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“Angola enfrenta uma conjuntura económica desafiadora”, afirmou Fáusio Mussá

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O país enfrenta uma conjuntura económica desafiadora, “caracterizada por uma redução substancial do superavit da sua conta corrente da balança de pagamentos, pressões sobre o câmbio e a liquidez em moeda externa, aumento da inflação, e pressões fiscais e da dívida externa, em muitos aspectos similar ao que se observa em algumas economias africanas”.

Essa afirmação é de Fáusio Mussá, economista chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique, saída do mais recente Briefing Económico do Standard Bank Angola, que apontou que o ‘calcanhar de Aquiles’ de Angola é actualmente o elevado serviço de dívida do Estado (reembolso de capital mais pagamento de juros), que consome 85% da receita este ano e 97% em 2024.

No evento, decorrido ontem sob o tema ‘Os Caminhos para a Recuperação Económica de Angola’, reunindo mais uma vez mais clientes e investidores, para uma análise das perspectivas económicas do país, e onde se concluiu que talvez o país consiga “escapar a uma recessão este ano”, considerando que, “se a produção petrolífera estabilizar nos actuais 1.1 milhão de barris de petróleo por dia, o crescimento anualizado do PIB do sector petrolífero torna-se positivo a partir do terceiro trimestre de 2023”, o responsável continuou que, uma vez que o preço do petróleo se mantém este ano acima dos 75 dólares por barril assumidos no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2023, “seria de esperar que Angola tivesse um melhor desempenho”.

A equipa de pesquisa do Standard Bank Angola afirmou que a inflação em Angola no próximo ano poderá ficar acima dos 20%, refere a nota que recebemos. No actual contexto de volatilidade do preço do petróleo e de exposição à pressão do aumento das taxas de juro no mercado internacional, segundo Mussá, recomenda-se que Angola mantenha prudência na gestão macroeconómica, para “suavizar o impacto sobre a economia de uma menor oferta de liquidez em moeda externa”.

De acordo com o economista chefe, uma das principais conclusões deste Briefing Económico é que Angola deve “procurar gerar excedentes fiscais e da conta corrente da balança de pagamentos, para servirem de amortecedores dos choques a que esta economia está sujeita, devido à elevada dependência no petróleo, sem deixar de canalizar mais apoio para as camadas sociais mais desfavorecidas, que são mais vulneráveis a este tipo de choque”.

A recuperação económica, ainda nas palavras do mesmo gestor, depende também em grande medida da manutenção de reformas económicas e da capacidade de Angola mobilizar investimento privado.

Para Luís Teles, CEO do SBA, “pode haver grande oportunidade se Angola começar a focar-se mais nas exportações”. “A solução deve ser o sector privado e tem de haver mais investimento por parte do sector privado, onde o SBA assume um papel na facilitação deste investimento e quer ter um papel activo, facilitador e primordial na dinamização desse investimento privado”.

Na sessão de boas-vindas ao evento, sublinhou igualmente que o ano de 2023 “tem sido particularmente desafiante, com vários aspectos inesperados e consecutivos”, como a elevada taxa de juro a nível internacional, “não sendo esperada uma redução a curto prazo”, o conflito militar na Ucrânia e mais recentemente no Médio Oriente, assim como as alterações climáticas e a “pressão que existe na transição energética justa, em particular em países produtores de petróleo, como é o caso de Angola”.

Luís Teles disse ainda as notícias que têm revelado uma “interessante recuperação económica na China” e revelou estimar-se que 2024 “traga mais crescimento ao continente africano e que o crescimento médio do PIB para a África Subsariana será na ordem dos 4%”.

O Briefing Económico, recorda a nota que recebemos, é um evento periódico criado em 2018 pelo Standard Bank, dirigido aos clientes da instituição, reguladores e instituições públicas, que apresenta uma visão geral sobre a conjuntura macroeconómica e perspectivas para o futuro da economia, revelando, por um lado, um conjunto de evoluções positivas e favoráveis para a economia nacional e, por outro, alguns dos desafios que se mantêm.

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Redacção

O país enfrenta uma conjuntura económica desafiadora, “caracterizada por uma redução substancial do superavit da sua conta corrente da balança de pagamentos, pressões sobre o câmbio e a liquidez em moeda externa, aumento da inflação, e pressões fiscais e da dívida externa, em muitos aspectos similar ao que se observa em algumas economias africanas”.

Essa afirmação é de Fáusio Mussá, economista chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique, saída do mais recente Briefing Económico do Standard Bank Angola, que apontou que o ‘calcanhar de Aquiles’ de Angola é actualmente o elevado serviço de dívida do Estado (reembolso de capital mais pagamento de juros), que consome 85% da receita este ano e 97% em 2024.

No evento, decorrido ontem sob o tema ‘Os Caminhos para a Recuperação Económica de Angola’, reunindo mais uma vez mais clientes e investidores, para uma análise das perspectivas económicas do país, e onde se concluiu que talvez o país consiga “escapar a uma recessão este ano”, considerando que, “se a produção petrolífera estabilizar nos actuais 1.1 milhão de barris de petróleo por dia, o crescimento anualizado do PIB do sector petrolífero torna-se positivo a partir do terceiro trimestre de 2023”, o responsável continuou que, uma vez que o preço do petróleo se mantém este ano acima dos 75 dólares por barril assumidos no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2023, “seria de esperar que Angola tivesse um melhor desempenho”.

A equipa de pesquisa do Standard Bank Angola afirmou que a inflação em Angola no próximo ano poderá ficar acima dos 20%, refere a nota que recebemos. No actual contexto de volatilidade do preço do petróleo e de exposição à pressão do aumento das taxas de juro no mercado internacional, segundo Mussá, recomenda-se que Angola mantenha prudência na gestão macroeconómica, para “suavizar o impacto sobre a economia de uma menor oferta de liquidez em moeda externa”.

De acordo com o economista chefe, uma das principais conclusões deste Briefing Económico é que Angola deve “procurar gerar excedentes fiscais e da conta corrente da balança de pagamentos, para servirem de amortecedores dos choques a que esta economia está sujeita, devido à elevada dependência no petróleo, sem deixar de canalizar mais apoio para as camadas sociais mais desfavorecidas, que são mais vulneráveis a este tipo de choque”.

A recuperação económica, ainda nas palavras do mesmo gestor, depende também em grande medida da manutenção de reformas económicas e da capacidade de Angola mobilizar investimento privado.

Para Luís Teles, CEO do SBA, “pode haver grande oportunidade se Angola começar a focar-se mais nas exportações”. “A solução deve ser o sector privado e tem de haver mais investimento por parte do sector privado, onde o SBA assume um papel na facilitação deste investimento e quer ter um papel activo, facilitador e primordial na dinamização desse investimento privado”.

Na sessão de boas-vindas ao evento, sublinhou igualmente que o ano de 2023 “tem sido particularmente desafiante, com vários aspectos inesperados e consecutivos”, como a elevada taxa de juro a nível internacional, “não sendo esperada uma redução a curto prazo”, o conflito militar na Ucrânia e mais recentemente no Médio Oriente, assim como as alterações climáticas e a “pressão que existe na transição energética justa, em particular em países produtores de petróleo, como é o caso de Angola”.

Luís Teles disse ainda as notícias que têm revelado uma “interessante recuperação económica na China” e revelou estimar-se que 2024 “traga mais crescimento ao continente africano e que o crescimento médio do PIB para a África Subsariana será na ordem dos 4%”.

O Briefing Económico, recorda a nota que recebemos, é um evento periódico criado em 2018 pelo Standard Bank, dirigido aos clientes da instituição, reguladores e instituições públicas, que apresenta uma visão geral sobre a conjuntura macroeconómica e perspectivas para o futuro da economia, revelando, por um lado, um conjunto de evoluções positivas e favoráveis para a economia nacional e, por outro, alguns dos desafios que se mantêm.

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