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“Os angolanos não nasceram todos ricos e em prédios”, alerta activista

“Os angolanos não nasceram todos ricos e em prédios”, alerta activista
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OPaís/Malocha

A promotora do 1.º Simpósio Nacional Sobre a Mulher Zungueira, Amor de Fátima Mateus, defendeu uma maior protecção à mulher zungueira por ela fazer parte da família e da sociedade.  “Os angolanos não nasceram todos ricos e em prédios. Então, cada um de nós tem na sua família alguém ligado à venda ambulante. Nós estamos a reagir, estamos a debater, em função do agudizar do conflito e a necessidade que elas têm de se defender, porque saem à rua já sem tranquilidade”, desabafou a responsável.

A sociedade deve reagir em função do que se está a passar em termos de intolerância sobre a presença da zungueira na cidade, porque o que se nota é que possivelmente ela não pertence ao espaço urbano”, alertou
Amor de Fátima Mateus/Foto: Andrade Lino

Para Amor de Fátima Mateus, “deve-se definir entre a vendedora, aquela que há muitos anos o Estado já tentou legalizar com um cartão de ambulante e enfim, e aquela que, efectivamente, deixa a cidade no caos, onde a apresentação não é a mais correcta. Essa diferença vai fazer com que olhemos para as zungueiras dentro de uma linha de protecção que é urgente e necessária”, disse, acrescentam que elas [as zungueiras] têm direitos e deveres, mas é preciso que se debata o assunto.

“A sociedade deve reagir em função do que se está a passar em termos de intolerância sobre a presença da zungueira na cidade, porque o que se nota é que possivelmente ela não pertence ao espaço urbano”, alertou, acrescentando que o evento serviu para tecer recomendações junto dos membros do governo e da sociedade civil convidados. “100% da população serve-se da actividade das zungueiras, o que quer dizer que não podemos ignorá-las, em função das transformações sociais e económicas, e marginalizá-las”, defendeu.

Amélia da Lomba/ Foto: Andrade Lino

Já para Amélia da Lomba, participante, não haveria vendedoras ambulantes se elas não tivessem compradores. “Os compradores, nós, precisamos delas, e como elas não têm voz [...] O que acontece é que nem sempre nós temos a oportunidade ou mesmo tempo de ir às lojas e supermercados para comprar certos produtos. São elas que passam pelas nossas casas, têm uma prestação de serviço bastante efectiva, actuante e necessária. Contudo, uma das coisas que creio que se deveria pensar seriamente é que o comprador precisa do vendedor e vice-versa. Então, a partir deste ponto de vista, nós não vamos permitir que haja essa grande desumanização em que permitimos violência sobre a mulher que vende para sobreviver”, afirmou.

Amor de Fátima Mateus avançou que o segundo simpósio poderá não ser realizado pelo Observatório para os Direitos da Mulher, muito menos pelo Fórum de Apoio às Mulheres Zungueiras, porém serão elas mesmas, possivelmente a falar dos produtos, cartões e associados, dentre outros aspectos, já duma forma organizadora. “Temos essa esperança, porque a ideia é chamá-las à organização, e visto que universo de zungueiras é gigantesco, certamente o governo não vai conseguir falar com elas sem elas estarem organizadas. Para isso, dentro do Observatório temos o Clube de Mulheres de Carreira Jurídica, que vai dar esse suporte, para que daqui a alguns meses ou um ano sejam elas mesmas, já organizadas, a realizar o segundo simpósio”, acreditou.

O 1º Simpósio Nacional Sobre A Mulher Zungueira decorreu no auditório do Memorial Dr. Agostinho Neto,  no dia 25 de Maio, com a organização do Observatório para os Direitos da Mulher e o Fórum de Apoio às Mulheres Zungueiras. Com três painéis de debate, o encontro foi subordinado aos temas “A Zungueira no Contexto Social de Angola, “A Zungueira, sua Contribuição para a Economia Nacional” e “Zungueiras, Direitos e Deveres”.

"Nós não vamos permitir que haja essa grande desumanização em que permitimos violência sobre a mulher que vende para sobreviver”, afirmou Amélia da Lamba.
Dionísio Rosa (Palestrante) e Reginaldo Silva (Moderador)

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A promotora do 1.º Simpósio Nacional Sobre a Mulher Zungueira, Amor de Fátima Mateus, defendeu uma maior protecção à mulher zungueira por ela fazer parte da família e da sociedade.  “Os angolanos não nasceram todos ricos e em prédios. Então, cada um de nós tem na sua família alguém ligado à venda ambulante. Nós estamos a reagir, estamos a debater, em função do agudizar do conflito e a necessidade que elas têm de se defender, porque saem à rua já sem tranquilidade”, desabafou a responsável.

A sociedade deve reagir em função do que se está a passar em termos de intolerância sobre a presença da zungueira na cidade, porque o que se nota é que possivelmente ela não pertence ao espaço urbano”, alertou
Amor de Fátima Mateus/Foto: Andrade Lino

Para Amor de Fátima Mateus, “deve-se definir entre a vendedora, aquela que há muitos anos o Estado já tentou legalizar com um cartão de ambulante e enfim, e aquela que, efectivamente, deixa a cidade no caos, onde a apresentação não é a mais correcta. Essa diferença vai fazer com que olhemos para as zungueiras dentro de uma linha de protecção que é urgente e necessária”, disse, acrescentam que elas [as zungueiras] têm direitos e deveres, mas é preciso que se debata o assunto.

“A sociedade deve reagir em função do que se está a passar em termos de intolerância sobre a presença da zungueira na cidade, porque o que se nota é que possivelmente ela não pertence ao espaço urbano”, alertou, acrescentando que o evento serviu para tecer recomendações junto dos membros do governo e da sociedade civil convidados. “100% da população serve-se da actividade das zungueiras, o que quer dizer que não podemos ignorá-las, em função das transformações sociais e económicas, e marginalizá-las”, defendeu.

Amélia da Lomba/ Foto: Andrade Lino

Já para Amélia da Lomba, participante, não haveria vendedoras ambulantes se elas não tivessem compradores. “Os compradores, nós, precisamos delas, e como elas não têm voz [...] O que acontece é que nem sempre nós temos a oportunidade ou mesmo tempo de ir às lojas e supermercados para comprar certos produtos. São elas que passam pelas nossas casas, têm uma prestação de serviço bastante efectiva, actuante e necessária. Contudo, uma das coisas que creio que se deveria pensar seriamente é que o comprador precisa do vendedor e vice-versa. Então, a partir deste ponto de vista, nós não vamos permitir que haja essa grande desumanização em que permitimos violência sobre a mulher que vende para sobreviver”, afirmou.

Amor de Fátima Mateus avançou que o segundo simpósio poderá não ser realizado pelo Observatório para os Direitos da Mulher, muito menos pelo Fórum de Apoio às Mulheres Zungueiras, porém serão elas mesmas, possivelmente a falar dos produtos, cartões e associados, dentre outros aspectos, já duma forma organizadora. “Temos essa esperança, porque a ideia é chamá-las à organização, e visto que universo de zungueiras é gigantesco, certamente o governo não vai conseguir falar com elas sem elas estarem organizadas. Para isso, dentro do Observatório temos o Clube de Mulheres de Carreira Jurídica, que vai dar esse suporte, para que daqui a alguns meses ou um ano sejam elas mesmas, já organizadas, a realizar o segundo simpósio”, acreditou.

O 1º Simpósio Nacional Sobre A Mulher Zungueira decorreu no auditório do Memorial Dr. Agostinho Neto,  no dia 25 de Maio, com a organização do Observatório para os Direitos da Mulher e o Fórum de Apoio às Mulheres Zungueiras. Com três painéis de debate, o encontro foi subordinado aos temas “A Zungueira no Contexto Social de Angola, “A Zungueira, sua Contribuição para a Economia Nacional” e “Zungueiras, Direitos e Deveres”.

"Nós não vamos permitir que haja essa grande desumanização em que permitimos violência sobre a mulher que vende para sobreviver”, afirmou Amélia da Lamba.
Dionísio Rosa (Palestrante) e Reginaldo Silva (Moderador)

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