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“O Governo tem que criar políticas que valorizem os percursores da nossa música”, defende Zé Manico

“O Governo tem que criar políticas que valorizem os percursores da nossa música”, defende Zé Manico
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Andrade Lino

O vocalista do conjunto musical Os Kiezos, Zé Manico, afirmou em Luanda que o Governo tem que criar políticas que valorizem os percursores da nossa música e não só, “porque os jovens de hoje serão os mais velhos de amanhã, por isso é preciso que se criem políticas para que amanhã não vivam na mendicidade”.

Falando por ocasião do Festival das Bandas, de que o grupo participou, nesse último sábado, no espaço Prova d´Arte, Miramar, o cantor referiu que, no seu caso em particular, “Os Kiezos estão a caminhar lentamente”, com as suas dificuldades, sendo um grupo que nunca parou, desde a sua criação em 1965, comparadamente a outros colectivos, apesar de uma crise entre os anos 80 e 90.

Isso, continuou, além do facto de que se mantiveram firmes, “é consequência das políticas que o próprio país cria em relação à música e aos músicos, sem querer culpar ninguém”, tendo lamentado o facto de muitos percursores da música angolana estarem esquecidos e/ou viverem na mendicidade.

Segundo o artista, provavelmente da 4ª geração desse conjunto emblemático, a cultura angolana tem evoluído bastante em vários aspectos. “Temos aí jovens que já deram garra, a cultura angolana tem estado bem, está no bom caminho. E segundo a minha estrada e minha avaliação, a cultura está boa. Merecia ou precisa mais, mas está boa”, reforçou.

Questionado sobre se tem havido preocupação por parte de jovens em aprender com os mais velhos, a fonte, em entrevista ao ONgoma News, declarou serem raros os casos. “Aparecem uns jovens que querem aprender, prova disso é o jovem que temos aqui como viola baixo, é um jovem de cerca de 22 anos, está ai a dar carga connosco. Há interesse de alguns em querer manter a nossa linha musical, não tantos, mas há, vão aparecendo”, garantindo que os kotas, por sua vez, vão ensinando aquilo que podem.

Sobre Os Kiezos terem sido convidados para actuar na primeira edição do evento, que busca garantir visibilidade às bandas e conjuntos musicais que têm desempenhado um papel crucial como suporte instrumental em espetáculos ao longo das últimas décadas, Zé Manico disse que o sentimento é de espírito nacionalista. “Fomos buscar um repertório que achamos que ia satisfazer o espírito dos nossos admiradores”, contou, porém desabafando que esperava mais do público, “mas se calhar foram as circunstâncias”.

Na sua opinião, é uma iniciativa muito boa, na medida do possível, pois, além de ajudar a preservar a nossa música, ajuda na interacção com os músicos. “É um festival de bandas e conjuntos. Aqui estamos unidos e trocando ideias, vamos conhecendo uns e reencontrando outros, então é um espírito positivo, avalio isso como uma iniciativa que une a classe artística, principalmente a musical.

Numa mensagem final, o entrevistado aconselhou a nova geração a respeitar os mais velhos, e fazê-lo desde cedo, “como africanos que somos”.

“Devem respeitar as suas obras, para interpretar uma obra devem solicitar o autor e aqueles que querem ingressar na música, não se esqueçam de estudar música, vão para as escolas, estudem mesmo música em todos os aspectos”, exortou.

*Com Veloso de Almeida

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O vocalista do conjunto musical Os Kiezos, Zé Manico, afirmou em Luanda que o Governo tem que criar políticas que valorizem os percursores da nossa música e não só, “porque os jovens de hoje serão os mais velhos de amanhã, por isso é preciso que se criem políticas para que amanhã não vivam na mendicidade”.

Falando por ocasião do Festival das Bandas, de que o grupo participou, nesse último sábado, no espaço Prova d´Arte, Miramar, o cantor referiu que, no seu caso em particular, “Os Kiezos estão a caminhar lentamente”, com as suas dificuldades, sendo um grupo que nunca parou, desde a sua criação em 1965, comparadamente a outros colectivos, apesar de uma crise entre os anos 80 e 90.

Isso, continuou, além do facto de que se mantiveram firmes, “é consequência das políticas que o próprio país cria em relação à música e aos músicos, sem querer culpar ninguém”, tendo lamentado o facto de muitos percursores da música angolana estarem esquecidos e/ou viverem na mendicidade.

Segundo o artista, provavelmente da 4ª geração desse conjunto emblemático, a cultura angolana tem evoluído bastante em vários aspectos. “Temos aí jovens que já deram garra, a cultura angolana tem estado bem, está no bom caminho. E segundo a minha estrada e minha avaliação, a cultura está boa. Merecia ou precisa mais, mas está boa”, reforçou.

Questionado sobre se tem havido preocupação por parte de jovens em aprender com os mais velhos, a fonte, em entrevista ao ONgoma News, declarou serem raros os casos. “Aparecem uns jovens que querem aprender, prova disso é o jovem que temos aqui como viola baixo, é um jovem de cerca de 22 anos, está ai a dar carga connosco. Há interesse de alguns em querer manter a nossa linha musical, não tantos, mas há, vão aparecendo”, garantindo que os kotas, por sua vez, vão ensinando aquilo que podem.

Sobre Os Kiezos terem sido convidados para actuar na primeira edição do evento, que busca garantir visibilidade às bandas e conjuntos musicais que têm desempenhado um papel crucial como suporte instrumental em espetáculos ao longo das últimas décadas, Zé Manico disse que o sentimento é de espírito nacionalista. “Fomos buscar um repertório que achamos que ia satisfazer o espírito dos nossos admiradores”, contou, porém desabafando que esperava mais do público, “mas se calhar foram as circunstâncias”.

Na sua opinião, é uma iniciativa muito boa, na medida do possível, pois, além de ajudar a preservar a nossa música, ajuda na interacção com os músicos. “É um festival de bandas e conjuntos. Aqui estamos unidos e trocando ideias, vamos conhecendo uns e reencontrando outros, então é um espírito positivo, avalio isso como uma iniciativa que une a classe artística, principalmente a musical.

Numa mensagem final, o entrevistado aconselhou a nova geração a respeitar os mais velhos, e fazê-lo desde cedo, “como africanos que somos”.

“Devem respeitar as suas obras, para interpretar uma obra devem solicitar o autor e aqueles que querem ingressar na música, não se esqueçam de estudar música, vão para as escolas, estudem mesmo música em todos os aspectos”, exortou.

*Com Veloso de Almeida

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