Arte e Cultura
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Verkron pinta mural para exercitar o debate de “questões revolucionárias”

Verkron pinta mural para exercitar o debate de “questões revolucionárias”
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Andrade Lino

Estimular o debate de várias questões sociais “e revolucionárias” é um dos principais objectivos da mais recente obra de arte urbana pintada pelo colectivo Verkron, na rua Friedrich Engels, num muro degradado com 27 metros de largura e 3 metros e meio de altura, acção promovida pela Beefeater Pink, o novo gin da Beefeater, a marca de gin mais premiada do mundo.

A pintura, patente desde o passado dia 6 deste mês, enquadra-se numa campanha da organização que pretende homenagear a resiliência dos jovens, “sedentos por explorar os ambientes da cidade e por consumir a cultura e as emoções urbanas”, refere Joana Wilson, responsável pela comunicação da Beefeater Pink, citada no comunicado que recebemos, onde sublinha que a intenção é “celebrar a atitude dos jovens angolanos que, independentemente dos desafios a que estão sujeitos no seu dia-a-dia, valorizam uma nova urbanidade. São jovens que colocam no centro da sua atenção a cultura, a arte, o ambiente, o empreendedorismo, a diversidade e a convivência entre o passado e o presente”, contribuindo para tornar Luanda cada vez mais atraente.

Em entrevista ao ONgoma News, no entanto, Irad, membro do colectivo artístico, declarou que se trata mais dum exercício, uma motivação para a sociedade habituar-se a falar de questões revolucionárias, que já vêm sendo debatidas há bastante tempo, como é a do empoderamento feminino.

Para a artista, falar da mulher, da essência feminina, duma forma mais dinâmica, é um exercício de desabituar as pessoas a debaterem certos assuntos constantemente, e não apenas em datas comemorativas.

Mac, outro integrante do grupo, manifestou o tema como sendo muito positivo, visto que é também uma das questões que abordam nos seus trabalhos.

Considerou a parceria como sendo muito importante. “Porque como artistas precisamos disso, sendo que individualmente faz-se pouco. E tendo apoio das grandes empresas, é positivo e uma iniciativa de dar graças, pois estamos a passar por momentos difíceis e faz-nos ver que não só nós, artistas, nos importamos com a arte, como também olhos externos estão virados para ela e percebem a importância de esse movimento não parar”.

Sendo artistas de rua, disse, o colectivo ganha uma vantagem porque assim consegue fazer arte para todo mundo, sem ter que ser representada numa galeria ou num espaço específico para tal. “Então, a rua é um meio de o nosso trabalho chegar a todo mundo”, esclareceu, e reforçou que todas as oportunidades que aparecem agora são de agarrar, “porque a arte urbana não deixa de ser séria”.

Por outro lado, partilhou que uma das lições que o grupo intende passar como esse mural é a atitude. “Atitude é o que muitas mulheres e homens precisam no nosso contexto social. Precisamos tomar certas atitudes, precisamos de ter alguma ousadia, para que sejamos capazes de realizar certas coisas e alcançar certos objectivos”, explicou.

Já Resem entende que a campanha de alguma forma combinou com o conjunto de cores que foi usado no mural. Um casamento perfeito, disse.

Paralelamente à obra, reconhece haver já alguma mudança em relação àquilo que era o apoio à arte, “mas acontece que esse apoio é dado a um sector reduzido”.

Entende que há mais apoio para as outras disciplinas, como a música, muito pouco para a arte urbana, sendo que, basicamente, esse começa a surgir agora. “Mas a nossa expectativa é que cresça mais”, acreditou.

Constituído pelos artistas angolanos Irad, Resem, Mac, Jafeth e Hemak, o colectivo Verkron começou a as suas intervenções urbanas em 2011 e surgiu na cena artística de Luanda em 2014.

Iniciou o seu percurso com grafitti convencional, evoluiu e estabeleceu-se no universo do neo-muralismo, da fotografia, do vídeo e das instalações, com obras marcantes, culturalmente relevantes, cada vez mais aplaudidas pelos críticos de arte e, em particular, pelos amantes de arte urbana, descreve a nota.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

Estimular o debate de várias questões sociais “e revolucionárias” é um dos principais objectivos da mais recente obra de arte urbana pintada pelo colectivo Verkron, na rua Friedrich Engels, num muro degradado com 27 metros de largura e 3 metros e meio de altura, acção promovida pela Beefeater Pink, o novo gin da Beefeater, a marca de gin mais premiada do mundo.

A pintura, patente desde o passado dia 6 deste mês, enquadra-se numa campanha da organização que pretende homenagear a resiliência dos jovens, “sedentos por explorar os ambientes da cidade e por consumir a cultura e as emoções urbanas”, refere Joana Wilson, responsável pela comunicação da Beefeater Pink, citada no comunicado que recebemos, onde sublinha que a intenção é “celebrar a atitude dos jovens angolanos que, independentemente dos desafios a que estão sujeitos no seu dia-a-dia, valorizam uma nova urbanidade. São jovens que colocam no centro da sua atenção a cultura, a arte, o ambiente, o empreendedorismo, a diversidade e a convivência entre o passado e o presente”, contribuindo para tornar Luanda cada vez mais atraente.

Em entrevista ao ONgoma News, no entanto, Irad, membro do colectivo artístico, declarou que se trata mais dum exercício, uma motivação para a sociedade habituar-se a falar de questões revolucionárias, que já vêm sendo debatidas há bastante tempo, como é a do empoderamento feminino.

Para a artista, falar da mulher, da essência feminina, duma forma mais dinâmica, é um exercício de desabituar as pessoas a debaterem certos assuntos constantemente, e não apenas em datas comemorativas.

Mac, outro integrante do grupo, manifestou o tema como sendo muito positivo, visto que é também uma das questões que abordam nos seus trabalhos.

Considerou a parceria como sendo muito importante. “Porque como artistas precisamos disso, sendo que individualmente faz-se pouco. E tendo apoio das grandes empresas, é positivo e uma iniciativa de dar graças, pois estamos a passar por momentos difíceis e faz-nos ver que não só nós, artistas, nos importamos com a arte, como também olhos externos estão virados para ela e percebem a importância de esse movimento não parar”.

Sendo artistas de rua, disse, o colectivo ganha uma vantagem porque assim consegue fazer arte para todo mundo, sem ter que ser representada numa galeria ou num espaço específico para tal. “Então, a rua é um meio de o nosso trabalho chegar a todo mundo”, esclareceu, e reforçou que todas as oportunidades que aparecem agora são de agarrar, “porque a arte urbana não deixa de ser séria”.

Por outro lado, partilhou que uma das lições que o grupo intende passar como esse mural é a atitude. “Atitude é o que muitas mulheres e homens precisam no nosso contexto social. Precisamos tomar certas atitudes, precisamos de ter alguma ousadia, para que sejamos capazes de realizar certas coisas e alcançar certos objectivos”, explicou.

Já Resem entende que a campanha de alguma forma combinou com o conjunto de cores que foi usado no mural. Um casamento perfeito, disse.

Paralelamente à obra, reconhece haver já alguma mudança em relação àquilo que era o apoio à arte, “mas acontece que esse apoio é dado a um sector reduzido”.

Entende que há mais apoio para as outras disciplinas, como a música, muito pouco para a arte urbana, sendo que, basicamente, esse começa a surgir agora. “Mas a nossa expectativa é que cresça mais”, acreditou.

Constituído pelos artistas angolanos Irad, Resem, Mac, Jafeth e Hemak, o colectivo Verkron começou a as suas intervenções urbanas em 2011 e surgiu na cena artística de Luanda em 2014.

Iniciou o seu percurso com grafitti convencional, evoluiu e estabeleceu-se no universo do neo-muralismo, da fotografia, do vídeo e das instalações, com obras marcantes, culturalmente relevantes, cada vez mais aplaudidas pelos críticos de arte e, em particular, pelos amantes de arte urbana, descreve a nota.

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