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Polícia diz que não houve mortes no protesto de ontem e nega ter usado balas reais

Polícia diz que não houve mortes no protesto de ontem e nega ter usado balas reais
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A Polícia angolana negou ontem que uma pessoa tenha morrido durante a manifestação, em Luanda, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei, quando tentava impedir a realização do protesto que decorreu pela cidadania, pelo custo e pelas autarquias em 2021, numa altura em que Angola completa 45 anos de Independência.  

O comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, que falou à imprensa, disse que o cidadão que foi dado como morto, com identidade ainda não devidamente confirmada, está internado no hospital Américo Boavida e recebeu tratamento hospitalar e esclarece.

“Caiu quando fugia da acção policial no sentido de dispersar as pessoas. Nós estávamos a dispersar em dois sentidos, porque não deviam fazer ajuntamentos e porque estavam a fazer desacatos contra as autoridades públicas, arremessando objectos e cometendo uma série de actos que constituem prevaricação à lei”, justificou, apresentando como razões para barrar a manifestação o incumprimento de horários, falta de moradas de alguns organizadores e incumprimento das medidas vigentes no decreto presidencial sobre Situação de Calamidade Pública, que impedem ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública.

O responsável garantiu que a Polícia, que realizou várias detenções, não usou balas reais, afirmando que isso seria um genocídio, declarou que “os feridos resultam da carga aplicada contra quem aplica carga contra a polícia”, a fim de “neutralizar os indivíduos”, que “todos os estalos e barulhos que ouviram são próprios de elementos não letais” e, no entanto “é possível que alguns, como é o caso do gás lacrimogéneo, possa causar algum mal-estar a esta ou aquela pessoa”.

Ademais, Eduardo Cerqueira salientou ainda que “não falhou nada” na actuação policial. “O que falhou apenas foi a obstinação, a teimosia de alguns cidadãos em manifestar-se quando não reuniam os requisitos que a lei orienta do ponto de vista do Estado de Calamidade, não do ponto de vista de manifestação”, considerou.

Porém, em declarações ao ONgoma News, uma fonte anónima revela ter estado ao lado da vítima do disparo, viu-o sem vida. “Eles usaram balas incendiárias. Aquilo, mesmo do pé, pode matar”, contou, e assegurou que qualquer informação contrária “só pode ser fabricada”.

Ainda sobre haver ou não uso de força, outra fonte conta que, no final do dia, entre as 14h00 e as 15h00, a Polícia começou a usar água quente e gás laranja. “Neste momento, eles penetravam até nas casas dos moradores do Bairro Palanca. Houve mais desmaios de moradores que acabavam asfixiados com gás nas suas residências fechadas”, revela.

Entretanto, o comandante provincial admitiu haver duas pessoas no hospital: o que estava dado como morto, mas que “está fora de perigo”, e um outro que está a ser assistido, sem confirmar se se trata do activista Nito Alves.

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Redacção

A Polícia angolana negou ontem que uma pessoa tenha morrido durante a manifestação, em Luanda, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei, quando tentava impedir a realização do protesto que decorreu pela cidadania, pelo custo e pelas autarquias em 2021, numa altura em que Angola completa 45 anos de Independência.  

O comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, que falou à imprensa, disse que o cidadão que foi dado como morto, com identidade ainda não devidamente confirmada, está internado no hospital Américo Boavida e recebeu tratamento hospitalar e esclarece.

“Caiu quando fugia da acção policial no sentido de dispersar as pessoas. Nós estávamos a dispersar em dois sentidos, porque não deviam fazer ajuntamentos e porque estavam a fazer desacatos contra as autoridades públicas, arremessando objectos e cometendo uma série de actos que constituem prevaricação à lei”, justificou, apresentando como razões para barrar a manifestação o incumprimento de horários, falta de moradas de alguns organizadores e incumprimento das medidas vigentes no decreto presidencial sobre Situação de Calamidade Pública, que impedem ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública.

O responsável garantiu que a Polícia, que realizou várias detenções, não usou balas reais, afirmando que isso seria um genocídio, declarou que “os feridos resultam da carga aplicada contra quem aplica carga contra a polícia”, a fim de “neutralizar os indivíduos”, que “todos os estalos e barulhos que ouviram são próprios de elementos não letais” e, no entanto “é possível que alguns, como é o caso do gás lacrimogéneo, possa causar algum mal-estar a esta ou aquela pessoa”.

Ademais, Eduardo Cerqueira salientou ainda que “não falhou nada” na actuação policial. “O que falhou apenas foi a obstinação, a teimosia de alguns cidadãos em manifestar-se quando não reuniam os requisitos que a lei orienta do ponto de vista do Estado de Calamidade, não do ponto de vista de manifestação”, considerou.

Porém, em declarações ao ONgoma News, uma fonte anónima revela ter estado ao lado da vítima do disparo, viu-o sem vida. “Eles usaram balas incendiárias. Aquilo, mesmo do pé, pode matar”, contou, e assegurou que qualquer informação contrária “só pode ser fabricada”.

Ainda sobre haver ou não uso de força, outra fonte conta que, no final do dia, entre as 14h00 e as 15h00, a Polícia começou a usar água quente e gás laranja. “Neste momento, eles penetravam até nas casas dos moradores do Bairro Palanca. Houve mais desmaios de moradores que acabavam asfixiados com gás nas suas residências fechadas”, revela.

Entretanto, o comandante provincial admitiu haver duas pessoas no hospital: o que estava dado como morto, mas que “está fora de perigo”, e um outro que está a ser assistido, sem confirmar se se trata do activista Nito Alves.

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