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“A arma, quando destruída, pode ser usada para fazer arte”, afirma Gonçalo Mabunda

“A arma, quando destruída, pode ser usada para fazer arte”, afirma Gonçalo Mabunda
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Andrade Lino

O artista moçambicano Gonçalo Mabunda, que levou ao Espaço Luanda Arte (ELA) as suas “Armas Para Arte”, uma exposição inaugurada na sexta-feira e que se baseia na memória colectiva do seu país, afirmou que “a arma não é bem-vinda, mas quando destruída, pode ser usada para fazer arte, fazer algo benéfico e proveitoso”.

Tal como Angola, Moçambique emergiu de uma longa e terrível guerra civil, e é com foco nisso que o artista trabalha com armas recuperadas em 1992, no final do conflito de 16 anos que dividiu a região, trazendo, nas suas esculturas, formas antropomórficas de armas AK47, lançadores de foguetes, pistolas e outros objectos de guerra.

Nesse diapasão, em entrevista ao ONgoma News, o escultor referiu então que a finalidade desse trabalho “é mostrar aquilo que foi feito um dia para o mal”. “A gente troca fazendo coisas para o bem, para termos um momento de reflexão, e a gente mostra isso reciclando  esses objectos usados nas guerras”, declarou, tendo feito saber que se trata de mais uma parte do trabalho que tem apresentado em várias partes do mundo.

“Então trago essa experiência do meu país, que é onde tivemos a capacidade de destruir as armas e criar obras de arte, trazendo para Angola, por ser um país que também esteve envolvido numa guerra civil. Moçambique também esteve envolvido, mas também tivemos a capacidade de trocar as armas no nosso país e estamos a tirar proveito disso para fazer obras de arte”, reforçou Gonçalo Mabunda, que apresenta nessa amostra temas como “Os 4 Herdeiros”, “O Minimalista”, “O Imune” e, entre outras, “O Desafiador do Mundo”, num evento de inauguração que atraiu várias figuras para apreciação desse lado “nunca antes visto” dessas ferramentas de destruição.

Com armas e balas, entre outros objectos bélicos, o criativo constrói tronos, que funcionam como atributos de poder, símbolos tribais e peças tradicionais da arte étnica africana.

Revelou entretanto que faz todos esses trabalhos desde 1997, e os belos objectos que cria também transmitem uma reflexão positiva sobre o poder transformador da arte, resiliência e criatividade das sociedades civis africanas. Os três tronos ali expostos, explicou, são sem dúvida “uma forma irónica de comentar a sua experiência infantil de violência e  absurdo, e a guerra civil que isolou o seu país durante um longo período”.

Tendo viajado por uma grande parte do mundo, é desta vez que o artista decidiu trazer a Angola “Weapons To Art/Armas Para Arte”, sendo essa exposição uma tentativa de educar as pessoas e, também, uma forma de terapia que encontrou.

O artista nasceu em 1975, em Maputo, Moçambique. Como já anteriormente publicado no nosso portal, as suas exposições recentes incluem a Bienal Internacional de Gangwon, na Coreia do Sul; 'All the World's Futures', na Bienal de Veneza de 2015; 'Making Africa'. no Museu Vitra, Alemanha; e 'Africa Now: Political Patterns', no Museu de Arte de Seul, entre outras.

Refira-se também que o seu trabalho foi adquirido pelo Museu de Arte Chazen da Universidade de Wisconsin-Madison, pelo Instituto de Arte de Minneapolis, pelo Museu do Brooklyn e pela Africell Angola.

E para recordar, o ELA é um espaço de arte contemporânea com mais de oito anos de existência. Após dois anos de fecho devido à pandemia, reabriu as suas portas ao grande público em 2022, no armazém Cunha & Irmão SARL/ex-Escola Portuguesa, situado na Rua Dr. Alfredo Troni 51/57, na baixa de Luanda, ao lado do Ministério das Relações Exteriores (MIREX). 

Essa exposição de Gonçalo Mabunda poderá ser então visitada de terça a domingo, das 12h00 às 20h00, ou via marcação pelo contacto de telemóvel 921 58 33 17, até 31 de Outubro próximo.

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Rodeth Dos Anjos

Repórter

Licenciada em Ciências da Comunicação, Rodeth é mestre de cerimónias e fazedora de música ao vivo, tendo já trabalhado como educadora infantil e, entre outras valências profissionais, desenvolvido habilidades na área de reportagem.

O artista moçambicano Gonçalo Mabunda, que levou ao Espaço Luanda Arte (ELA) as suas “Armas Para Arte”, uma exposição inaugurada na sexta-feira e que se baseia na memória colectiva do seu país, afirmou que “a arma não é bem-vinda, mas quando destruída, pode ser usada para fazer arte, fazer algo benéfico e proveitoso”.

Tal como Angola, Moçambique emergiu de uma longa e terrível guerra civil, e é com foco nisso que o artista trabalha com armas recuperadas em 1992, no final do conflito de 16 anos que dividiu a região, trazendo, nas suas esculturas, formas antropomórficas de armas AK47, lançadores de foguetes, pistolas e outros objectos de guerra.

Nesse diapasão, em entrevista ao ONgoma News, o escultor referiu então que a finalidade desse trabalho “é mostrar aquilo que foi feito um dia para o mal”. “A gente troca fazendo coisas para o bem, para termos um momento de reflexão, e a gente mostra isso reciclando  esses objectos usados nas guerras”, declarou, tendo feito saber que se trata de mais uma parte do trabalho que tem apresentado em várias partes do mundo.

“Então trago essa experiência do meu país, que é onde tivemos a capacidade de destruir as armas e criar obras de arte, trazendo para Angola, por ser um país que também esteve envolvido numa guerra civil. Moçambique também esteve envolvido, mas também tivemos a capacidade de trocar as armas no nosso país e estamos a tirar proveito disso para fazer obras de arte”, reforçou Gonçalo Mabunda, que apresenta nessa amostra temas como “Os 4 Herdeiros”, “O Minimalista”, “O Imune” e, entre outras, “O Desafiador do Mundo”, num evento de inauguração que atraiu várias figuras para apreciação desse lado “nunca antes visto” dessas ferramentas de destruição.

Com armas e balas, entre outros objectos bélicos, o criativo constrói tronos, que funcionam como atributos de poder, símbolos tribais e peças tradicionais da arte étnica africana.

Revelou entretanto que faz todos esses trabalhos desde 1997, e os belos objectos que cria também transmitem uma reflexão positiva sobre o poder transformador da arte, resiliência e criatividade das sociedades civis africanas. Os três tronos ali expostos, explicou, são sem dúvida “uma forma irónica de comentar a sua experiência infantil de violência e  absurdo, e a guerra civil que isolou o seu país durante um longo período”.

Tendo viajado por uma grande parte do mundo, é desta vez que o artista decidiu trazer a Angola “Weapons To Art/Armas Para Arte”, sendo essa exposição uma tentativa de educar as pessoas e, também, uma forma de terapia que encontrou.

O artista nasceu em 1975, em Maputo, Moçambique. Como já anteriormente publicado no nosso portal, as suas exposições recentes incluem a Bienal Internacional de Gangwon, na Coreia do Sul; 'All the World's Futures', na Bienal de Veneza de 2015; 'Making Africa'. no Museu Vitra, Alemanha; e 'Africa Now: Political Patterns', no Museu de Arte de Seul, entre outras.

Refira-se também que o seu trabalho foi adquirido pelo Museu de Arte Chazen da Universidade de Wisconsin-Madison, pelo Instituto de Arte de Minneapolis, pelo Museu do Brooklyn e pela Africell Angola.

E para recordar, o ELA é um espaço de arte contemporânea com mais de oito anos de existência. Após dois anos de fecho devido à pandemia, reabriu as suas portas ao grande público em 2022, no armazém Cunha & Irmão SARL/ex-Escola Portuguesa, situado na Rua Dr. Alfredo Troni 51/57, na baixa de Luanda, ao lado do Ministério das Relações Exteriores (MIREX). 

Essa exposição de Gonçalo Mabunda poderá ser então visitada de terça a domingo, das 12h00 às 20h00, ou via marcação pelo contacto de telemóvel 921 58 33 17, até 31 de Outubro próximo.

Rodeth Dos Anjos

Repórter

Licenciada em Ciências da Comunicação, Rodeth é mestre de cerimónias e fazedora de música ao vivo, tendo já trabalhado como educadora infantil e, entre outras valências profissionais, desenvolvido habilidades na área de reportagem.

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