covid 19 tem exposto os sistemas de saúde ao obrigar a todos cidadãos (principalmente quem ocupa cargos públicos) sejam tratados nos seus próprios países, porque não podem viajar em busca de “milagres” que deviam haver nos seus países caso houvesse seriedade e comprometimento. Esse tem sido um hábito de quem devia garantir condições para que cada cidadão se sentisse seguro em ser tratado na sua terra, em qualquer localidade, sem receios.

A mediatização actual faz-nos repensar se as prioridades têm sido mesmo bem definidas e executadas, se o que tem sido escolhido é de facto prioridade. Será que se se apostasse mais na melhoria das condições hospitalares nas 18 províncias, na valorização dos quadros, na prevenção, na melhoria continua do nosso sistema de saúde para níveis tão bons quanto os da tuga, de Cuba ou da Namíbia, não ganharíamos todos? As famílias não chorariam menos? Luanda não deixaria de ser vista e tida como a única opção para atender todo o país mesmo sem ter capacidade para os locais?

É sabido que por décadas alguns poucos abençoados por fezadas e apadrinhamentos atípicos voavam para o estrangeiro onde procuravam os melhores serviços médicos para serem tratados mal sentissem um calafrio, uma comichão ou ainda tchikolotola. Enquanto o milagre do voo resultou nunca se importaram com quem cá ficasse sem puder também bazar em busca dos milongos milagreiros que prolongavam a vida um pouco mais. Hoje a coisa mudou e as questões se levantam: E se se tivesse investido a serio no sistema de saúde público em todo o país, como é que estaríamos hoje? Quantas lagrimas teriam sido evitadas? Quanto luto adiado? Quantas vidas continuariam a dar o seu melhor em prol de Angola? Até quando continuaremos a chorar os nossos?

O bem vida, deve ser a primeira e a maior prioridade, porque todas as vidas valem, são insubstituíveis nas vidas de outras pessoas. Quando a luz se apaga as lágrimas espreitam, a tristeza leva a alma, os lamentos se propagam. Não era para ser assim, não devia ser assim, não se devia ir sem se saber porquê, nem sem acabar a missão, não se devia ir sem se despedir de quem se amou e foi amado. Não se devia ir sem acabar de construir ou ao menos começar a fazer um país melhor para todos. Nas horas de luto, de dor, de mágoa, de questionamentos e dúvidas somos uma vez mais convidados a reflectir no que está mal, no que falta, no que pode e deve ser feito para se evitar mais perdas e se adiar ao máximo a partida inadiável.

Rogamos para que se revejam as prioridades e que garantam, respeitem, protejam e valorizem a vida sempre, quer seja em Luanda, Dirico, Tchiazy, Nzaji, Dondo, Nharea, Cuchi, Lunduimbali ou Balombo, para que haja dignidade para que se possa salvar o máximo de vidas possíveis das garras da malária, da tb, das hepatites, das dst’s, das doenças respiratórias, da covid19 e de outras patologias que nos assustam e nos levam; que hajam boas escolas e bem apetrechadas e com pessoal sufieinte, valorizado e capaz dar resposta a altura à procura para que haja dignidade no ensino e formação dos quadros; que as prioridades passem também por melhorar o sistema de transporte público para que se acabe com as bichas que roubam horas a vidas das pessoas e as aconchega com o risco de contágio por não se respeitar distanciamento na luta para se conseguir um lugar; que haja mais emprego e trabalho para quem realmente saiba e goste de bem trabalhar, e que se promovam aqueles que têm ideias e projectos bons para criação de empregos e de riqueza para o país, sempre com a valorização de quem trabalha e protecção social para quem deva ser protegido;

Nas prioridades não deviam faltar água potável a sair nas torneiras, segurança em todas as ruas e para todas as pessoas inclusive para quem assegura, justiça imparcial e funcional abrangente à todos sem olhar a quem para que se possa então bem combater a impunidade que há décadas abraçou e não quer deixar-nos. Prioridades não deviam ser os lexus, os ginásios milionários, as gralhas milionárias, os mobiliários caríssimos que aconchegam os servidores públicos, enquanto o cidadão que votou tem como companhia luxuosa fome e doenças que há bué dizimam a sua família. Não deviam também ser prioridades as viagens ao estrangeiro de servidores públicos para tratamento suportadas por fundos públicos, quando tais servidores têm a responsabilidade de criarem condições para que todos, possam ser bem tratados e curados cá, fazendo de Angola uma boa referência em saúde.

Melhorem tudo para que se viva com dignidade e em pleno, se dê e se faça o melhor para que se possa então descansar na hora certa, sem antecipação, sem surpresas desagradáveis. Há que se rever as prioridades para que se viva mais e melhor.

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Carlos Renato

Cronista

"Não dá nem para dizer aos nossos, descansem em paz, porque não devia ser este o momento para irem descansar, ainda não, tinham muito para dar e ser, muito mesmo".

É desta forma melancólica que começamos hoje a reflectir sobre o que devia e deve ser prioridade nas e para as nossas vidas. O que deve ser prioridade acima de todas? Garantir que haja vida, enquanto o bem mais valioso, bênção, dádiva. Garantir que haja essa coisa boa que permite fazer novas vidas enquanto se está vivo. Para tal é necessário que quem tem a responsabilidade de garantir os serviços essenciais à vida, faça o seu melhor para que tal aconteça, assegurando que as prioridades escolhidas sejam de facto as mais importantes, aquelas que realmente garantam a vida, tal como reza a constituição angolana.

Há meses que uma nova ordem tem sido imposta pela covid 19, que sem olhar a quem faz e desfaz, muda hábitos, altera rotinas, faz moda, obriga a mudanças, destapa carecas mostrando realidades escondidas por trás de máscaras que embelezam uma falsa realidade, onde tudo é bonito. A covid 19 também causa tristeza, lágrimas, luto. Esvazia, tira pedaço, leva quem não devia ainda bazar. A par de outras doenças como a malária, tb, diarreia, febre tifoide, hepatites, etc., a covid 19 não escolhe pessoas, cor da pele, estatura, aroma, sotaque, profissão, origem, estatuto social, opção partidária, nacionalidade, tão pouco beleza. Essa doença mostra que todas as vidas valem, que todos os cidadãos devem ser cuidados, amados, respeitados, protegidos e bem tratados para que possam viver com dignidade.

Essa doença vem definir uma nova prioridade nas agendas de todos: A VIDA! Garantir que haja vida! Que os seres humanos possam viver mais um pouco para serem o que devem ser e para fazerem o que devem, deixar um bom legado. Mas para tal é imprescindível que se garantam algumas condições essenciais, como: bons e adequados sistemas públicos de saúde, educação e transportes, segurança, água potável a sair nas toneiras, saneamento básico, justiça imparcial, liberdades, respeito e valorização pela vida de todos.

A covid 19 tem exposto os sistemas de saúde ao obrigar a todos cidadãos (principalmente quem ocupa cargos públicos) sejam tratados nos seus próprios países, porque não podem viajar em busca de “milagres” que deviam haver nos seus países caso houvesse seriedade e comprometimento. Esse tem sido um hábito de quem devia garantir condições para que cada cidadão se sentisse seguro em ser tratado na sua terra, em qualquer localidade, sem receios.

A mediatização actual faz-nos repensar se as prioridades têm sido mesmo bem definidas e executadas, se o que tem sido escolhido é de facto prioridade. Será que se se apostasse mais na melhoria das condições hospitalares nas 18 províncias, na valorização dos quadros, na prevenção, na melhoria continua do nosso sistema de saúde para níveis tão bons quanto os da tuga, de Cuba ou da Namíbia, não ganharíamos todos? As famílias não chorariam menos? Luanda não deixaria de ser vista e tida como a única opção para atender todo o país mesmo sem ter capacidade para os locais?

É sabido que por décadas alguns poucos abençoados por fezadas e apadrinhamentos atípicos voavam para o estrangeiro onde procuravam os melhores serviços médicos para serem tratados mal sentissem um calafrio, uma comichão ou ainda tchikolotola. Enquanto o milagre do voo resultou nunca se importaram com quem cá ficasse sem puder também bazar em busca dos milongos milagreiros que prolongavam a vida um pouco mais. Hoje a coisa mudou e as questões se levantam: E se se tivesse investido a serio no sistema de saúde público em todo o país, como é que estaríamos hoje? Quantas lagrimas teriam sido evitadas? Quanto luto adiado? Quantas vidas continuariam a dar o seu melhor em prol de Angola? Até quando continuaremos a chorar os nossos?

O bem vida, deve ser a primeira e a maior prioridade, porque todas as vidas valem, são insubstituíveis nas vidas de outras pessoas. Quando a luz se apaga as lágrimas espreitam, a tristeza leva a alma, os lamentos se propagam. Não era para ser assim, não devia ser assim, não se devia ir sem se saber porquê, nem sem acabar a missão, não se devia ir sem se despedir de quem se amou e foi amado. Não se devia ir sem acabar de construir ou ao menos começar a fazer um país melhor para todos. Nas horas de luto, de dor, de mágoa, de questionamentos e dúvidas somos uma vez mais convidados a reflectir no que está mal, no que falta, no que pode e deve ser feito para se evitar mais perdas e se adiar ao máximo a partida inadiável.

Rogamos para que se revejam as prioridades e que garantam, respeitem, protejam e valorizem a vida sempre, quer seja em Luanda, Dirico, Tchiazy, Nzaji, Dondo, Nharea, Cuchi, Lunduimbali ou Balombo, para que haja dignidade para que se possa salvar o máximo de vidas possíveis das garras da malária, da tb, das hepatites, das dst’s, das doenças respiratórias, da covid19 e de outras patologias que nos assustam e nos levam; que hajam boas escolas e bem apetrechadas e com pessoal sufieinte, valorizado e capaz dar resposta a altura à procura para que haja dignidade no ensino e formação dos quadros; que as prioridades passem também por melhorar o sistema de transporte público para que se acabe com as bichas que roubam horas a vidas das pessoas e as aconchega com o risco de contágio por não se respeitar distanciamento na luta para se conseguir um lugar; que haja mais emprego e trabalho para quem realmente saiba e goste de bem trabalhar, e que se promovam aqueles que têm ideias e projectos bons para criação de empregos e de riqueza para o país, sempre com a valorização de quem trabalha e protecção social para quem deva ser protegido;

Nas prioridades não deviam faltar água potável a sair nas torneiras, segurança em todas as ruas e para todas as pessoas inclusive para quem assegura, justiça imparcial e funcional abrangente à todos sem olhar a quem para que se possa então bem combater a impunidade que há décadas abraçou e não quer deixar-nos. Prioridades não deviam ser os lexus, os ginásios milionários, as gralhas milionárias, os mobiliários caríssimos que aconchegam os servidores públicos, enquanto o cidadão que votou tem como companhia luxuosa fome e doenças que há bué dizimam a sua família. Não deviam também ser prioridades as viagens ao estrangeiro de servidores públicos para tratamento suportadas por fundos públicos, quando tais servidores têm a responsabilidade de criarem condições para que todos, possam ser bem tratados e curados cá, fazendo de Angola uma boa referência em saúde.

Melhorem tudo para que se viva com dignidade e em pleno, se dê e se faça o melhor para que se possa então descansar na hora certa, sem antecipação, sem surpresas desagradáveis. Há que se rever as prioridades para que se viva mais e melhor.

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