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Eliana dos Santos: “Temos que olhar para as pessoas e trabalhar com o coração”

Eliana dos Santos: “Temos que olhar para as pessoas e trabalhar com o coração”
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Andrade Lino

A gestora angolana Eliana dos Santos afirmou em Luanda que “temos que nos ligar ao nosso operacional, é importante, mas também temos que olhar para as pessoas e trabalhar com o coração”, defendendo que este deve ser colocado, quando necessário, no lugar da máquina.

Falando por ocasião da 4ª edição do Move Angola – Conferência Internacional de Liderança, decorrida em Outubro passado, no Centro de Conferências de Belas, a oradora, convidada em representação da Unitel, da qual é membro do Conselho de Administração, disse que é um desafio muito grande para a liderança, hoje, conciliar o modelo operacional para os desafios, “porque neste momento há diversos factores”.

“Nós, como líderes, e principalmente nós os financeiros, somos muito pressionados a apresentar resultados para as empresas, para os trabalhadores, para os accionistas, mas no fim do dia nós nunca podemos nos esquecer de que este é o desafio mais importante, que nós estamos a liderar as pessoas”, exortou.

Inicialmente, contou Eliana, sempre pensou que enquanto financeira teria de deixar o seu coração em casa e operacionalmente fazer aquilo que tem que ser feito, o que se chama gestão. Antes, como líder, partilhou ainda, era um bocado mais fria e um bocado mais desatenta, mas hoje procura ser diferente, e porque teve a oportunidade de trabalhar com grandes líderes, que lhe ensinaram a olhar nos olhos das pessoas todos os dias, e se disciplina a fazer esse exercício, para ver o que se passa.

“Um tempo atrás, com esse exercício, eu tive uma colega que veio ter comigo e estava com os olhos todos vermelhos, e quando perguntei o que se passava, disse que não era nada e que acordou assim. Eu disse-lhe para ir ao médico e ver o que se passa. Ela estava a iniciar um derrame com tensão ocular alta e foi muito bom ter ido logo ao médico e ter repouso. Mas este exercício só é possível quando nós não estamos tão focados no trabalho e conseguimos tirar um bocadinho do nosso tempo para olharmos para aquelas pessoas que trabalham connosco, que produzem e que fazem a diferença, o que nem sempre é fácil porque o tempo é muito curto”, observou.

Para a oradora, que possui também experiência de 9 anos na área de auditoria, é importante também nós termos uma cultura organizacional que valorize tanta eficiência quanto a empatia. “É difícil porque nós somos bastante cobrados, mas não podemos deixar o lado humano e os líderes têm que ser íntegros para servirem de exemplo e têm de ser emocionalmente inteligentes. Mas isso também é difícil porque antes de sermos líderes temos os nossos problemas intrínsecos, e depois, quando chegamos ao local de trabalho, nós não podemos nos esquecer de que também somos inspiradores, pois há pessoas que acompanham a nossa carreira, acompanham o nosso percurso e que nós servimos de inspiração elas”, argumentou a gestora, para quem, o líder, mais do que todos, tem que ter uma postura ética, “tem que ter uma postura de integridade e tem de ter uma postura que de facto transmita confiança às pessoas de que este é o melhor caminho”.

No seu entender, liderar equipas diversas é o maior desafio de um líder. E sobre isso, também tive a sorte de trabalhar com grandes líderes, e o conceito-chave que aprendeu é saber ouvir, acentuou.

“Muitas vezes, enquanto líderes, as pessoas às vezes só precisam que nós estejamos ali para ouvi-los. Tenho uma colaboradora que é uma pessoa muito talentosa, porém, do ponto de vista psicológico, acaba por ter alguns temas por resolver e há tempos veio falar comigo sobre uma série de problemas que tinha e eu só estive a ouvi-la. E como os problemas eram tão complexos, eu nem sequer consegui dar soluções efectivas, fui fazendo uma ou outra pergunta e passando mais ou menos umas semanas voltei a perguntar como é que está aquele tema, se conseguiu resolver. E ela disse que sim, conseguiu resolver, agradeceu pela ajuda, mas eu perguntei que ajuda. Confesso que não ajudei e não tinha as respostas que ela precisava, mas só o facto de lhe ouvir e questionar, esta pessoa começou a ter uma performance muito superior ao nível da empresa. Portanto, esta questão de trabalhar com pessoas com perspectivas diferentes, o saber ouvir é importante, a liderança com transparência é importante, nós sabermos e também informarmos hoje os nossos liderados sobre que impacta a tomada da nossa decisão”, precisou a fonte.

Por um lado, entende a profissional, “nós queremos as nossas tecnologias porque queremos ser mais eficientes, queremos ter modelos operacionais que possam utilizar a inteligência artificial e queremos de facto progredir e acompanhar a produção”. Mas, por outro, referiu Eliana dos Santos, também a evolução pode gerar medos em alguns colaboradores, como o de serem substituídos, de ser retirado o modelo em que trabalha e questionam-se se vão conseguir acompanhar as novas tecnologias.

“Então, nós, de facto, temos que tranquilizar os trabalhadores mais velhos da organização e integrar os da nova tecnologia e também passar a informação de que a sua função vai ser reestruturada. Agora, o seu papel, ao invés de ser de execução, vai ser um papel de controlo, de criação, explicar para as pessoas que os computadores jamais conseguem substituir uma máquina, exactamente porque nós temos sentimentos”, defendeu.

*Com Rodeth Dos Anjos

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A gestora angolana Eliana dos Santos afirmou em Luanda que “temos que nos ligar ao nosso operacional, é importante, mas também temos que olhar para as pessoas e trabalhar com o coração”, defendendo que este deve ser colocado, quando necessário, no lugar da máquina.

Falando por ocasião da 4ª edição do Move Angola – Conferência Internacional de Liderança, decorrida em Outubro passado, no Centro de Conferências de Belas, a oradora, convidada em representação da Unitel, da qual é membro do Conselho de Administração, disse que é um desafio muito grande para a liderança, hoje, conciliar o modelo operacional para os desafios, “porque neste momento há diversos factores”.

“Nós, como líderes, e principalmente nós os financeiros, somos muito pressionados a apresentar resultados para as empresas, para os trabalhadores, para os accionistas, mas no fim do dia nós nunca podemos nos esquecer de que este é o desafio mais importante, que nós estamos a liderar as pessoas”, exortou.

Inicialmente, contou Eliana, sempre pensou que enquanto financeira teria de deixar o seu coração em casa e operacionalmente fazer aquilo que tem que ser feito, o que se chama gestão. Antes, como líder, partilhou ainda, era um bocado mais fria e um bocado mais desatenta, mas hoje procura ser diferente, e porque teve a oportunidade de trabalhar com grandes líderes, que lhe ensinaram a olhar nos olhos das pessoas todos os dias, e se disciplina a fazer esse exercício, para ver o que se passa.

“Um tempo atrás, com esse exercício, eu tive uma colega que veio ter comigo e estava com os olhos todos vermelhos, e quando perguntei o que se passava, disse que não era nada e que acordou assim. Eu disse-lhe para ir ao médico e ver o que se passa. Ela estava a iniciar um derrame com tensão ocular alta e foi muito bom ter ido logo ao médico e ter repouso. Mas este exercício só é possível quando nós não estamos tão focados no trabalho e conseguimos tirar um bocadinho do nosso tempo para olharmos para aquelas pessoas que trabalham connosco, que produzem e que fazem a diferença, o que nem sempre é fácil porque o tempo é muito curto”, observou.

Para a oradora, que possui também experiência de 9 anos na área de auditoria, é importante também nós termos uma cultura organizacional que valorize tanta eficiência quanto a empatia. “É difícil porque nós somos bastante cobrados, mas não podemos deixar o lado humano e os líderes têm que ser íntegros para servirem de exemplo e têm de ser emocionalmente inteligentes. Mas isso também é difícil porque antes de sermos líderes temos os nossos problemas intrínsecos, e depois, quando chegamos ao local de trabalho, nós não podemos nos esquecer de que também somos inspiradores, pois há pessoas que acompanham a nossa carreira, acompanham o nosso percurso e que nós servimos de inspiração elas”, argumentou a gestora, para quem, o líder, mais do que todos, tem que ter uma postura ética, “tem que ter uma postura de integridade e tem de ter uma postura que de facto transmita confiança às pessoas de que este é o melhor caminho”.

No seu entender, liderar equipas diversas é o maior desafio de um líder. E sobre isso, também tive a sorte de trabalhar com grandes líderes, e o conceito-chave que aprendeu é saber ouvir, acentuou.

“Muitas vezes, enquanto líderes, as pessoas às vezes só precisam que nós estejamos ali para ouvi-los. Tenho uma colaboradora que é uma pessoa muito talentosa, porém, do ponto de vista psicológico, acaba por ter alguns temas por resolver e há tempos veio falar comigo sobre uma série de problemas que tinha e eu só estive a ouvi-la. E como os problemas eram tão complexos, eu nem sequer consegui dar soluções efectivas, fui fazendo uma ou outra pergunta e passando mais ou menos umas semanas voltei a perguntar como é que está aquele tema, se conseguiu resolver. E ela disse que sim, conseguiu resolver, agradeceu pela ajuda, mas eu perguntei que ajuda. Confesso que não ajudei e não tinha as respostas que ela precisava, mas só o facto de lhe ouvir e questionar, esta pessoa começou a ter uma performance muito superior ao nível da empresa. Portanto, esta questão de trabalhar com pessoas com perspectivas diferentes, o saber ouvir é importante, a liderança com transparência é importante, nós sabermos e também informarmos hoje os nossos liderados sobre que impacta a tomada da nossa decisão”, precisou a fonte.

Por um lado, entende a profissional, “nós queremos as nossas tecnologias porque queremos ser mais eficientes, queremos ter modelos operacionais que possam utilizar a inteligência artificial e queremos de facto progredir e acompanhar a produção”. Mas, por outro, referiu Eliana dos Santos, também a evolução pode gerar medos em alguns colaboradores, como o de serem substituídos, de ser retirado o modelo em que trabalha e questionam-se se vão conseguir acompanhar as novas tecnologias.

“Então, nós, de facto, temos que tranquilizar os trabalhadores mais velhos da organização e integrar os da nova tecnologia e também passar a informação de que a sua função vai ser reestruturada. Agora, o seu papel, ao invés de ser de execução, vai ser um papel de controlo, de criação, explicar para as pessoas que os computadores jamais conseguem substituir uma máquina, exactamente porque nós temos sentimentos”, defendeu.

*Com Rodeth Dos Anjos

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