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Políticas educacionais em Angola na visão de Isaac Paxe e Vitor Barbosa

Políticas educacionais em Angola na visão de Isaac Paxe e Vitor Barbosa
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Sebastião Vemba

O mestre em Administração Escolar, Isaac Paxe, entende que a política educacional deve atender as necessidades de fazer acontecer a educação, que deve ser encarada como um compromisso social.

Na visão deste investigador, as políticas educacionais são resultados da interacção de vários actores, para depois serem assumidas pelo Governo, porque elas têm que ser implementadas e com uma carga política.

Já o presidente da Associação Angolana para Educação de Adultos (AAEA), Vitor Barbosa, defendeu uma educação verdadeiramente inclusiva das pessoas que estão exclusas por razões socioeconómicas e apontou o aumento da mercantilização do ensino em Angola.  

Em entrevista ao ONgoma News, o também docente afirmou que, apesar de haver progresso na educação em Angola, “o estado ainda está aquém do desejado, pelo que a educação ainda se mantém nos parâmetros da responsabilidade da família e do Ministério da Educação, e a primeira falha começa dos diferentes ministérios, donde vêm as ordens para construção de escola, o processo de selecção e de colocação de professores”, disse.

O educador entende que alguns aspectos fundamentais, como “o entendimento da educação enquanto um direito humano, são muitas vezes subestimados na sociedade, que é fundamentalmente um serviço público que o Estado deve garantir”. Para o responsável, “as escolas devem contribuir não só para ser o viveiro para o mundo do emprego, mas também para formar a pessoa” e ajudá-la a “ser um cidadão socialmente útil nos múltiplos aspectos”, acrescentou.

De acordo com Vitor Barbosa, “falar de educação é mais complexo e necessário do que tratar-se apenas do ensino com qualidade”, daí que se “ter consciência que é por via da educação que podemos dar uma grande contribuição para construir uma sociedade mais justa e mais digna para todos”, ressaltou.

A fonte advertiu os diferentes actores que a educação deve envolver todos os estratos sociais, “não só uma gestão da escola, todavia deve ter uma visão de que Angola é um mosaico, tem que ter aspectos centrais comuns a todos, mas uma inclusão específica de cada região. A educação deve envolver as famílias, deve haver um diálogo entre os mais novos e os mais velhos, a educação deve incorporar mesmo as questões da realidade sociocultural”, continuou.

Isaac Paxe, por sua vez, considerou que o ensino em Angola tem os seus pontos fracos e fortes, nomeadamente alguns aspectos bem conseguidos, mas outros não. “Há um descontentamento popular sobre o que o sistema está a produzir, então, quando os beneficiários da educação mostram um descontentamento é um sinal de que algo se passa”, frisou. No seu entendimento, quando se fala da educação, a preocupação deve ser transversal, pois “não é um campo limitado em que as pessoas participam”, contudo todo processo de educação deve ser necessariamente participativo. “A educação é um bem público e devemos todos lutar para que ela se realize na expectativa das diferentes comunidades que compõem este país”, finalizou.

Quanto ao papel do Estado, Vitor Barbosa argumentou que este tem que “procurar evoluir para uma democratização da educação”.

A Associação Angolana para Educação de Adultos (AAEA) existe desde 1998 e dedica-se fundamentalmente à educação não formal, identificando necessidades objectivas de aprendizagem que respondem às reais necessidades dos grupos, nomeadamente de alfabetização, educação cívica para o exercício da cidadania, gestão de pequenos e micro negócios, bem como criação espaços de diálogos, não somente um sistema formal.

Isaac Paxe, doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, e mestre em Administração Escolar, foi convidado da Academia BAI, no espaço à Conversa Com, para falar sobre Educação e Políticas Educacionais.

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Pedro Kididi

Jornalista

O mestre em Administração Escolar, Isaac Paxe, entende que a política educacional deve atender as necessidades de fazer acontecer a educação, que deve ser encarada como um compromisso social.

Na visão deste investigador, as políticas educacionais são resultados da interacção de vários actores, para depois serem assumidas pelo Governo, porque elas têm que ser implementadas e com uma carga política.

Já o presidente da Associação Angolana para Educação de Adultos (AAEA), Vitor Barbosa, defendeu uma educação verdadeiramente inclusiva das pessoas que estão exclusas por razões socioeconómicas e apontou o aumento da mercantilização do ensino em Angola.  

Em entrevista ao ONgoma News, o também docente afirmou que, apesar de haver progresso na educação em Angola, “o estado ainda está aquém do desejado, pelo que a educação ainda se mantém nos parâmetros da responsabilidade da família e do Ministério da Educação, e a primeira falha começa dos diferentes ministérios, donde vêm as ordens para construção de escola, o processo de selecção e de colocação de professores”, disse.

O educador entende que alguns aspectos fundamentais, como “o entendimento da educação enquanto um direito humano, são muitas vezes subestimados na sociedade, que é fundamentalmente um serviço público que o Estado deve garantir”. Para o responsável, “as escolas devem contribuir não só para ser o viveiro para o mundo do emprego, mas também para formar a pessoa” e ajudá-la a “ser um cidadão socialmente útil nos múltiplos aspectos”, acrescentou.

De acordo com Vitor Barbosa, “falar de educação é mais complexo e necessário do que tratar-se apenas do ensino com qualidade”, daí que se “ter consciência que é por via da educação que podemos dar uma grande contribuição para construir uma sociedade mais justa e mais digna para todos”, ressaltou.

A fonte advertiu os diferentes actores que a educação deve envolver todos os estratos sociais, “não só uma gestão da escola, todavia deve ter uma visão de que Angola é um mosaico, tem que ter aspectos centrais comuns a todos, mas uma inclusão específica de cada região. A educação deve envolver as famílias, deve haver um diálogo entre os mais novos e os mais velhos, a educação deve incorporar mesmo as questões da realidade sociocultural”, continuou.

Isaac Paxe, por sua vez, considerou que o ensino em Angola tem os seus pontos fracos e fortes, nomeadamente alguns aspectos bem conseguidos, mas outros não. “Há um descontentamento popular sobre o que o sistema está a produzir, então, quando os beneficiários da educação mostram um descontentamento é um sinal de que algo se passa”, frisou. No seu entendimento, quando se fala da educação, a preocupação deve ser transversal, pois “não é um campo limitado em que as pessoas participam”, contudo todo processo de educação deve ser necessariamente participativo. “A educação é um bem público e devemos todos lutar para que ela se realize na expectativa das diferentes comunidades que compõem este país”, finalizou.

Quanto ao papel do Estado, Vitor Barbosa argumentou que este tem que “procurar evoluir para uma democratização da educação”.

A Associação Angolana para Educação de Adultos (AAEA) existe desde 1998 e dedica-se fundamentalmente à educação não formal, identificando necessidades objectivas de aprendizagem que respondem às reais necessidades dos grupos, nomeadamente de alfabetização, educação cívica para o exercício da cidadania, gestão de pequenos e micro negócios, bem como criação espaços de diálogos, não somente um sistema formal.

Isaac Paxe, doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, e mestre em Administração Escolar, foi convidado da Academia BAI, no espaço à Conversa Com, para falar sobre Educação e Políticas Educacionais.

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