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Saúde

Sou onicófago. Tu também?

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Não é doença nem uma desculpa. Roer as unhas é um pequeno peso que carrego desde pequeno. Um hábito de que já me divorciei, mas acabámos por reconciliar. E pelos vistos, não sou o único.

Não foram poucas as palavras que ouvi: “deixa as unhas em paz!”; “tem comida no frigorífico, deixa de comer as unhas.”; “esse estômago deve estar cheio”; “não vais ter mulher assim a roer as unhas”... a lista é longa. Também levei umas tantas galhetas para deixar de levar os dedos à boca. Não resultou.

Claro que vi piores casos que o meu, daqueles que o sangue escorria dos dedos... no entanto, nem com isso a condição da eliminação do excesso de cutícula encontrou um fim.

Para perceber melhor o que é, fui ao “pai Google” que passou vários links de especialistas capazes de falar melhor que eu sobre o tema. Num dos links indica que Onicófago é aquele que tem o hábito de roer as unhas, sendo um adjectivo de origem grega resultando da conjugação de ónykhos, que significa “unha”, e phagein, que significa “comer”.

Um outro canal abordou aspectos mais completos onde esclarece que a onicofagia é a acção de morder as unhas dos dedos das mãos ou dos pés durante períodos de stress, que podem incluir fases de fome, tédio, ansiedade ou nervosismo. (Por acaso acabei de jantar e enquanto escrevo este... caí automaticamente no hábito velho.).

Dalanora, Uyeda et al (2007), define, que “A onicofagia é caracterizada por repetidas injúrias ao leito ungueal. A auto-destruição já ocorre no acto de roer as unhas, mas onicofagia é a forma mais agressiva, sendo encontrada entre crianças e adultos. O acto de roer unhas na infância pode manifestar-se como alívio da ansiedade, solidão, inactividade, em crianças sem sentimento de segurança, amor e proximidade em seus relacionamentos”.

Numa época de muitas fragilidades mentais e comportamentais, precisamos de um certo cuidado ao abordar o tema e ao passar qualquer tipo de orientação que encaminhe a situações piores, como a depressão, ou o exagero no diagnóstico.

“A mudança desse hábito, com suporte social e outras medidas alternativas, como a hipnose, deve ser considerada em tratamentos de comportamentos repetitivos”, alertam Dalanora, Uyeda et al (2007).

Não creio que haja necessidade de pânico, no entanto, podemos considerar os conselhos e experimentar alguns até encontrarmos o que se adapta melhor a nós. Algumas recomendações para crianças, incluem:

1. Conversar – esclarecer as consequências sem ser agressivo na explicação. Os pais e irmãos mais velhos têm um papel-chave nesse processo, usando técnicas de persuasão esclarecedoras e não violentas;

2. Estimulo visual – associar a conversa anterior a um objecto que recorde o hábito bom, como por exemplo um anel;

3. Manter as mãos ocupadas – ao observar o comportamento, pode o acto de levar a mão à boca ser substituído por um vegetal ou um copo de água, um brinquedo, etc;

4. Desporto – é uma das formas de aliviar o stress e diminuir energia, consequentemente, reduz o motivo do roer.

Recordo-me da história de um onicófago que deixou de roer quando recebeu elogios desde que fez manicure pela primeira vez. (A vaidade o salvou).

Sou apologista da mudança de hábito por desabituação e substituição por um novo hábito que seja saudável e nada traumatizante.

Fontes e referências:

Dalanora, Uyeda et al (2007).- Destruição de falanges provocada por onicofagia, Hospital Universitário do Oeste do Paraná, Cascavel, Brasil

https://www.scielo.br/j/abd/a/X8pJfLjxH5LkNY3rrftwvfF/?lang=pt

http://www.itad.pt/tratamento-de-psicologia/onicofagia-sofrimento-estetica/

https://www.psicanaliseclinica.com/onicofagia/

https://www.meudicionario.org/onicófago

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Edilson Buchartts

Cronista

Não é doença nem uma desculpa. Roer as unhas é um pequeno peso que carrego desde pequeno. Um hábito de que já me divorciei, mas acabámos por reconciliar. E pelos vistos, não sou o único.

Não foram poucas as palavras que ouvi: “deixa as unhas em paz!”; “tem comida no frigorífico, deixa de comer as unhas.”; “esse estômago deve estar cheio”; “não vais ter mulher assim a roer as unhas”... a lista é longa. Também levei umas tantas galhetas para deixar de levar os dedos à boca. Não resultou.

Claro que vi piores casos que o meu, daqueles que o sangue escorria dos dedos... no entanto, nem com isso a condição da eliminação do excesso de cutícula encontrou um fim.

Para perceber melhor o que é, fui ao “pai Google” que passou vários links de especialistas capazes de falar melhor que eu sobre o tema. Num dos links indica que Onicófago é aquele que tem o hábito de roer as unhas, sendo um adjectivo de origem grega resultando da conjugação de ónykhos, que significa “unha”, e phagein, que significa “comer”.

Um outro canal abordou aspectos mais completos onde esclarece que a onicofagia é a acção de morder as unhas dos dedos das mãos ou dos pés durante períodos de stress, que podem incluir fases de fome, tédio, ansiedade ou nervosismo. (Por acaso acabei de jantar e enquanto escrevo este... caí automaticamente no hábito velho.).

Dalanora, Uyeda et al (2007), define, que “A onicofagia é caracterizada por repetidas injúrias ao leito ungueal. A auto-destruição já ocorre no acto de roer as unhas, mas onicofagia é a forma mais agressiva, sendo encontrada entre crianças e adultos. O acto de roer unhas na infância pode manifestar-se como alívio da ansiedade, solidão, inactividade, em crianças sem sentimento de segurança, amor e proximidade em seus relacionamentos”.

Numa época de muitas fragilidades mentais e comportamentais, precisamos de um certo cuidado ao abordar o tema e ao passar qualquer tipo de orientação que encaminhe a situações piores, como a depressão, ou o exagero no diagnóstico.

“A mudança desse hábito, com suporte social e outras medidas alternativas, como a hipnose, deve ser considerada em tratamentos de comportamentos repetitivos”, alertam Dalanora, Uyeda et al (2007).

Não creio que haja necessidade de pânico, no entanto, podemos considerar os conselhos e experimentar alguns até encontrarmos o que se adapta melhor a nós. Algumas recomendações para crianças, incluem:

1. Conversar – esclarecer as consequências sem ser agressivo na explicação. Os pais e irmãos mais velhos têm um papel-chave nesse processo, usando técnicas de persuasão esclarecedoras e não violentas;

2. Estimulo visual – associar a conversa anterior a um objecto que recorde o hábito bom, como por exemplo um anel;

3. Manter as mãos ocupadas – ao observar o comportamento, pode o acto de levar a mão à boca ser substituído por um vegetal ou um copo de água, um brinquedo, etc;

4. Desporto – é uma das formas de aliviar o stress e diminuir energia, consequentemente, reduz o motivo do roer.

Recordo-me da história de um onicófago que deixou de roer quando recebeu elogios desde que fez manicure pela primeira vez. (A vaidade o salvou).

Sou apologista da mudança de hábito por desabituação e substituição por um novo hábito que seja saudável e nada traumatizante.

Fontes e referências:

Dalanora, Uyeda et al (2007).- Destruição de falanges provocada por onicofagia, Hospital Universitário do Oeste do Paraná, Cascavel, Brasil

https://www.scielo.br/j/abd/a/X8pJfLjxH5LkNY3rrftwvfF/?lang=pt

http://www.itad.pt/tratamento-de-psicologia/onicofagia-sofrimento-estetica/

https://www.psicanaliseclinica.com/onicofagia/

https://www.meudicionario.org/onicófago

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