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Escritor Ondjaki defende maior dedicação dos Ministérios na questão do acesso aos livros

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Andrade Lino

Com a actual revolução da informática, e olhando para como uma grande parte da população angolana é jovem e essa se expressa maioritariamente por meios electrónicos, o escritor angolano Ondjaki considerou que, a nível oficial, do ponto de vista dos Ministérios da Educação e da Cultura, tem que haver muita atenção, nesta senda da procura de identidade.

Essas entidades têm que ter a preocupação de auscultar e entender quais são os principais meios de recepção dessa comunidade mais jovem e de interacção com eles, sublinhou.

“Não é tudo tecnológico, porque não há dinheiro para todo mundo ter tanta tecnologia. Não que as pessoas não gostassem ou não conhecessem tecnologia. Gostam e conhecem, mas nem toda gente tem acesso a ela”, precisou o também poeta, por ocasião do evento Puxa-Palavra, com o escritor Pepetela, subordinado ao tema “A arte como arma de identidade cultural”, no âmbito do projecto Kaluandando.com, promovido pelo Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), na semana passada.

Há ainda quem busca felizmente o livro físico, ressalvou, tendo continuado que não é que os jovens não gostem de ler, mas também não se pode dizer que o problema está nos preços dos livros.

“Os livros são caros, sim, mas tudo em Angola é caro. Os CDs também são caros, mas compra-se mais CDs do que livros. As bebidas são caras, mas compra-se mais bebida do que livros. Portanto, a questão não é simples. Não é só o preço, nem só o acesso, temos que estudar uma combinação de factores”, referiu Ondjaki.

Os impostos do papel, da importação dos livros, para o autor, não são uma brincadeira. “Eu, pessoalmente, não ganho dinheiro, mais nem menos, se a ministra decidir baixar os impostos. Agora, toda a população de Angola ganha mais conhecimento se o papel e a importação dos livros, pelo menos os de conteúdos nacionais, forem menos taxados”, explicou.

“O preço do livro resolve tudo? Não. Mas acredito que uma pessoa, se estiver em dúvida e vir um livro hoje a 3000 kz, mas amanhã vir a 500 kz, claro que vai optar pelo menor preço”, exemplificou, afirmando que o Estado tem que subsidiar.

“Como em qualquer parte do mundo, por exemplo, a questão da poesia e do teatro: Qual é a editora que quer fazer livros de poesia ou de teatro? Nenhuma. Querer, no sentido de que seja o seu maior sonho. O Estado tem que ajudar, porque não podemos deixar de produzir poesia e teatro, pois são coisas que fazem parte da humanidade”, defendeu.

Contudo, relevou, há coisas que não dependem do Estado, como falar com os filhos, os professores falarem com os alunos, e criarem-se espaços de debate.

“E nota-se, cá, em Angola, felizmente, um público jovem curioso, o que em muitos lugares já não existe, então temos que aproveitar”, concluiu.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

Com a actual revolução da informática, e olhando para como uma grande parte da população angolana é jovem e essa se expressa maioritariamente por meios electrónicos, o escritor angolano Ondjaki considerou que, a nível oficial, do ponto de vista dos Ministérios da Educação e da Cultura, tem que haver muita atenção, nesta senda da procura de identidade.

Essas entidades têm que ter a preocupação de auscultar e entender quais são os principais meios de recepção dessa comunidade mais jovem e de interacção com eles, sublinhou.

“Não é tudo tecnológico, porque não há dinheiro para todo mundo ter tanta tecnologia. Não que as pessoas não gostassem ou não conhecessem tecnologia. Gostam e conhecem, mas nem toda gente tem acesso a ela”, precisou o também poeta, por ocasião do evento Puxa-Palavra, com o escritor Pepetela, subordinado ao tema “A arte como arma de identidade cultural”, no âmbito do projecto Kaluandando.com, promovido pelo Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), na semana passada.

Há ainda quem busca felizmente o livro físico, ressalvou, tendo continuado que não é que os jovens não gostem de ler, mas também não se pode dizer que o problema está nos preços dos livros.

“Os livros são caros, sim, mas tudo em Angola é caro. Os CDs também são caros, mas compra-se mais CDs do que livros. As bebidas são caras, mas compra-se mais bebida do que livros. Portanto, a questão não é simples. Não é só o preço, nem só o acesso, temos que estudar uma combinação de factores”, referiu Ondjaki.

Os impostos do papel, da importação dos livros, para o autor, não são uma brincadeira. “Eu, pessoalmente, não ganho dinheiro, mais nem menos, se a ministra decidir baixar os impostos. Agora, toda a população de Angola ganha mais conhecimento se o papel e a importação dos livros, pelo menos os de conteúdos nacionais, forem menos taxados”, explicou.

“O preço do livro resolve tudo? Não. Mas acredito que uma pessoa, se estiver em dúvida e vir um livro hoje a 3000 kz, mas amanhã vir a 500 kz, claro que vai optar pelo menor preço”, exemplificou, afirmando que o Estado tem que subsidiar.

“Como em qualquer parte do mundo, por exemplo, a questão da poesia e do teatro: Qual é a editora que quer fazer livros de poesia ou de teatro? Nenhuma. Querer, no sentido de que seja o seu maior sonho. O Estado tem que ajudar, porque não podemos deixar de produzir poesia e teatro, pois são coisas que fazem parte da humanidade”, defendeu.

Contudo, relevou, há coisas que não dependem do Estado, como falar com os filhos, os professores falarem com os alunos, e criarem-se espaços de debate.

“E nota-se, cá, em Angola, felizmente, um público jovem curioso, o que em muitos lugares já não existe, então temos que aproveitar”, concluiu.

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