Hoje comemora-se o dia mundial da criança. Em alusão a esta data, o Instituto Nacional da Criança (INAC), elegeu como lema para a jornada do mês dos “mais pequenos” “Pela criança, Angola sempre comprometida”.
As actividades acontecem em todo o país, com o início hoje, passando pelo dia 4, dia mundial do combate à agressão contra a criança; dia 5, dia mundial do ambiente; dia 12, dia do combate ao trabalho infantil e 16 , dia da criança africana.
Em relação ao dia da criança africana, o INAC definiu como lema para este ano: “Agenda 2030 para um desenvolvimento durável em favor das crianças em África, aceleremos a protecção, responsabilidade e igualdade de oportunidades.”
O dia mundial da criança conduz todo o adulto a uma reflexão em torno da população menor de idade, de modo geral, uma vez serem elas a base para um futuro sustentável. Por esse facto, o Ongoma News conversou com professores angolanos acerca desta data, com o foco virado para os desafios da educação e saúde infantil em Angola.
Desafios da educação ao nível das famílias
Para o professor de Educação Moral e Cívica (EMC), Manuel Coxe, “a questão educacional é deveras preocupante. Actualmente, enfrentamos uma desestruturação social de grande proporção de tal forma que as nossas famílias perderam o norte”, introduziu o docente. No mesmo diapasão, Armando Pinho, professor de Antropologia Filosófica Cultural e missionário católico, é de opinião que a educação infantil é um projecto que está ainda a dar os seus primeiros passos.
“Não podemos falar de uma educação acabada, mas sim de uma educação com certos limites e deficiências que se vão aprimorando paulatinamente”, referiu o missionário.
Entretanto, Manuel Coxe afirmou que a maior parte das famílias angolanas é pobre e com dificuldades ao nível social, económico, estrutural e psicológico para, de forma muito equilibrada, orientar os filhos.
No que toca ao ensino formal, Manuel Coxe admitiu que o país tem “ainda um número de criança, fora do sistema de ensino, que enfrenta graves e difíceis problemas”. Em contrapartida, Luzia Soares, professora de Metodologia de Educação Pré-Escolar, considerou que actualmente já existem “muitas instituições a cuidarem de crianças e há necessidade de os pais colocarem os seus filhos nas instituições de infância”.
Adiante, a referida professora alertou aos pais e encarregados de educação para o facto de não colocarem os filhos nas instituições de infância porque simplesmente elas não terem com quem ficar em casa,mas porque é uma necessidade de modo a partilhar as suas ideias com outras crianã, ganhando novas experiências.
Por seu turno, Manuel Coxe argumentou que há meios em que a criança tem de escolher entre estudar e ir para o campo a fim de ajudar nas necessidades de casa. O docente admite mesmo que ao nível da cidade muitas crianças deixam de estudar porque têm de participar nas despesas do lar.
A criança e os meios tecnológicos
Quanto da criança com os meios tecnológicos, o missionário católico e também professor de Antropologia Filosófica e Cultural considerou que “estes meios chegam abruptamente à nossa realidade e, como passivos, estamos a consumir esse produto sem muitas noções”.
Por esse facto, esse missionário defendeu a inserção familiar e cultural, como forma de se ter a noção correcta desses meios.
“É preciso inserir, em primeiro lugar, as famílias no uso destas novas tecnologias para que elas saibam valorar e valorando possam perceber as vantagens e desvantagens dessas novas tecnologias para que, depois, no processo de ensino e aprendizagem, possam instruir os filhos no uso correcto desses meios.”
Por seu turno, Luzia Soares afirmou que “estes meios têm a sua importância , porém, devem ser balanceados e controlados pelos encarregados de educação , uma vez que nem tudo o que lá passa é salutar para a criança.”
No que se refere aos programas televisivos, a docente referiu ser comum os encarregados de educação colocarem as crianças a ver um programa televisivo por não terem tempo para elas. No mesmo diapasão, Armando Pinho referiu que, para muitas famílias, a televisão é um meio de distracção para entreter as crianças a fim de não incomodarem de modo que tenham esses pais algo a fazer naquele momento.
“Os pais ou não têm tempo ou estão preocupados com outras situações, o que obriga, muitas vezes, a uma não iniciação correcta no uso da TV no seio familiar. E quando isto acontece, é uma criança que tem acesso a novelas, filmes e outros programas de entretenimento não compatíveis com a sua idade”, afirmou o missionário.
Por consequência, continuou o missionário católico, “a criança vai ter práticas desajustadas à sua idade, vai ter valores que não são aqueles observados na sua cultura e vai ter acções que não condizem com a sua personalidade, gerando comportamento delinquente e desviante”.
... “temos de proporcionar espaços próprios para elas nos meios de comunicação social públicos e privados, fazendo-se um estudo sobre os horários em que as crianças estão em casa”.
Desta forma, a professora sugeriu a criação de momentos de assistência desses programas infantis em família e discussão sobre o que se viu nos referidos programas, a fim de possibilitar a criança a comunicar. Esta ideia é corroborada por Manuel Coxe, para quem é preciso que os pais assistam a certos programas com os filhos, orientando-os sobre as particularidades de cada programa, bem como os benefícios e não os deixando à sorte.
Entretanto, muitas famílias, por serem pobres, não dispõem de instrumentos tecnológicos e a este propósito Armando Pinho afirma que diversas crianças os encontram fora de casa e, desta maneira, usam-nos da forma que lhes for aprazível, sem nenhuma orientação.
Por outro lado, Manuel Coxe considera que não se pode pensar que a criança é um adulto em miniatura. Por isso, avançou o professor de Moral, “temos de proporcionar espaços próprios para elas nos meios de comunicação social públicos e privados, fazendo-se um estudo sobre os horários em que as crianças estão em casa”.
Ademais, o professor de EMC recomendou a criação de uma indústria cinematográfica em Angola, bem como a educação para o uso dos meios tecnológicos.
“É preciso inserir, em primeiro lugar, as famílias no uso destas novas tecnologias para que elas saibam valorar e valorando possam perceber as vantagens e desvantagens dessas novas tecnologias para que, depois, no processo de ensino e aprendizagem, possam instruir os filhos no uso correcto desses meios.”
Desafios da saúde infantil
O estado de saúde das crianças angolanas pressupõe uma certa deficiência, argumenta Manuel Coxe, ao afirmar que o país tem “níveis de mortalidade infantil elevados, hospitais sem medicamentos e estamos carentes de técnicos com qualidade aceitável, apesar dos esforços para se reverter o quadro”, ideia compartilhada por Armando Pinho, para quem a alimentação [em Angola] continua a ser deficiente no seio das crianças, resultando em elevadas taxas de mortalidade dessa franja da sociedade.
Para o missionário católico, diversos factores concorrem para o estado de saúde das crianças angolanas.
“A localização da residência de muitas famílias, o saneamento básico, o acesso aos meios de alimentação, o não desenvolvimento do corpo associados à subnutrição, em algumas áreas e, em outras, a desnutrição das nossas crianças, influenciam a capacidade de assimilação da criança no processo de ensino e aprendizagem”, apontou o missionário.
De acordo com a professora Luzia Soares, as crianças angolanas comem mal, uma vez que levam como lanche refrigerantes, batata fritas e outros, o que, segundo a referida educadora, se deve evitar.
No que toca ao consumo de frutas, a metodóloga, mais optimista, admite que o país está bem.
“Em Angola, temos uma variedade de frutas em todo o ano e não é cara.” Por este facto, Luzia Soares aconselhou os pais e encarregados de educação a preparar lanches mais saudáveis, como o sumo de limão, laranja, uma peça de fruta e bolachas.
Por seu lado, o professor Armando Pinho afirma ser também da responsabilidade do Estado velar pela família.
“Há muitas famílias desempregadas. Deste modo, o Estado devia gizar políticas que pudessem suprir as deficiências no seio das famílias. Para tal, prosseguiu o referido professor, é preciso promover a agricultura como tal para que os produtos básicos para o acesso das famílias estejam mais ao alcance de todos, de modo a reduzir os custos, potenciando uma alimentação de qualidade”, rematou.
De acordo com a professora Luzia Soares, as crianças angolanas comem mal, uma vez que levam como lanche refrigerantes, batata fritas e outros, o que, segundo a referida educadora, se deve evitar.
De acordo com as fontes do Ongoma News, em Angola, o Executivo adoptou 11 compromissos que garantem a realização dos direitos da criança desde o nascimento, segurança alimentar, registo de nascimento, educação da primeira infância, educação primária e formação profissional, justiça juvenil e prevenção, tratamento, apoio e resolução do impacto do VIH/SIDA nas famílias e crianças.
Hoje comemora-se o dia mundial da criança. Em alusão a esta data, o Instituto Nacional da Criança (INAC), elegeu como lema para a jornada do mês dos “mais pequenos” “Pela criança, Angola sempre comprometida”.
As actividades acontecem em todo o país, com o início hoje, passando pelo dia 4, dia mundial do combate à agressão contra a criança; dia 5, dia mundial do ambiente; dia 12, dia do combate ao trabalho infantil e 16 , dia da criança africana.
Em relação ao dia da criança africana, o INAC definiu como lema para este ano: “Agenda 2030 para um desenvolvimento durável em favor das crianças em África, aceleremos a protecção, responsabilidade e igualdade de oportunidades.”
O dia mundial da criança conduz todo o adulto a uma reflexão em torno da população menor de idade, de modo geral, uma vez serem elas a base para um futuro sustentável. Por esse facto, o Ongoma News conversou com professores angolanos acerca desta data, com o foco virado para os desafios da educação e saúde infantil em Angola.
Desafios da educação ao nível das famílias
Para o professor de Educação Moral e Cívica (EMC), Manuel Coxe, “a questão educacional é deveras preocupante. Actualmente, enfrentamos uma desestruturação social de grande proporção de tal forma que as nossas famílias perderam o norte”, introduziu o docente. No mesmo diapasão, Armando Pinho, professor de Antropologia Filosófica Cultural e missionário católico, é de opinião que a educação infantil é um projecto que está ainda a dar os seus primeiros passos.
“Não podemos falar de uma educação acabada, mas sim de uma educação com certos limites e deficiências que se vão aprimorando paulatinamente”, referiu o missionário.
Entretanto, Manuel Coxe afirmou que a maior parte das famílias angolanas é pobre e com dificuldades ao nível social, económico, estrutural e psicológico para, de forma muito equilibrada, orientar os filhos.
No que toca ao ensino formal, Manuel Coxe admitiu que o país tem “ainda um número de criança, fora do sistema de ensino, que enfrenta graves e difíceis problemas”. Em contrapartida, Luzia Soares, professora de Metodologia de Educação Pré-Escolar, considerou que actualmente já existem “muitas instituições a cuidarem de crianças e há necessidade de os pais colocarem os seus filhos nas instituições de infância”.
Adiante, a referida professora alertou aos pais e encarregados de educação para o facto de não colocarem os filhos nas instituições de infância porque simplesmente elas não terem com quem ficar em casa,mas porque é uma necessidade de modo a partilhar as suas ideias com outras crianã, ganhando novas experiências.
Por seu turno, Manuel Coxe argumentou que há meios em que a criança tem de escolher entre estudar e ir para o campo a fim de ajudar nas necessidades de casa. O docente admite mesmo que ao nível da cidade muitas crianças deixam de estudar porque têm de participar nas despesas do lar.
A criança e os meios tecnológicos
Quanto da criança com os meios tecnológicos, o missionário católico e também professor de Antropologia Filosófica e Cultural considerou que “estes meios chegam abruptamente à nossa realidade e, como passivos, estamos a consumir esse produto sem muitas noções”.
Por esse facto, esse missionário defendeu a inserção familiar e cultural, como forma de se ter a noção correcta desses meios.
“É preciso inserir, em primeiro lugar, as famílias no uso destas novas tecnologias para que elas saibam valorar e valorando possam perceber as vantagens e desvantagens dessas novas tecnologias para que, depois, no processo de ensino e aprendizagem, possam instruir os filhos no uso correcto desses meios.”
Por seu turno, Luzia Soares afirmou que “estes meios têm a sua importância , porém, devem ser balanceados e controlados pelos encarregados de educação , uma vez que nem tudo o que lá passa é salutar para a criança.”
No que se refere aos programas televisivos, a docente referiu ser comum os encarregados de educação colocarem as crianças a ver um programa televisivo por não terem tempo para elas. No mesmo diapasão, Armando Pinho referiu que, para muitas famílias, a televisão é um meio de distracção para entreter as crianças a fim de não incomodarem de modo que tenham esses pais algo a fazer naquele momento.
“Os pais ou não têm tempo ou estão preocupados com outras situações, o que obriga, muitas vezes, a uma não iniciação correcta no uso da TV no seio familiar. E quando isto acontece, é uma criança que tem acesso a novelas, filmes e outros programas de entretenimento não compatíveis com a sua idade”, afirmou o missionário.
Por consequência, continuou o missionário católico, “a criança vai ter práticas desajustadas à sua idade, vai ter valores que não são aqueles observados na sua cultura e vai ter acções que não condizem com a sua personalidade, gerando comportamento delinquente e desviante”.
... “temos de proporcionar espaços próprios para elas nos meios de comunicação social públicos e privados, fazendo-se um estudo sobre os horários em que as crianças estão em casa”.
Desta forma, a professora sugeriu a criação de momentos de assistência desses programas infantis em família e discussão sobre o que se viu nos referidos programas, a fim de possibilitar a criança a comunicar. Esta ideia é corroborada por Manuel Coxe, para quem é preciso que os pais assistam a certos programas com os filhos, orientando-os sobre as particularidades de cada programa, bem como os benefícios e não os deixando à sorte.
Entretanto, muitas famílias, por serem pobres, não dispõem de instrumentos tecnológicos e a este propósito Armando Pinho afirma que diversas crianças os encontram fora de casa e, desta maneira, usam-nos da forma que lhes for aprazível, sem nenhuma orientação.
Por outro lado, Manuel Coxe considera que não se pode pensar que a criança é um adulto em miniatura. Por isso, avançou o professor de Moral, “temos de proporcionar espaços próprios para elas nos meios de comunicação social públicos e privados, fazendo-se um estudo sobre os horários em que as crianças estão em casa”.
Ademais, o professor de EMC recomendou a criação de uma indústria cinematográfica em Angola, bem como a educação para o uso dos meios tecnológicos.
“É preciso inserir, em primeiro lugar, as famílias no uso destas novas tecnologias para que elas saibam valorar e valorando possam perceber as vantagens e desvantagens dessas novas tecnologias para que, depois, no processo de ensino e aprendizagem, possam instruir os filhos no uso correcto desses meios.”
Desafios da saúde infantil
O estado de saúde das crianças angolanas pressupõe uma certa deficiência, argumenta Manuel Coxe, ao afirmar que o país tem “níveis de mortalidade infantil elevados, hospitais sem medicamentos e estamos carentes de técnicos com qualidade aceitável, apesar dos esforços para se reverter o quadro”, ideia compartilhada por Armando Pinho, para quem a alimentação [em Angola] continua a ser deficiente no seio das crianças, resultando em elevadas taxas de mortalidade dessa franja da sociedade.
Para o missionário católico, diversos factores concorrem para o estado de saúde das crianças angolanas.
“A localização da residência de muitas famílias, o saneamento básico, o acesso aos meios de alimentação, o não desenvolvimento do corpo associados à subnutrição, em algumas áreas e, em outras, a desnutrição das nossas crianças, influenciam a capacidade de assimilação da criança no processo de ensino e aprendizagem”, apontou o missionário.
De acordo com a professora Luzia Soares, as crianças angolanas comem mal, uma vez que levam como lanche refrigerantes, batata fritas e outros, o que, segundo a referida educadora, se deve evitar.
No que toca ao consumo de frutas, a metodóloga, mais optimista, admite que o país está bem.
“Em Angola, temos uma variedade de frutas em todo o ano e não é cara.” Por este facto, Luzia Soares aconselhou os pais e encarregados de educação a preparar lanches mais saudáveis, como o sumo de limão, laranja, uma peça de fruta e bolachas.
Por seu lado, o professor Armando Pinho afirma ser também da responsabilidade do Estado velar pela família.
“Há muitas famílias desempregadas. Deste modo, o Estado devia gizar políticas que pudessem suprir as deficiências no seio das famílias. Para tal, prosseguiu o referido professor, é preciso promover a agricultura como tal para que os produtos básicos para o acesso das famílias estejam mais ao alcance de todos, de modo a reduzir os custos, potenciando uma alimentação de qualidade”, rematou.
De acordo com a professora Luzia Soares, as crianças angolanas comem mal, uma vez que levam como lanche refrigerantes, batata fritas e outros, o que, segundo a referida educadora, se deve evitar.
De acordo com as fontes do Ongoma News, em Angola, o Executivo adoptou 11 compromissos que garantem a realização dos direitos da criança desde o nascimento, segurança alimentar, registo de nascimento, educação da primeira infância, educação primária e formação profissional, justiça juvenil e prevenção, tratamento, apoio e resolução do impacto do VIH/SIDA nas famílias e crianças.