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“Poesia de Intervenção e Cantos da Alma” junta vozes icónicas da literatura angolana

 “Poesia de Intervenção e Cantos da Alma” junta vozes icónicas da literatura angolana
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Andrade Lino

Um recital de poesia, decorrido na última quarta-feira no Camões – Centro Cultural Português, juntou duas vozes icónicas da literatura angolana, nomeadamente Lopito Feijóo e o também jornalista José Luís Mendonça, que em conjunto apresentaram uma série de poemas de sua autoria.

Lopito Feijóo, em entrevista ao ONgoma, declarou que o evento pretendeu trazer justamente poesia de intervenção e cantos da alma, ou seja, poesia que reflecte a realidade social, política e económica angolana.

“Eu tenho um livro que se vai chamar ‘Irresistível Doutrina Contra’, e o José Luís Mendonça também tem um livro novo a editar, embora ainda sem título, onde constam os cantos da alma que ele apresentou. Então, pensamos em fazer uma espécie pré-apresentação dos nossos livros”, revelou, e resumiu que já passam mais de três décadas desde que conheceu José Luís Mendonça, “nas andanças, em tertúlias, no convívio social, nos locais em que se fala, se estuda e se pratica seriamente a poesia”.

Disse por fim que a  receptividade foi “super boa”, pois a sala estava repleta de pessoas e o púbico que esteve presente para prestigiar o acto é “top”.

Por sua vez, José Luís Mendonça afirmou que o objectivo principal dos poetas é sempre mostrar a sua arte, e até que ponto conseguem fazer poesia diferenciada dos outros, e poesia que vai elevar a literatura do país.

“Nós temos o hábito de nos reunirmos em tertúlias, na casa do Lopito Feijóo, que fica ali ao pé da praia da Samba, onde reunimo-nos normalmente com uma panela de caldo de peixe-seco, preparado pelo próprio Lopito. Então, queríamos mostrar a nossa arte a um público maior. Viemos ao Camões, um local com bastante audiência, para mostrarmos poemas do passado (do tempo da guerra) e poemas do presente, que vão sair nos próximos livros. Poesia de Intervenção Social, que, em resumo, é poesia política mesmo, porque o poeta é um intelectual, e todo intelectual tem responsabilidades sociais para com o seu povo. Por outro lado, temos cantos da alma que são reflexões filosóficas sobre a sociedade em que vivemos”, explicou.

“Como não somos políticos no activo, não pertencemos a nenhuma organização, nem fazemos parte do governo, então, nós, com a nossa arte, fazemos intervenção"

O primeiro objectivo é mostrar a alma dos angolanos, continuou, e também a arte de fazer poesia e, por conseguinte, o de intervir como actores políticos. “Como não somos políticos no activo, não pertencemos a nenhuma organização, nem fazemos parte do governo, então, nós, com a nossa arte, fazemos intervenção, sendo uma espécie de porta-vozes dos que não têm voz”, clareou.

Por fim, a directora do Camões - Centro Cultural Português disse que foi um momento alto, em que dois nomes consagrados da poesia angolana e uma referência duma geração pós-independência se juntaram. “Só temos é que regozijar-nos pela visão que a iniciativa teve de reunir todas as gerações à volta da poesia. Foi um  momento bastante interessante que nos foi proporcionado, porque também foi um exercício pedagógico para os mais novos, por forma a seguirem essas passadas, que eles também seguiram doutros, pois falaram do David Mestre e outros, que já não estão mais entre nós. Nós temos tido cá poesia, mas é grande privilégio para o Camões acolher aqui esses nomes”, manifestou Teresa Mateus.

O evento contou ainda com apresentações musicais de Makumba Mambu, no Kisanji, e Costa Maweze, canto e viola.

"Poesia de Intervenção Social, que, em resumo, é poesia política mesmo, porque o poeta é um intelectual, e todo intelectual tem responsabilidades sociais para com o seu povo". 

 

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

Um recital de poesia, decorrido na última quarta-feira no Camões – Centro Cultural Português, juntou duas vozes icónicas da literatura angolana, nomeadamente Lopito Feijóo e o também jornalista José Luís Mendonça, que em conjunto apresentaram uma série de poemas de sua autoria.

Lopito Feijóo, em entrevista ao ONgoma, declarou que o evento pretendeu trazer justamente poesia de intervenção e cantos da alma, ou seja, poesia que reflecte a realidade social, política e económica angolana.

“Eu tenho um livro que se vai chamar ‘Irresistível Doutrina Contra’, e o José Luís Mendonça também tem um livro novo a editar, embora ainda sem título, onde constam os cantos da alma que ele apresentou. Então, pensamos em fazer uma espécie pré-apresentação dos nossos livros”, revelou, e resumiu que já passam mais de três décadas desde que conheceu José Luís Mendonça, “nas andanças, em tertúlias, no convívio social, nos locais em que se fala, se estuda e se pratica seriamente a poesia”.

Disse por fim que a  receptividade foi “super boa”, pois a sala estava repleta de pessoas e o púbico que esteve presente para prestigiar o acto é “top”.

Por sua vez, José Luís Mendonça afirmou que o objectivo principal dos poetas é sempre mostrar a sua arte, e até que ponto conseguem fazer poesia diferenciada dos outros, e poesia que vai elevar a literatura do país.

“Nós temos o hábito de nos reunirmos em tertúlias, na casa do Lopito Feijóo, que fica ali ao pé da praia da Samba, onde reunimo-nos normalmente com uma panela de caldo de peixe-seco, preparado pelo próprio Lopito. Então, queríamos mostrar a nossa arte a um público maior. Viemos ao Camões, um local com bastante audiência, para mostrarmos poemas do passado (do tempo da guerra) e poemas do presente, que vão sair nos próximos livros. Poesia de Intervenção Social, que, em resumo, é poesia política mesmo, porque o poeta é um intelectual, e todo intelectual tem responsabilidades sociais para com o seu povo. Por outro lado, temos cantos da alma que são reflexões filosóficas sobre a sociedade em que vivemos”, explicou.

“Como não somos políticos no activo, não pertencemos a nenhuma organização, nem fazemos parte do governo, então, nós, com a nossa arte, fazemos intervenção"

O primeiro objectivo é mostrar a alma dos angolanos, continuou, e também a arte de fazer poesia e, por conseguinte, o de intervir como actores políticos. “Como não somos políticos no activo, não pertencemos a nenhuma organização, nem fazemos parte do governo, então, nós, com a nossa arte, fazemos intervenção, sendo uma espécie de porta-vozes dos que não têm voz”, clareou.

Por fim, a directora do Camões - Centro Cultural Português disse que foi um momento alto, em que dois nomes consagrados da poesia angolana e uma referência duma geração pós-independência se juntaram. “Só temos é que regozijar-nos pela visão que a iniciativa teve de reunir todas as gerações à volta da poesia. Foi um  momento bastante interessante que nos foi proporcionado, porque também foi um exercício pedagógico para os mais novos, por forma a seguirem essas passadas, que eles também seguiram doutros, pois falaram do David Mestre e outros, que já não estão mais entre nós. Nós temos tido cá poesia, mas é grande privilégio para o Camões acolher aqui esses nomes”, manifestou Teresa Mateus.

O evento contou ainda com apresentações musicais de Makumba Mambu, no Kisanji, e Costa Maweze, canto e viola.

"Poesia de Intervenção Social, que, em resumo, é poesia política mesmo, porque o poeta é um intelectual, e todo intelectual tem responsabilidades sociais para com o seu povo". 

 

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