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Emília Comena defende que “a arte não é preconceituosa, ela engloba todo mundo”

Emília Comena defende que “a arte não é preconceituosa, ela engloba todo mundo”
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Andrade Lino

A poetisa angolana Emília Comena defende que a arte não é descriminativa ou preconceituosa e que “as mulheres vieram de certa forma mudar o modo como são enxergadas, como se olha para o gênero feminino ao fazer arte”.

A também declamadora reagia a como olha para o papel da mulher na arte e no circuito de spoken word em particular, quando acrescentou que a arte não olha para uma mulher e pergunta “o quê que estás a fazer aqui, qual é o teu lugar aqui?”, porém acolhe, “e  este preconceito, esta descriminação, está meramente no coração e no olho humano”.

Segundo a entrevistada, que falou ao nosso portal por ocasião da mais recente Noite de Peosia, promovida pela Fundação Arte e Cultura no final do mês passado, onde se apresentou, no universo da poesia, por exemplo, existem milhares de mulheres que querem levar uma mensagem, querem impactar, querem ser ouvidas, mas observa que a poesia é em si uma arte desafiadora, sendo um dos desafios, neste momento, a questão de as actividades serem padronizadas quanto ao horário, que é específico, porque “normalmente só acontecem às noites”.

“Como mulher e filha eu tenho dificuldades em levar a minha arte para outros lugares e o artista vive disso, tem que tirar a sua arte para levar a outras pessoas. Até agora só não consigo ter um número de apresentações que para mim seria o ideal, justamente, por causa desse padrão que existe de horário quanto às actividades de poesia”, lamentou.

A fonte acredita haver então uma história, uma vida, uma mensagem que precisa ser levada e isso contribui para o crescimento da literatura, da poesia, da arte em geral, porque, “afinal de contas, o que seria da arte se não existissem pessoas que levassem a arte para outros lugares?”, questionou, advertindo que só mulheres compreendem mulheres, só mulheres podem falar da vivência de mulheres, então há essa necessidade de mulheres levarem a sua arte para outras pessoas, para serem compreendidas.

Num dos seus poemas, revelou, a jovem artista fala justamente sobre isso, sobre a percepção que se tem dessa questão do gênero e a incersão da mulher na sociedade: “Mulheres são mulheres, mulher é arte, e palavras nunca são só palavras”. “As palavras têm esse poder de mudar vidas, a forma como se olha para várias questões, milhares de questões, dentro da arte há espaço para todos e a poesia não é a excepção”, explicou, tendo continuado que a questão da conquista de espaços não tem a ver com o género, mas trata-se primeiro de trabalho e esforço, “e só dessa forma se conquista aquele lugar que a pessoa pensa ser seu, porque quando se fala sobre essa questão do gênero, esse já é um rótulo que nós colocamos, que existem cargos onde só os homens estão maioritariamente”.

“Infelizmente, tem de haver essa luta para se conquistar um lugar que nós acreditamos ser o nosso, onde devemos estar, porque se não houvesse mulheres que foram à luta para que conquistássemos um lugar onde sentimos que é aí onde deveríamos estar, isso não aconteceria. Se nós deixássemos que o mundo em si, de um dia para o outro, invertesse os seus valores, mudasse a sua forma de pensar, eu acho que isso não aconteceria tão cedo, então é necessário que nós mulheres tenhamos de ir atrás, tenhamos às vezes de provar que nós somos capazes de estar num lugar onde nos sintamos bem”, acirrou Emília Comena.

A convidada à Noite de Peosia reforçou ainda que o mundo em si não é um facilitador. “Nós viemos de uma ditadura. Infelizmente, as mulheres têm de lutar para conquistar cargos que são maioritariamente ocupados por homens, essa é a realidade. O lugar, se é nosso ou não, vai depender do que a mulher quer para a sua vida, vai depender do que ela sonhou para ela. Se uma mulher sente que o lugar dela é na Engenharia, ninguém pode dizer que o lugar dela é na cozinha, isso ainda sobre o que ela pensa ou almeja para a própria vida”, acrescentou.

Poetisa, estudante de Cardiopneumologia, amante de música e literatura, a artista de voz apresenta-se aonde for convidada, partilhou. Estreou-se no Slam Tundavala 2022, participou do Slam Tundavala 2023, Kassemba Slam e Slam dos Deuses, onde conquistou o segundo lugar, para ela uma experiência bonita, “maravilhosa”, e que serviu de redescoberta.

Disse adiante, ao Ongoma News, que, na sua ópitca, a poesia impulsiona-a a melhorar todos os dias, fruto das exigências que ela (a poesia) em si acarreta. “Houve um amadurecimento na minha forma de escrita, porque eu tenho que mudar ao ritmo que a poesia me exige e eu olho isso como um desafio. É como se a poesia dissesse ao meu ouvido “tens que melhorar, tu ainda não estás bem, esse não é o teu máximo, tu consegues mais”, e eu assim consigo ir além. Muitas das vezes, aquilo que acho que é o meu limite, a poesia me diz que não é, que eu posso mais, quanto à minha forma de escrita, quanto às minhas performances, forma criativa, voz, enfim, é tudo uma mistura de exigências”, expressou.

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Rodeth Dos Anjos

Repórter

Licenciada em Ciências da Comunicação, Rodeth é mestre de cerimónias e fazedora de música ao vivo, tendo já trabalhado como educadora infantil e, entre outras valências profissionais, desenvolvido habilidades na área de reportagem.

A poetisa angolana Emília Comena defende que a arte não é descriminativa ou preconceituosa e que “as mulheres vieram de certa forma mudar o modo como são enxergadas, como se olha para o gênero feminino ao fazer arte”.

A também declamadora reagia a como olha para o papel da mulher na arte e no circuito de spoken word em particular, quando acrescentou que a arte não olha para uma mulher e pergunta “o quê que estás a fazer aqui, qual é o teu lugar aqui?”, porém acolhe, “e  este preconceito, esta descriminação, está meramente no coração e no olho humano”.

Segundo a entrevistada, que falou ao nosso portal por ocasião da mais recente Noite de Peosia, promovida pela Fundação Arte e Cultura no final do mês passado, onde se apresentou, no universo da poesia, por exemplo, existem milhares de mulheres que querem levar uma mensagem, querem impactar, querem ser ouvidas, mas observa que a poesia é em si uma arte desafiadora, sendo um dos desafios, neste momento, a questão de as actividades serem padronizadas quanto ao horário, que é específico, porque “normalmente só acontecem às noites”.

“Como mulher e filha eu tenho dificuldades em levar a minha arte para outros lugares e o artista vive disso, tem que tirar a sua arte para levar a outras pessoas. Até agora só não consigo ter um número de apresentações que para mim seria o ideal, justamente, por causa desse padrão que existe de horário quanto às actividades de poesia”, lamentou.

A fonte acredita haver então uma história, uma vida, uma mensagem que precisa ser levada e isso contribui para o crescimento da literatura, da poesia, da arte em geral, porque, “afinal de contas, o que seria da arte se não existissem pessoas que levassem a arte para outros lugares?”, questionou, advertindo que só mulheres compreendem mulheres, só mulheres podem falar da vivência de mulheres, então há essa necessidade de mulheres levarem a sua arte para outras pessoas, para serem compreendidas.

Num dos seus poemas, revelou, a jovem artista fala justamente sobre isso, sobre a percepção que se tem dessa questão do gênero e a incersão da mulher na sociedade: “Mulheres são mulheres, mulher é arte, e palavras nunca são só palavras”. “As palavras têm esse poder de mudar vidas, a forma como se olha para várias questões, milhares de questões, dentro da arte há espaço para todos e a poesia não é a excepção”, explicou, tendo continuado que a questão da conquista de espaços não tem a ver com o género, mas trata-se primeiro de trabalho e esforço, “e só dessa forma se conquista aquele lugar que a pessoa pensa ser seu, porque quando se fala sobre essa questão do gênero, esse já é um rótulo que nós colocamos, que existem cargos onde só os homens estão maioritariamente”.

“Infelizmente, tem de haver essa luta para se conquistar um lugar que nós acreditamos ser o nosso, onde devemos estar, porque se não houvesse mulheres que foram à luta para que conquistássemos um lugar onde sentimos que é aí onde deveríamos estar, isso não aconteceria. Se nós deixássemos que o mundo em si, de um dia para o outro, invertesse os seus valores, mudasse a sua forma de pensar, eu acho que isso não aconteceria tão cedo, então é necessário que nós mulheres tenhamos de ir atrás, tenhamos às vezes de provar que nós somos capazes de estar num lugar onde nos sintamos bem”, acirrou Emília Comena.

A convidada à Noite de Peosia reforçou ainda que o mundo em si não é um facilitador. “Nós viemos de uma ditadura. Infelizmente, as mulheres têm de lutar para conquistar cargos que são maioritariamente ocupados por homens, essa é a realidade. O lugar, se é nosso ou não, vai depender do que a mulher quer para a sua vida, vai depender do que ela sonhou para ela. Se uma mulher sente que o lugar dela é na Engenharia, ninguém pode dizer que o lugar dela é na cozinha, isso ainda sobre o que ela pensa ou almeja para a própria vida”, acrescentou.

Poetisa, estudante de Cardiopneumologia, amante de música e literatura, a artista de voz apresenta-se aonde for convidada, partilhou. Estreou-se no Slam Tundavala 2022, participou do Slam Tundavala 2023, Kassemba Slam e Slam dos Deuses, onde conquistou o segundo lugar, para ela uma experiência bonita, “maravilhosa”, e que serviu de redescoberta.

Disse adiante, ao Ongoma News, que, na sua ópitca, a poesia impulsiona-a a melhorar todos os dias, fruto das exigências que ela (a poesia) em si acarreta. “Houve um amadurecimento na minha forma de escrita, porque eu tenho que mudar ao ritmo que a poesia me exige e eu olho isso como um desafio. É como se a poesia dissesse ao meu ouvido “tens que melhorar, tu ainda não estás bem, esse não é o teu máximo, tu consegues mais”, e eu assim consigo ir além. Muitas das vezes, aquilo que acho que é o meu limite, a poesia me diz que não é, que eu posso mais, quanto à minha forma de escrita, quanto às minhas performances, forma criativa, voz, enfim, é tudo uma mistura de exigências”, expressou.

Rodeth Dos Anjos

Repórter

Licenciada em Ciências da Comunicação, Rodeth é mestre de cerimónias e fazedora de música ao vivo, tendo já trabalhado como educadora infantil e, entre outras valências profissionais, desenvolvido habilidades na área de reportagem.

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