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“Os jovens não têm o domínio das línguas nacionais, mas não por culpa deles”, afirmou professora Cesaltina Kulanda

“Os jovens não têm o domínio das línguas nacionais, mas não por culpa deles”, afirmou professora Cesaltina Kulanda
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Andrade Lino

A docente universitária Cesaltina Kulanda lamentou que os jovens não tenham o domínio das línguas nacionais, mas afirmou que “a culpa não é deles, é do facto de os seus encarregados de educação e a sociedade ainda continuarem apegados àquilo que foi o sistema colonial”.

Falando por ocasião do lançamento do seu primeiro livro, “Dicionário de verbos conjugados em Umbundu e Português – Três tempos num só modo”, lançado na União dos Escritores Angolanos, com o propósito de virar a página da literatura angolana científica, sendo que desde a chegada dos portugueses a Angola o material literário que se foi consumindo foi escrito única e simplesmente em língua portuguesa, a autora afirmou que “não podemos estar a chorar, precisamos construir a nossa casa linguística, isso se na verdade existe a vontade de preservar concretamente a língua portuguesa, porque as nossas crianças (e muitos adultos), mesmo não falando as línguas nacionais, têm na sua comunicação a presença das línguas bantu”.  

“O tal processo de assimilação deixou marcas muito profundas, deixou raízes e olhamos para o plurilinguismo angolano, onde vamos enquadrar as nossas línguas, que na verdade desempenham o papel da nossa identidade e são as únicas que constituem o nosso verdadeiro passaporte. Então, tem que haver flexibilidade por parte daqueles que estão mais preocupados com a questão económica ou de outras áreas da sociedade e esquecem que a língua é a primeira manifestação cultural e não há sociedade sem cultura. Não pode haver sociedade sem língua, e há toda uma necessidade de se primar pela inserção urgente das línguas no sistema de ensino de todo território nacional”, observou.

Formada em Ensino do Português e Línguas Nacionais, Cesaltina disse, quanto à obra, que faz sentido lembrar que na era colonial e no período pós-independência alguns pesquisadores já fizeram algum trabalho, mas este livro vem virar a página, por ser o primeiro que começa de uma língua nativa e então é traduzido para a língua portuguesa e assim, a preocupação para a obra, apresentada no passado dia 9 deste mês e que conta com mais de duzentas páginas, surgiu olhando para a realidade contextual de Angola, que é plurilingue.

Professora de Técnicas de Comunicação e Expressão na Universidade Gregório Semedo, a autora afirmou ainda que este livro, lançado sob égide da Chela Editora, é mesmo uma ajuda, porque vai ser traduzida em outras línguas nacionais. “É um trabalho que nós começamos e precisamos realmente de apoio para continuarmos a escrever e apoiar de uma forma ou de outra, e acho que o Ministério da Educação precisa dessas valências”, reforçou, em entrevista ao ONgoma News.

Entretanto, o dicionário está dividido em três tempos (Presente, Pretérito Perfeito e Futuro Perfeito), no modo indicativo, e conta inclusive com algumas estruturas frásicas em formas de rodapé nas tabelas, para facilitar a construção das próprias frases, onde a docente dá exemplos de antropónimos para ensinar às pessoas que os nossos nomes também desempenham um papel relevante na nossa sociedade. “Não devemos dizer que esse ou aquele nome é muito pesado para uma criança”, alertou.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

A docente universitária Cesaltina Kulanda lamentou que os jovens não tenham o domínio das línguas nacionais, mas afirmou que “a culpa não é deles, é do facto de os seus encarregados de educação e a sociedade ainda continuarem apegados àquilo que foi o sistema colonial”.

Falando por ocasião do lançamento do seu primeiro livro, “Dicionário de verbos conjugados em Umbundu e Português – Três tempos num só modo”, lançado na União dos Escritores Angolanos, com o propósito de virar a página da literatura angolana científica, sendo que desde a chegada dos portugueses a Angola o material literário que se foi consumindo foi escrito única e simplesmente em língua portuguesa, a autora afirmou que “não podemos estar a chorar, precisamos construir a nossa casa linguística, isso se na verdade existe a vontade de preservar concretamente a língua portuguesa, porque as nossas crianças (e muitos adultos), mesmo não falando as línguas nacionais, têm na sua comunicação a presença das línguas bantu”.  

“O tal processo de assimilação deixou marcas muito profundas, deixou raízes e olhamos para o plurilinguismo angolano, onde vamos enquadrar as nossas línguas, que na verdade desempenham o papel da nossa identidade e são as únicas que constituem o nosso verdadeiro passaporte. Então, tem que haver flexibilidade por parte daqueles que estão mais preocupados com a questão económica ou de outras áreas da sociedade e esquecem que a língua é a primeira manifestação cultural e não há sociedade sem cultura. Não pode haver sociedade sem língua, e há toda uma necessidade de se primar pela inserção urgente das línguas no sistema de ensino de todo território nacional”, observou.

Formada em Ensino do Português e Línguas Nacionais, Cesaltina disse, quanto à obra, que faz sentido lembrar que na era colonial e no período pós-independência alguns pesquisadores já fizeram algum trabalho, mas este livro vem virar a página, por ser o primeiro que começa de uma língua nativa e então é traduzido para a língua portuguesa e assim, a preocupação para a obra, apresentada no passado dia 9 deste mês e que conta com mais de duzentas páginas, surgiu olhando para a realidade contextual de Angola, que é plurilingue.

Professora de Técnicas de Comunicação e Expressão na Universidade Gregório Semedo, a autora afirmou ainda que este livro, lançado sob égide da Chela Editora, é mesmo uma ajuda, porque vai ser traduzida em outras línguas nacionais. “É um trabalho que nós começamos e precisamos realmente de apoio para continuarmos a escrever e apoiar de uma forma ou de outra, e acho que o Ministério da Educação precisa dessas valências”, reforçou, em entrevista ao ONgoma News.

Entretanto, o dicionário está dividido em três tempos (Presente, Pretérito Perfeito e Futuro Perfeito), no modo indicativo, e conta inclusive com algumas estruturas frásicas em formas de rodapé nas tabelas, para facilitar a construção das próprias frases, onde a docente dá exemplos de antropónimos para ensinar às pessoas que os nossos nomes também desempenham um papel relevante na nossa sociedade. “Não devemos dizer que esse ou aquele nome é muito pesado para uma criança”, alertou.

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