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Carlos Cambuta afirma que Angola não é auto-suficiente em nenhum produto

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O director-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) afirmou que Angola não é auto-suficiente em nenhum produto, contrariando a narrativa do Governo, que consta do relatório da campanha agrícola 2019/2020, apresentado pelo Ministério da Agricultura e Pescas (MINAGRIP) na IIIª Conferência sobre Agricultura, realizada recentemente, em Luanda, pela revista Economia & Mercado.

De acordo com o documento, o país é auto-suficiente em mandioca, com uma produção de 9,5 milhões de toneladas e um crescimento de 6,6%; batata-doce, com 1,7 milhões de toneladas (4,1%); ovos, com 1,4 milhões (42%); banana, 4,2 milhões ton (4,2%); ananás 637,6 mil toneladas (11,1%); e carne de cabrito, com 101,6 mil toneladas (8,1%).

Com base nesses dados, Carlos Cambuta reconhece que houve de facto um crescimento, mas contraria a existência de auto-suficiência alimentar nestes produtos, justificando que a auto-suficiência alimentar pressupõe disponibilidade permanente de produtos em qualidade e em quantidade em todos os mercados do país, o que não se verifica.

“Os níveis de crescimento da produção são animadores, mas isso não significa que não se possa fazer mais no sentido de atingir a almejada auto-suficiência alimentar e, por via disso, evitar importações de produtos que muitas vezes não se sabe como são produzidos”, explicou o também mestre em Governação.

Citado pelo jornal Mercado, o responsável apontou a dificuldade de acesso aos produtos, ou seja, os produtos disponíveis muitas vezes não chegam à mesa do consumidor, devido ao fraco poder de compra. Então, nem sempre a disponibilidade pressupõe acessibilidade.

Entretanto, apela para a intervenção do Executivo na promoção da segurança alimentar e nutricional, visando garantir o direito humano à alimentação adequada à população, através de implementação de programas específicos, como, por exemplo, fomento do emprego por via da agricultura e do reforço de capacidade de pequenas e médias entidades empresariais, com destaque para as cooperativas agropecuárias.

Carlos Cambuta refere ainda que a intervenção do Estado é não só na produção, mas também na criação de condições que favoreçam o comércio rural, sobretudo na construção e reabilitação de estradas e pontes que ligam as áreas de produção aos principais centros comerciais, tendo realçado que a existência de estradas e pontes permitirão o aparecimento de transportes particulares que neste momento se recusam prestar serviços em áreas de difícil acesso, para evitar danos nas suas viaturas, cujos custos de reparação são geralmente mais altos do que o total de tarifas cobradas.

Por outro lado, alertou para a adopção de medidas de políticas simples que possam permitir os produtores agrícolas familiares exercerem a actividade com normalidade, mesmo em contextos adversos.

Ademais, afirmou que é necessário aprender a conviver com os fenómenos naturais, a título de exemplo, no caso da seca, a solução passa pela instalação de pequenos sistemas de irrigação e retenção de águas cuja tecnologia esteja ao alcance da população, de tal modo que na presença de uma avaria técnica não se possa levar muito tempo para a sua reparação.

“No caso das pragas, é importante apostar na investigação científica aplicada, pois sem ela dificilmente se poderá dar respostas eficazes e eficientes aos variados problemas da produção nacional”, concluiu.

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Redacção

O director-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) afirmou que Angola não é auto-suficiente em nenhum produto, contrariando a narrativa do Governo, que consta do relatório da campanha agrícola 2019/2020, apresentado pelo Ministério da Agricultura e Pescas (MINAGRIP) na IIIª Conferência sobre Agricultura, realizada recentemente, em Luanda, pela revista Economia & Mercado.

De acordo com o documento, o país é auto-suficiente em mandioca, com uma produção de 9,5 milhões de toneladas e um crescimento de 6,6%; batata-doce, com 1,7 milhões de toneladas (4,1%); ovos, com 1,4 milhões (42%); banana, 4,2 milhões ton (4,2%); ananás 637,6 mil toneladas (11,1%); e carne de cabrito, com 101,6 mil toneladas (8,1%).

Com base nesses dados, Carlos Cambuta reconhece que houve de facto um crescimento, mas contraria a existência de auto-suficiência alimentar nestes produtos, justificando que a auto-suficiência alimentar pressupõe disponibilidade permanente de produtos em qualidade e em quantidade em todos os mercados do país, o que não se verifica.

“Os níveis de crescimento da produção são animadores, mas isso não significa que não se possa fazer mais no sentido de atingir a almejada auto-suficiência alimentar e, por via disso, evitar importações de produtos que muitas vezes não se sabe como são produzidos”, explicou o também mestre em Governação.

Citado pelo jornal Mercado, o responsável apontou a dificuldade de acesso aos produtos, ou seja, os produtos disponíveis muitas vezes não chegam à mesa do consumidor, devido ao fraco poder de compra. Então, nem sempre a disponibilidade pressupõe acessibilidade.

Entretanto, apela para a intervenção do Executivo na promoção da segurança alimentar e nutricional, visando garantir o direito humano à alimentação adequada à população, através de implementação de programas específicos, como, por exemplo, fomento do emprego por via da agricultura e do reforço de capacidade de pequenas e médias entidades empresariais, com destaque para as cooperativas agropecuárias.

Carlos Cambuta refere ainda que a intervenção do Estado é não só na produção, mas também na criação de condições que favoreçam o comércio rural, sobretudo na construção e reabilitação de estradas e pontes que ligam as áreas de produção aos principais centros comerciais, tendo realçado que a existência de estradas e pontes permitirão o aparecimento de transportes particulares que neste momento se recusam prestar serviços em áreas de difícil acesso, para evitar danos nas suas viaturas, cujos custos de reparação são geralmente mais altos do que o total de tarifas cobradas.

Por outro lado, alertou para a adopção de medidas de políticas simples que possam permitir os produtores agrícolas familiares exercerem a actividade com normalidade, mesmo em contextos adversos.

Ademais, afirmou que é necessário aprender a conviver com os fenómenos naturais, a título de exemplo, no caso da seca, a solução passa pela instalação de pequenos sistemas de irrigação e retenção de águas cuja tecnologia esteja ao alcance da população, de tal modo que na presença de uma avaria técnica não se possa levar muito tempo para a sua reparação.

“No caso das pragas, é importante apostar na investigação científica aplicada, pois sem ela dificilmente se poderá dar respostas eficazes e eficientes aos variados problemas da produção nacional”, concluiu.

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