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Opinião

É hora de 'se tocar'!

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Depois de Gustavo Costa, pelo Expresso, e de Rafael Marques (Maka Angola), a quem Isabel dos Santos (IS) acusou de a perseguirem, chegando mesmo a 'pintar' o primeiro de "jornalista corrupto", Victor Silva (Jornal de Angola), de fazer um "jornalismo parcial", e de Ismael Mateus (debate na TPA), de incentivar uma "Primavera Árabe" em Angola, por defender a saída do seu pai, José Eduardo dos Santos, da liderança do partido no poder, MPLA, onde se mantém há 38 anos, IS vira-se agora contra Carlos Rosado de Carvalho, tratando-o por "mentiroso". A acusação contra CRC foi feita na sequência da publicação de uma matéria, no Expansão, jornal de que é director, sobre um subsídio operacional de mais de 18 milhões de dólares à Niara Holdings, de IS, citando como fonte a Conta Geral do Estado 2015, publicada em Fevereiro último.

O jornal garante ter a confirmação do Ministério das Finanças, que entretanto não esclareceu por que razão uma participação accionista de uma empresa pública (ENDE) numa empresa privada (EFACEC) é contabilizada como subsídio operacional. Contas feitas, e se a tendência de IS for a de 'ataque' aos jornalistas que publicam matérias que mexem com os seus interesses, a mulher mais rica de Angola pode estar a meter-se num "beco sem saída". É que não se conhece ninguém que tenha vencido guerra contra a imprensa. Há quem vença algumas batalhas, como foi o caso de JES - quando, pelo menos de 2010 ao terceiro trimestre de 2017, conseguiu 'calar alguns dos órgãos mais actuantes', a começar pelos públicos, através de uma estratégia muito bem montada. Só que de algumas batalhas não se passa, por mais duradouras que sejam - é impossível sair-se vencedor da guerra contra a imprensa - se não é a local que te desgasta, é a internacional. Prova disso são os próprios órgãos públicos que mais estão a 'destapar as carecas' da sua desastrosa governação, pelo menos dos últimos 16 anos. Uma outra guerra que IS poderá enfrentar é com a opinião pública. É que os jornalistas visados granjearam prestígio dentro e fora do país, um grupo a quem pode se juntar o não menos prestigiado Reginaldo Silva depois da sua análise aos temas da semana, na Ecclésia, nesta segunda-feira, que remete IS ao 'negativo do período em análise', na sequência da 'analogia com a Primavera Árabe'. No fundo, RS disse que "IS está a ver fantasma onde não há" - foi infeliz, portanto. Se tivermos em conta que IS 'reage a tudo', não espanta por isso que reaja de forma negativa ao comentário de RS, o que seria praticamente uma 'rajada nos próprios pés'. É que Reginaldo é um 'Terrible' que há mais de 40 anos deixou de ser infant. Conselhos, de favor:

1 - IS certifica-se de que está de consciência limpa e avança mesmo com queixas-crime, na certeza de que vai ganhar as causas.

Resta recolher os cacos, entretanto recicláveis, ressurgir e serem úteis a uma Angola que se quer pacífica, justa e desenvolvida.

2 - Certifica-se de que uma determinada matéria não corresponde à verdade e, por isso, repõe-na com um esclarecimento convincente e argumentação consistente, num direito de resposta com um destaque proporcional, como estabelecido na Lei de Imprensa.

É que, quer se queira, quer não, todos angolanos são poucos para erguer este país e, pela sua presença na economia nacional em particular, Isabel dos Santos ocupa um lugar privilegiado entre aqueles que podem fazer a diferença de forma positiva.

3 - Mantém-se calada, cuidando do seu Império e empregos que criou, e aguenta-se como pode com as matérias (indesmentíveis) publicadas. Afinal os desafios não são poucos. É que, a acontecer o fim dos monopólios no país, terá de puxar pela sua capacidade imaginativa e fazer face à concorrência em vários domínios onde marca presença, partindo do princípio de que ela tem lugar cativo nos tais monopólios instalados. Por outro lado, IS deve saber que, por mais que os monopólios persistam, jamais estará entre os protagonistas - certamente - jamais será a privilegiada a vencer os concursos supostamente públicos, nem a privilegiada dos créditos dirigidos aos empresários, nem a 'menina bonita' dos órgãos públicos de comunicação social. Além do mais, IS tem ainda outras batalhas com a justiça angolana. Desde já sabe que um dos seus irmãos, Filomeno dos Santos, foi constituído arguido por suposta participação numa transferência ilegal de 500 milhões USD para um banco no exterior do país. A mesma PGR que transformou o irmão em arguido, anunciou inquérito à sua gestão na Sonangol, onde ficou 18 meses como PCA, sendo que, a provar-se a transferência de que é acusada pela actual administração, de 38 milhões USD da Sonangol quando já tinha sido exonerada do cargo, poderá seguir o caminho do irmão. Se juntarmos a isso o facto de José Eduardo dos Santos estar a enfrentar o processo da sua sucessão na liderança do MPLA, como filha mais velha que é, IS tem uma mão cheia de dossiês a cuidar, o que, em princípio, e mais prudente, deveria remetê-la em 'período sabático', ou pelo menos são razões suficientes para evitar 'saídas em falso', quer nas redes sociais, quer contra jornalistas. Parece ser hora de 'se tocar', como se diz na terra do Samba, pois, afinal, nada mais será como antes. Resta recolher os cacos, entretanto recicláveis, ressurgir e serem úteis a uma Angola que se quer pacífica, justa e desenvolvida. É que, quer se queira, quer não, todos angolanos são poucos para erguer este país e, pela sua presença na economia nacional em particular, Isabel dos Santos ocupa um lugar privilegiado entre aqueles que podem fazer a diferença de forma positiva.

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Félix Abias

Jornalista

Félix Abias é um jornalista angolano que explora temas ligados à política e economia local. Estou Gestão e Administração na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.

Depois de Gustavo Costa, pelo Expresso, e de Rafael Marques (Maka Angola), a quem Isabel dos Santos (IS) acusou de a perseguirem, chegando mesmo a 'pintar' o primeiro de "jornalista corrupto", Victor Silva (Jornal de Angola), de fazer um "jornalismo parcial", e de Ismael Mateus (debate na TPA), de incentivar uma "Primavera Árabe" em Angola, por defender a saída do seu pai, José Eduardo dos Santos, da liderança do partido no poder, MPLA, onde se mantém há 38 anos, IS vira-se agora contra Carlos Rosado de Carvalho, tratando-o por "mentiroso". A acusação contra CRC foi feita na sequência da publicação de uma matéria, no Expansão, jornal de que é director, sobre um subsídio operacional de mais de 18 milhões de dólares à Niara Holdings, de IS, citando como fonte a Conta Geral do Estado 2015, publicada em Fevereiro último.

O jornal garante ter a confirmação do Ministério das Finanças, que entretanto não esclareceu por que razão uma participação accionista de uma empresa pública (ENDE) numa empresa privada (EFACEC) é contabilizada como subsídio operacional. Contas feitas, e se a tendência de IS for a de 'ataque' aos jornalistas que publicam matérias que mexem com os seus interesses, a mulher mais rica de Angola pode estar a meter-se num "beco sem saída". É que não se conhece ninguém que tenha vencido guerra contra a imprensa. Há quem vença algumas batalhas, como foi o caso de JES - quando, pelo menos de 2010 ao terceiro trimestre de 2017, conseguiu 'calar alguns dos órgãos mais actuantes', a começar pelos públicos, através de uma estratégia muito bem montada. Só que de algumas batalhas não se passa, por mais duradouras que sejam - é impossível sair-se vencedor da guerra contra a imprensa - se não é a local que te desgasta, é a internacional. Prova disso são os próprios órgãos públicos que mais estão a 'destapar as carecas' da sua desastrosa governação, pelo menos dos últimos 16 anos. Uma outra guerra que IS poderá enfrentar é com a opinião pública. É que os jornalistas visados granjearam prestígio dentro e fora do país, um grupo a quem pode se juntar o não menos prestigiado Reginaldo Silva depois da sua análise aos temas da semana, na Ecclésia, nesta segunda-feira, que remete IS ao 'negativo do período em análise', na sequência da 'analogia com a Primavera Árabe'. No fundo, RS disse que "IS está a ver fantasma onde não há" - foi infeliz, portanto. Se tivermos em conta que IS 'reage a tudo', não espanta por isso que reaja de forma negativa ao comentário de RS, o que seria praticamente uma 'rajada nos próprios pés'. É que Reginaldo é um 'Terrible' que há mais de 40 anos deixou de ser infant. Conselhos, de favor:

1 - IS certifica-se de que está de consciência limpa e avança mesmo com queixas-crime, na certeza de que vai ganhar as causas.

Resta recolher os cacos, entretanto recicláveis, ressurgir e serem úteis a uma Angola que se quer pacífica, justa e desenvolvida.

2 - Certifica-se de que uma determinada matéria não corresponde à verdade e, por isso, repõe-na com um esclarecimento convincente e argumentação consistente, num direito de resposta com um destaque proporcional, como estabelecido na Lei de Imprensa.

É que, quer se queira, quer não, todos angolanos são poucos para erguer este país e, pela sua presença na economia nacional em particular, Isabel dos Santos ocupa um lugar privilegiado entre aqueles que podem fazer a diferença de forma positiva.

3 - Mantém-se calada, cuidando do seu Império e empregos que criou, e aguenta-se como pode com as matérias (indesmentíveis) publicadas. Afinal os desafios não são poucos. É que, a acontecer o fim dos monopólios no país, terá de puxar pela sua capacidade imaginativa e fazer face à concorrência em vários domínios onde marca presença, partindo do princípio de que ela tem lugar cativo nos tais monopólios instalados. Por outro lado, IS deve saber que, por mais que os monopólios persistam, jamais estará entre os protagonistas - certamente - jamais será a privilegiada a vencer os concursos supostamente públicos, nem a privilegiada dos créditos dirigidos aos empresários, nem a 'menina bonita' dos órgãos públicos de comunicação social. Além do mais, IS tem ainda outras batalhas com a justiça angolana. Desde já sabe que um dos seus irmãos, Filomeno dos Santos, foi constituído arguido por suposta participação numa transferência ilegal de 500 milhões USD para um banco no exterior do país. A mesma PGR que transformou o irmão em arguido, anunciou inquérito à sua gestão na Sonangol, onde ficou 18 meses como PCA, sendo que, a provar-se a transferência de que é acusada pela actual administração, de 38 milhões USD da Sonangol quando já tinha sido exonerada do cargo, poderá seguir o caminho do irmão. Se juntarmos a isso o facto de José Eduardo dos Santos estar a enfrentar o processo da sua sucessão na liderança do MPLA, como filha mais velha que é, IS tem uma mão cheia de dossiês a cuidar, o que, em princípio, e mais prudente, deveria remetê-la em 'período sabático', ou pelo menos são razões suficientes para evitar 'saídas em falso', quer nas redes sociais, quer contra jornalistas. Parece ser hora de 'se tocar', como se diz na terra do Samba, pois, afinal, nada mais será como antes. Resta recolher os cacos, entretanto recicláveis, ressurgir e serem úteis a uma Angola que se quer pacífica, justa e desenvolvida. É que, quer se queira, quer não, todos angolanos são poucos para erguer este país e, pela sua presença na economia nacional em particular, Isabel dos Santos ocupa um lugar privilegiado entre aqueles que podem fazer a diferença de forma positiva.

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Félix Abias

Jornalista

Félix Abias é um jornalista angolano que explora temas ligados à política e economia local. Estou Gestão e Administração na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.

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