Actualidade
Arte e Cultura

“Os promotores de eventos relevam muito o imediatismo”, critica humorista Renata Torres

“Os promotores de eventos relevam muito o imediatismo”, critica humorista Renata Torres
Foto por:
vídeo por:
Andrade Lino

A humorista angolana Renata Torres criticou o facto de muitos promotores de eventos estarem mais preocupados em abraçar projectos de artistas que já têm alguém destaque, tendo afirmado que estes “relevam muito o imediatismo e querem logo ficar ricos”.

A também actriz falou por ocasião da segunda edição do show multifacetado “Espectáculos com Orlando Capata”, decorrida na quinta-feira passada, onde foi convidada, e acrescentou então que os realizadores de eventos “não querem trabalhar com quem pode vir a ser alguém, mas com quem já é”.

Indignada com a falta de infra-estruturas culturais, Renata Torres continuou que é necessário que essas pessoas tenham em mente que o produto só precisa é de consistência e ser bom. Investindo neste, declara, os artistas precisam de tempo para se dedicarem apenas a isso e a qualidade do trabalho deles melhora. “É uma máquina que funciona se cada um fizer o seu papel”, disse.

“Não temos infra-estruturas, e se continuarmos assim, nunca vamos melhorar. Alguém precisa começar a fazer alguma coisa, construir um anfiteatro, em vez de hotéis, que depois ficam vazios. Um anfiteatro pode reunir várias actividades e ser um lugar rentável. A questão é que aqui a visão para negócios é extremamente limitada. Até negócios imitamos, sem saber o que é que o outro faz para render. É preciso arriscar e ser mais visionário. Fala-se tanto em workshops sobre empreendedorismo, mas quando dermos por conta, somos todos a mesma coisa: designer, make-up artist, enfim, uma onda de coisas na qual alguém precisa dar-se bem para os outros começarem a fazer”, desabafou, tendo clareado que “não é de todo ruim, pois alguém precisa fazer bem para que os indivíduos ganhem confiança, mas também é importante as pessoas arriscarem um pouco, vão à busca de conhecimento, ver o que é que se precisa, porque todo negócio começa de uma necessidade, e é preciso ainda olhar-se para as artes, no geral, como um negócio rentável”.

“Isto funciona, e há público. O que acontece é que as pessoas às vezes são muito exageradas na selecção do próprio público. É preciso também explorar outras áreas da cidade”, afirmou a artista, parte dos humoristas que actuam no espectáculo de Stand Up Comedy “Goz´Aqui”.

Ademais, frisou, a arte é um negócio de mendigagem, como as pessoas ainda vêem. “Os investidores, não patrocinadores, têm que começar a ver a arte como algo rentável, caso contrário, lá fora não haveria o mercado que há”, observou.

Humorista há um ano, Renata Torres confessa ainda ter muito que aprender, porque, para si, para fazer humor, importa estudo e dedicação, e está a trabalhar para isso. “É uma área pela qual aprendi a me apaixonar”, revelou.

Quanto ao evento, manifestou gostar “muito” da iniciativa e, sempre que pode, apoia iniciativas do género, em que estilo for.

“Sinto-me honrada pelo convite, gosto do formato do evento, do facto de dar abertura aos talentos, e como pode ver não se trata de apenas humoristas. Gosto da intenção de mesclar as artes num só palco, e torço para que de facto este projecto resulte, a coisa flua e as pessoas adiram”, finalizou, em entrevista ao ONgoma News.

O anfitrião do evento, Orlando Capata, por sua vez, declarou que o espectáculo é como um filho que nasce, está a começar agora e por isso não se pode exigir muito dele.

“Na verdade, no primeiro evento, tivemos uma receptividade muito boa. Nesta segunda edição também, pese embora tenhamos tido apenas duas presenças do primeiro espectáculo, sendo todo o resto pessoal novo. Mas agrada-me porque tivemos um público razoável, o que quer dizer a mensagem chegou às outras pessoas, e é este o foco”, partilhou.

À parte a sua participação no Goz´Aqui, este é uma actividade de entretimento ao vivo, um show de variedades, que o humorista acredita ser bom para a completação do mosaico cultural.

Entretanto, defende que “nós não precisamos de eventos nem de artistas iguais, mas de originalidade”.

Com um espaço aberto para o público contar anedotas, denominado “Posso Contar”, momentos para talentos, do humor, literatura, teatro e não só, Orlando Capata pretende, através deste projecto, promover programas com formatos interactivos.

Para a próxima edição, o espectáculo reserva magia e humor.

Destaque

No items found.

6galeria

Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A humorista angolana Renata Torres criticou o facto de muitos promotores de eventos estarem mais preocupados em abraçar projectos de artistas que já têm alguém destaque, tendo afirmado que estes “relevam muito o imediatismo e querem logo ficar ricos”.

A também actriz falou por ocasião da segunda edição do show multifacetado “Espectáculos com Orlando Capata”, decorrida na quinta-feira passada, onde foi convidada, e acrescentou então que os realizadores de eventos “não querem trabalhar com quem pode vir a ser alguém, mas com quem já é”.

Indignada com a falta de infra-estruturas culturais, Renata Torres continuou que é necessário que essas pessoas tenham em mente que o produto só precisa é de consistência e ser bom. Investindo neste, declara, os artistas precisam de tempo para se dedicarem apenas a isso e a qualidade do trabalho deles melhora. “É uma máquina que funciona se cada um fizer o seu papel”, disse.

“Não temos infra-estruturas, e se continuarmos assim, nunca vamos melhorar. Alguém precisa começar a fazer alguma coisa, construir um anfiteatro, em vez de hotéis, que depois ficam vazios. Um anfiteatro pode reunir várias actividades e ser um lugar rentável. A questão é que aqui a visão para negócios é extremamente limitada. Até negócios imitamos, sem saber o que é que o outro faz para render. É preciso arriscar e ser mais visionário. Fala-se tanto em workshops sobre empreendedorismo, mas quando dermos por conta, somos todos a mesma coisa: designer, make-up artist, enfim, uma onda de coisas na qual alguém precisa dar-se bem para os outros começarem a fazer”, desabafou, tendo clareado que “não é de todo ruim, pois alguém precisa fazer bem para que os indivíduos ganhem confiança, mas também é importante as pessoas arriscarem um pouco, vão à busca de conhecimento, ver o que é que se precisa, porque todo negócio começa de uma necessidade, e é preciso ainda olhar-se para as artes, no geral, como um negócio rentável”.

“Isto funciona, e há público. O que acontece é que as pessoas às vezes são muito exageradas na selecção do próprio público. É preciso também explorar outras áreas da cidade”, afirmou a artista, parte dos humoristas que actuam no espectáculo de Stand Up Comedy “Goz´Aqui”.

Ademais, frisou, a arte é um negócio de mendigagem, como as pessoas ainda vêem. “Os investidores, não patrocinadores, têm que começar a ver a arte como algo rentável, caso contrário, lá fora não haveria o mercado que há”, observou.

Humorista há um ano, Renata Torres confessa ainda ter muito que aprender, porque, para si, para fazer humor, importa estudo e dedicação, e está a trabalhar para isso. “É uma área pela qual aprendi a me apaixonar”, revelou.

Quanto ao evento, manifestou gostar “muito” da iniciativa e, sempre que pode, apoia iniciativas do género, em que estilo for.

“Sinto-me honrada pelo convite, gosto do formato do evento, do facto de dar abertura aos talentos, e como pode ver não se trata de apenas humoristas. Gosto da intenção de mesclar as artes num só palco, e torço para que de facto este projecto resulte, a coisa flua e as pessoas adiram”, finalizou, em entrevista ao ONgoma News.

O anfitrião do evento, Orlando Capata, por sua vez, declarou que o espectáculo é como um filho que nasce, está a começar agora e por isso não se pode exigir muito dele.

“Na verdade, no primeiro evento, tivemos uma receptividade muito boa. Nesta segunda edição também, pese embora tenhamos tido apenas duas presenças do primeiro espectáculo, sendo todo o resto pessoal novo. Mas agrada-me porque tivemos um público razoável, o que quer dizer a mensagem chegou às outras pessoas, e é este o foco”, partilhou.

À parte a sua participação no Goz´Aqui, este é uma actividade de entretimento ao vivo, um show de variedades, que o humorista acredita ser bom para a completação do mosaico cultural.

Entretanto, defende que “nós não precisamos de eventos nem de artistas iguais, mas de originalidade”.

Com um espaço aberto para o público contar anedotas, denominado “Posso Contar”, momentos para talentos, do humor, literatura, teatro e não só, Orlando Capata pretende, através deste projecto, promover programas com formatos interactivos.

Para a próxima edição, o espectáculo reserva magia e humor.

6galeria

Artigos relacionados

Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form