Caneta e Papel
Música

Peço perdão, kota Fado!

Peço perdão, kota Fado!
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Tal como em tempos pedi desculpas a Jeje Belo por não o ter respeitado nas noites do Clube de Jazz, quando a minha inocente meninice usava daquele som sem nexo como lullaby, e adormecia baboso no sofá, ali na avenida Brasil, hoje ante Azambujo rendo-me a vós, oh Fado.

Já vos chamei de jazz português e levei um safanão verbal do meu amigo Hipólito, verdadeiro descrente dessa festa de letras e sons filosóficos, poéticos, misteriosos que sóis. Não me arrependo dessa classificação e a renovo com um toque mais atrevido e arrojado, como corajosamente fizera na altura quando referi que “não é para todos ouvidos”. Hoje digo, que é preciso dar-vos oportunidade, como se dá aos amores proibidos e aos permitidos (os mais difíceis), e dele se colhem frutos entorpecentes, relaxantes e extasiantes.

Pode até ser viciante, o causar ânsia sincera a poesia dos trocadilhos que se entrelaçam naquelas cordas da guitarra portuguesa, tão complexa, tão completa, tão chorona, tão madura, tão... perfeita, que carregais por esses caminhos sem destino que oferecem saudade.

Peço desculpas, Fado, pelas vezes incontáveis que te usei como joco autêntico imerecido que possuis. Perdão. Nada sabia do que dizia.

Rendo-me à vossa idade e certeza que se afirma com a destreza suficiente para conquistar meninos grandes e crescidos, e meninas sérias, competentes, sonhadoras e inspiradoras como aquela de quem escrevi noutros tempos, a Moura, que com atrevida firmeza lançou-se num palco em Luanda a cantar Birin Birin no vosso tom até arrepiar-me a alma. Ou ainda referir Mariza que tem tanto de altura quanto de grandeza nesse mar luso que é todo vosso, Oh santo Fado!

Espero que na vossa grandeza, D. Fado, encontreis espaço suficiente para acolher-me perdoado, para reconhecer com respeito o todo do vosso ser que não se esgotou na criatividade e inovação, e se recusa a morrer.

E o que mais gosto de ti, é quando em pleno palco convidas-me a fazer parte de ti, onde me inspiro a desafiar-te na criação e desejar ser magestoso, tal e qual tu és, Oh...kota Fado!

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Edilson Buchartts

Cronista

Tal como em tempos pedi desculpas a Jeje Belo por não o ter respeitado nas noites do Clube de Jazz, quando a minha inocente meninice usava daquele som sem nexo como lullaby, e adormecia baboso no sofá, ali na avenida Brasil, hoje ante Azambujo rendo-me a vós, oh Fado.

Já vos chamei de jazz português e levei um safanão verbal do meu amigo Hipólito, verdadeiro descrente dessa festa de letras e sons filosóficos, poéticos, misteriosos que sóis. Não me arrependo dessa classificação e a renovo com um toque mais atrevido e arrojado, como corajosamente fizera na altura quando referi que “não é para todos ouvidos”. Hoje digo, que é preciso dar-vos oportunidade, como se dá aos amores proibidos e aos permitidos (os mais difíceis), e dele se colhem frutos entorpecentes, relaxantes e extasiantes.

Pode até ser viciante, o causar ânsia sincera a poesia dos trocadilhos que se entrelaçam naquelas cordas da guitarra portuguesa, tão complexa, tão completa, tão chorona, tão madura, tão... perfeita, que carregais por esses caminhos sem destino que oferecem saudade.

Peço desculpas, Fado, pelas vezes incontáveis que te usei como joco autêntico imerecido que possuis. Perdão. Nada sabia do que dizia.

Rendo-me à vossa idade e certeza que se afirma com a destreza suficiente para conquistar meninos grandes e crescidos, e meninas sérias, competentes, sonhadoras e inspiradoras como aquela de quem escrevi noutros tempos, a Moura, que com atrevida firmeza lançou-se num palco em Luanda a cantar Birin Birin no vosso tom até arrepiar-me a alma. Ou ainda referir Mariza que tem tanto de altura quanto de grandeza nesse mar luso que é todo vosso, Oh santo Fado!

Espero que na vossa grandeza, D. Fado, encontreis espaço suficiente para acolher-me perdoado, para reconhecer com respeito o todo do vosso ser que não se esgotou na criatividade e inovação, e se recusa a morrer.

E o que mais gosto de ti, é quando em pleno palco convidas-me a fazer parte de ti, onde me inspiro a desafiar-te na criação e desejar ser magestoso, tal e qual tu és, Oh...kota Fado!

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