Caneta e Papel

Peregrinação à Memória de Gonga

Peregrinação à Memória de Gonga
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As artes plásticas em Angola são um meio importante para se fazer circular informações importantes da cultura e da forma de ser das pessoas. Os mais dilectos fazedores, conscientes desta grande arma de arremesso, encontram nela a licença para dar o seu contributo ao projecto de asseguramento da identidade por via da cultura material e espiritual do povo.

Gonga, nascido no limiar da década de 60, exactamente a 25 de Abril, isto é, dez anos antes da memorável “Revolução dos Cravos”, é um nome que se intromete no percurso e desenvolvimento das artes plásticas em Angola, fazendo parte de uma geração que transformou as armas mortíferas da guerra em pincéis que servem ao amor e à estética ocupada com as pessoas, apesar de não ter combatido como tal, mas fez parte de um grupo de meninos envolvidos indirectamente a ideologia da nossa luta de libertação. Conheceu a entrada da década de 80, o Barracão, onde viu a grande oportunidade para dar corpo às coisas que fazia. Mergulhou nos meandros da arte e da cultura e por isso encontrou no MINCULT (Ministério da Cultura) o seu primeiro emprego sem deixar de parte a sua veia filantrópica voltada para a educação e formação de crianças que leva até hoje com o já conhecido projecto SOL DE CACIMBO.

A arte, na forma peculiar de Gonga, é uma oportunidade de se fazer ouvir e permitir que outros sorvam das riquezas da estética. 

PEREGRINAÇÃO À MEMÓRIA é um desafio que encontra nas pessoas, e em todos os momentos que fizeram a vida deste artista, uma grande tela que retorna a um percurso histórico recheado de coisas da nossa cultura e das nossas gentes, ainda embrionárias e inexploradas artes plásticas. A mulher que transporta a semente geradora da vida é aqui retratada, no bom sentido, como a culpada dos vários pedaços e peças desta Peregrinação e se pode ver de forma clara em cada uma das cerca de doze peças expostas.

A arte, na forma peculiar de Gonga, é uma oportunidade de se fazer ouvir e permitir que outros sorvam das riquezas da estética. A multiplicidade de cores em cada peça sugere a diversidade e a alegria que o artista encontra ao refazer caminhos, vivências pessoais e colectivas desde o repouso de Ndembo (Soberano Dos Dembos) até Ngola Kilwange (Soberano Ngola), numa clara celebração dos hábitos e costumes do povo angolano, aliás, o grande pano de fundo de toda a sua produção. O Zoomorfismo patente ao longo da sua obra faz presente os medonhos Makixis, presos na sua memória da meninice, criaturas às quais se imputavam mortes nos caminhos de regresso às aldeias. Há em todas as pessoas, segundo Gonga, algum Makixi escondido que raramente se mostra. “Dulcíssimas Palavras”, “Milundo”, “Arremesso” (Instalação), “Transmigração ao Imemorial”, “Mayaki a Phulungu”, “Linguajares”, “Guardião”, “Reencontro”, “Metamorfoses”, “Peregrinação à Memória II”, “Peregrinação à Memória I” são as obras pelas quais Gonga fez percorrer as Memórias que apresentou nesta proposta que, pelo seu alcance, merecerá certamente estudos aturados para o bem da arte angolana.

PEREGRINAÇÃO À MEMÓRIA é um desafio que encontra nas pessoas, e em todos os momentos que fizeram a vida deste artista, uma grande tela que retorna a um percurso histórico recheado de coisas da nossa cultura e das nossas gentes, ainda embrionárias e inexploradas artes plásticas.

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Gilberto Dune Capitango

Professor de História de Arte no Instituto Superior de Artes do Kilamba – Angola. E-mail: dunecapitango@gmail.com

As artes plásticas em Angola são um meio importante para se fazer circular informações importantes da cultura e da forma de ser das pessoas. Os mais dilectos fazedores, conscientes desta grande arma de arremesso, encontram nela a licença para dar o seu contributo ao projecto de asseguramento da identidade por via da cultura material e espiritual do povo.

Gonga, nascido no limiar da década de 60, exactamente a 25 de Abril, isto é, dez anos antes da memorável “Revolução dos Cravos”, é um nome que se intromete no percurso e desenvolvimento das artes plásticas em Angola, fazendo parte de uma geração que transformou as armas mortíferas da guerra em pincéis que servem ao amor e à estética ocupada com as pessoas, apesar de não ter combatido como tal, mas fez parte de um grupo de meninos envolvidos indirectamente a ideologia da nossa luta de libertação. Conheceu a entrada da década de 80, o Barracão, onde viu a grande oportunidade para dar corpo às coisas que fazia. Mergulhou nos meandros da arte e da cultura e por isso encontrou no MINCULT (Ministério da Cultura) o seu primeiro emprego sem deixar de parte a sua veia filantrópica voltada para a educação e formação de crianças que leva até hoje com o já conhecido projecto SOL DE CACIMBO.

A arte, na forma peculiar de Gonga, é uma oportunidade de se fazer ouvir e permitir que outros sorvam das riquezas da estética. 

PEREGRINAÇÃO À MEMÓRIA é um desafio que encontra nas pessoas, e em todos os momentos que fizeram a vida deste artista, uma grande tela que retorna a um percurso histórico recheado de coisas da nossa cultura e das nossas gentes, ainda embrionárias e inexploradas artes plásticas. A mulher que transporta a semente geradora da vida é aqui retratada, no bom sentido, como a culpada dos vários pedaços e peças desta Peregrinação e se pode ver de forma clara em cada uma das cerca de doze peças expostas.

A arte, na forma peculiar de Gonga, é uma oportunidade de se fazer ouvir e permitir que outros sorvam das riquezas da estética. A multiplicidade de cores em cada peça sugere a diversidade e a alegria que o artista encontra ao refazer caminhos, vivências pessoais e colectivas desde o repouso de Ndembo (Soberano Dos Dembos) até Ngola Kilwange (Soberano Ngola), numa clara celebração dos hábitos e costumes do povo angolano, aliás, o grande pano de fundo de toda a sua produção. O Zoomorfismo patente ao longo da sua obra faz presente os medonhos Makixis, presos na sua memória da meninice, criaturas às quais se imputavam mortes nos caminhos de regresso às aldeias. Há em todas as pessoas, segundo Gonga, algum Makixi escondido que raramente se mostra. “Dulcíssimas Palavras”, “Milundo”, “Arremesso” (Instalação), “Transmigração ao Imemorial”, “Mayaki a Phulungu”, “Linguajares”, “Guardião”, “Reencontro”, “Metamorfoses”, “Peregrinação à Memória II”, “Peregrinação à Memória I” são as obras pelas quais Gonga fez percorrer as Memórias que apresentou nesta proposta que, pelo seu alcance, merecerá certamente estudos aturados para o bem da arte angolana.

PEREGRINAÇÃO À MEMÓRIA é um desafio que encontra nas pessoas, e em todos os momentos que fizeram a vida deste artista, uma grande tela que retorna a um percurso histórico recheado de coisas da nossa cultura e das nossas gentes, ainda embrionárias e inexploradas artes plásticas.

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