Arte e Cultura
III Trienal de Luanda

Os Kiezos e a celebração de mais de cinquenta anos dedicados à música popular angolana

Os Kiezos e a celebração de mais de cinquenta anos dedicados à música popular angolana
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Andrade Lino

A Trienal de Luanda, dentro do ciclo de homenagens que tem vindo a realizar a vários artistas e bandas da música popular angolana, prestigiou o conjunto Kiezos, num concerto que aconteceu no Palco Ngola do Palácio de Ferro.

O espéctaculo reuniu jovens e idosos para enaltecer os mais de 50 anos de existência do agrupamento, pelo contributo que tem dado, desde a sua fundação, para a valorização e divulgação do Semba.

Neste novo formato, subiram ao palco Brando Cunha (viola solo), Gegé Faria (contra solo), Zeca Tirilene (viola ritmo), Dulce Trindade (baixo), Habana Maior (tumbas), João Diloba (bateria), Tony Samba (teclas), Manuelito e Zé Manico (vozes), que durante a sua actuação apresentaram temas como “Nga na Zambi”, “Xé, Xé Mãe", "Nzo Yami”, “Rosa Rosé”, “Mua Pango”, “Za Boba”, “Milhoró”, “Princesa Rita” e outros que conduziram a plateia numa a visita à história musical do grupo.

Num momento inesperado, Mestre Kituxi, um dos co-fundadores da companhia, sobe ao palco e relembra as canções que marcaram o período áureo da banda, instante que lhe valeu palmas e muitos elogios por parte do público. “É muito bom estar aqui e poder partilhar esse momento convosco, e se pudesse até estaria aí a tocar e a cantar”, disse, entretanto.

O vocalista, Zé Manico, afirmou sentir-me feliz, lisonjeado e como que cumprida a sua missão. “ É um enorme privilégio para mim ter feito parte dessa homenagem, sabendo que os Kiezos são uma marca no país”, manifestou.

Para Brando Cunha (viola solo), os Kiezos são um grupo que não pára, vai continuar sempre, porque não pode acabar. “Estamos a viver um momento de tamanha alegria, visto que somos a terceira geração de um grupo pelo qual já passaram mais de 100 elementos. Somos como uma equipa de futebol”, afirmou.

“Esta é uma grande homenagem dos Kiezos, uma homenagem fora de série, dos kotas, e a juventude está aqui mesmo a ver o trabalho que a malta está a fazer, que é seguir as pegadas dos mais velhos. Então, às vezes tenho que dar um toque a mais, para indicar os melhores caminhos musicais, mostrando o que aprendemos”, disse, por sua vez, o percussionista Manuel António Correia, de nome artístico “Habana Maior”.

Em entrevista ao ONgoma, Jomo Fortunato, colaborador da Trienal de Luanda, relevou que “é bom que a cultura angolana se desenvolva, mas olhando para trás, para os seus feitos. A nova geração tem que conhecer a música angolana e os produtos culturais do passado”, defendeu.

Para além de se homenagearem os artistas pelas suas obras, acrescentou, a Trienal de Luanda tem estado a ajudar os artistas do ponto de vista pecuniário. “Não há muito dinheiro, mas o pouco que há, vai-se distribuindo aos artistas. É necessário que as homenagens sejam feitas de forma simbólica, porque além do concerto, são referenciados os artistas que já faleceram, e foi o que se fez aqui hoje”, esclareceu.

A história dos Kiezos começa no bairro Marçal, quando Mestre Kituxi reuniu Marito, Adolfo Coelho e Avozinho, resultando na criação de um grupo anónimo que animava as noites no Marçal.

Nos anos 80, com o cantor Tony do Fumo, o conjunto ganha notoriedade com as canções "Nguami Ku Soba", "Kiezu jabu", "Monami Messene" e outras, e na década de 90 do século com Zecax ao comando atinge o apogeu com temas de antologia como "Maximbombo", "Chapada", "Boleia" e muitos outros.

Matadidi Mário Buana Kitoko, Dulce Trindade, Joãozinho Morgado, Xabanu, Jovens do Prenda e vários outros, são os artistas que já mereceram homenagem na III Trienal de Luanda.

nessa senda.

 

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A Trienal de Luanda, dentro do ciclo de homenagens que tem vindo a realizar a vários artistas e bandas da música popular angolana, prestigiou o conjunto Kiezos, num concerto que aconteceu no Palco Ngola do Palácio de Ferro.

O espéctaculo reuniu jovens e idosos para enaltecer os mais de 50 anos de existência do agrupamento, pelo contributo que tem dado, desde a sua fundação, para a valorização e divulgação do Semba.

Neste novo formato, subiram ao palco Brando Cunha (viola solo), Gegé Faria (contra solo), Zeca Tirilene (viola ritmo), Dulce Trindade (baixo), Habana Maior (tumbas), João Diloba (bateria), Tony Samba (teclas), Manuelito e Zé Manico (vozes), que durante a sua actuação apresentaram temas como “Nga na Zambi”, “Xé, Xé Mãe", "Nzo Yami”, “Rosa Rosé”, “Mua Pango”, “Za Boba”, “Milhoró”, “Princesa Rita” e outros que conduziram a plateia numa a visita à história musical do grupo.

Num momento inesperado, Mestre Kituxi, um dos co-fundadores da companhia, sobe ao palco e relembra as canções que marcaram o período áureo da banda, instante que lhe valeu palmas e muitos elogios por parte do público. “É muito bom estar aqui e poder partilhar esse momento convosco, e se pudesse até estaria aí a tocar e a cantar”, disse, entretanto.

O vocalista, Zé Manico, afirmou sentir-me feliz, lisonjeado e como que cumprida a sua missão. “ É um enorme privilégio para mim ter feito parte dessa homenagem, sabendo que os Kiezos são uma marca no país”, manifestou.

Para Brando Cunha (viola solo), os Kiezos são um grupo que não pára, vai continuar sempre, porque não pode acabar. “Estamos a viver um momento de tamanha alegria, visto que somos a terceira geração de um grupo pelo qual já passaram mais de 100 elementos. Somos como uma equipa de futebol”, afirmou.

“Esta é uma grande homenagem dos Kiezos, uma homenagem fora de série, dos kotas, e a juventude está aqui mesmo a ver o trabalho que a malta está a fazer, que é seguir as pegadas dos mais velhos. Então, às vezes tenho que dar um toque a mais, para indicar os melhores caminhos musicais, mostrando o que aprendemos”, disse, por sua vez, o percussionista Manuel António Correia, de nome artístico “Habana Maior”.

Em entrevista ao ONgoma, Jomo Fortunato, colaborador da Trienal de Luanda, relevou que “é bom que a cultura angolana se desenvolva, mas olhando para trás, para os seus feitos. A nova geração tem que conhecer a música angolana e os produtos culturais do passado”, defendeu.

Para além de se homenagearem os artistas pelas suas obras, acrescentou, a Trienal de Luanda tem estado a ajudar os artistas do ponto de vista pecuniário. “Não há muito dinheiro, mas o pouco que há, vai-se distribuindo aos artistas. É necessário que as homenagens sejam feitas de forma simbólica, porque além do concerto, são referenciados os artistas que já faleceram, e foi o que se fez aqui hoje”, esclareceu.

A história dos Kiezos começa no bairro Marçal, quando Mestre Kituxi reuniu Marito, Adolfo Coelho e Avozinho, resultando na criação de um grupo anónimo que animava as noites no Marçal.

Nos anos 80, com o cantor Tony do Fumo, o conjunto ganha notoriedade com as canções "Nguami Ku Soba", "Kiezu jabu", "Monami Messene" e outras, e na década de 90 do século com Zecax ao comando atinge o apogeu com temas de antologia como "Maximbombo", "Chapada", "Boleia" e muitos outros.

Matadidi Mário Buana Kitoko, Dulce Trindade, Joãozinho Morgado, Xabanu, Jovens do Prenda e vários outros, são os artistas que já mereceram homenagem na III Trienal de Luanda.

nessa senda.

 

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