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“Nós estamos perante uma revolução energética”, afirma especialista Paulo Pizarro

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Andrade Lino

O Director Executivo da Câmara do Comércio americana em Angola, Paulo Pizarro, afirmou que “nós estamos perante uma revolução energética, porque durante as ultimas décadas os combustíveis fósseis têm dominado a cadeia de energia, e nos próximos 25, 30 anos, vamos ver uma transição bastante grande para as energias renováveis”.

Continuando, o profissional com mais de 20 anos de experiência na indústria petrolífera disse que é esperado que várias empresas na lista façam projecções de tendências energéticas a nível global e prevejam que o consumo das energias renováveis aumente cerca de 40%, mas isto num cenário mais conservador.

Portanto, explicou, “sabemos que as energias renováveis têm estado todos anos a surpreender, porque os avanços tecnológicos têm sido grandes nestas áreas e todos os anos os analistas têm que rever em alta a produção e o consumo das energias renováveis”.

“O que pode acontecer é que as projecções sejam 40% de energias renováveis nos próximos 20 anos, mas pode ainda vir a ser muito maior. Uma área que vai ter um impacto muito grande nesta revolução são os carros eléctricos, não só estes mas os carros autónomos também. A ser assim, espera-se que os números de carros nos próximos 25 anos aumente, pelo menos para 30%, mas que aumente e muito mais, visto já que em alguns países pretende-se fazer uma transição completamente para carros electrónicos, ou seja, banir os carros a combustão interna a partir de 2030”, argumentou o responsável, clareando que “estamos a falar em menos de 15 anos banir carros de combustão interna e passar para carros eléctricos, os carros autónomos partilhados ou individuais vão ser a sua maioria, e a previsão é que vão absorver o conhecimento em algum sector de veículos eléctricos e não eléctricos, o que vai ter um impacto muito grande no desenho da cidade e no consumo energético a nível mundial”.

Paulo Pizarro referiu que naturalmente que depois as empresas vão ter que se adaptar, porque se houver países que vão fazer uma transição para carros eléctricos, nós não vamos precisar mais de estação de serviços e bombas de combustíveis. “Como é que tudo isso vai funcionar?”, questionou-se, tendo precisado que claramente há muito trabalho a fazer, a nível de infra-estruturas que permitam que esses carros electrónicos possam circular em vários países.

“Em Angola, por exemplo, e em alguns outros países de África, não temos essas infra-estruturas, mas esta revolução electrónica vai ter um grande impacto a nível da produção de hidrocarbonetos e do preço do petróleo e gás, que pensamos que vai permanecer a longo prazo, e que vai haver pressões muito grandes sobre o preço dos combustíveis fósseis, o preço do petróleo e gás, porque vai continuar a haver excesso de produção e a partir de 2030. Provavelmente, vamos ver uma estabilização da procura ou mesmo uma diminuição da procura a nível global, e isto totalmente tem um impacto nos preços e as empresas e os países têm que se preparar para isso, pois se trata da eficiência da indústria”, analisou, em entrevista ao ONgoma News, falando por ocasião do 2º Fórum Segurador da Actividade Petrolífera, realizado no início deste mês, pela Bonws Seguros.

Ademais, o então Analista Sénior de telecomunicações fez saber que, nestes anos, poderá haver um equilíbrio entre o consumo e a produção, devendo estar à volta de 100 milhões de barris a nível mundial. No seu entender, isto vai equilibrar o stock e estabilizar os preços.

“Naturalmente que no passado falava-se muito em Peak Oil, havia uma preocupação muito grande em relação ao pico de produção, a capacidade que o mundo tinha de produzir petróleo para se desfazer das necessidades mundiais. Neste momento, já não se fala disso, mas de Pick Demand, ou seja, há muito petróleo, muitas reservas e a preocupação já não é o Peak Oil. Como é que nós vamos ter o pico do consumo­­”, voltou a questionar-se, evidenciando que  este pico de consumo vai ter um impacto a nível de preços que depois vai determinar que empresas, que países vão poder continuar a produzir ou não.

A geografia, avançou, a estrutura que tem um custo de pressão mais baixo, por exemplo as águas rasas, têm uma possibilidade de continuar a produzir a um baixo preço, as águas profundas têm um custo mais elevado, têm um complexidade tecnológica mais alta e vai ser necessário fazer um trabalho mais profundo para se aumentar a capacidade de pressão nesta área.

“Eu penso que o importante é melhorar a eficiência da indústria petrolífera de Angola, daí ter que baixar os custos, rever toda a logística, porque esta tem um custo muito elevado para que não só a produção actual continue a ser viável, mas que os projectos para garantir a produção futura sejam economicamente viáveis. É necessário melhorar a eficiência, rever a legislação actual que já está a ser feita e é necessário criar estes incentivos para que haja pesquisa e prospecção, porque não basta desenvolver as reservas actuais quem estão em campos marginais, é necessário fazer-se novas descobertas, e há varias noutras oportunidades em Angola para se fazer mais pesquisas de prospecção, só há poucos estudos.

Tendo falado na sua apresentação sobre projecções energéticas a nível global, referiu que “Angola possui uma indústria que era offshore do top de gama, do ponto de vista tecnológico, com estabelecimento muito grandes desde 95 e até hoje investiu-se acima dos 200 mil milhões de dólares e formou-se muitas pessoas, portanto o desafio é assegurar que toda essa capacidade que foi criada pode operar de forma eficiente e competir a nível mundial, quer a nível custo operacional, para garantir a produção actual, mas principalmente para novos projectos que vão garantir a condição futura, porque em Angola a maior parte da pressão vem das águas profundas, as reservas existentes provadas estão em aguas profundas, aguas falando de um líquido com maior complexidade, custo maior”.

Reiterou que há um trabalho grande a fazer para que esses projectos sejam viáveis economicamente. “Tem havido um grupo tramado a trabalhar na legislação, também na parte logística para garantir que há novos projectos. Agora, naturalmente que para o caso de Angola, mesmo que esses projectos sejam aprovados até que a produção entre no circuito, vai demorar alguns anos. A produção vai entrar em declínio a partir de 2019, 2020, vamos passar por um período de declínio, para o qual temos de estar preparados”, alertou, amenizando que isso acontece em vários países, são ciclos da actividade petrolífera e pensa que “nós temos que aproveitar este ciclo para melhorar a eficiência e fazer os investimentos necessários, para que depois a indústria volte a ganhar a dinâmica que tinha no passado e que se aproveitem os investimentos já feitos nas infra-estruturas”.

Finalmente, Paulo Pizarro lembrou que foram feitos investimentos aqui em Angola a nível de capacidade, “onde já podíamos fabricar cabeças de poço, manilhas, tubagem, muito material e que o desafio é poder fabricar, fazer operar a baixo custo, de forma que possamos competir com outros países”.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

 

 

 

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O Director Executivo da Câmara do Comércio americana em Angola, Paulo Pizarro, afirmou que “nós estamos perante uma revolução energética, porque durante as ultimas décadas os combustíveis fósseis têm dominado a cadeia de energia, e nos próximos 25, 30 anos, vamos ver uma transição bastante grande para as energias renováveis”.

Continuando, o profissional com mais de 20 anos de experiência na indústria petrolífera disse que é esperado que várias empresas na lista façam projecções de tendências energéticas a nível global e prevejam que o consumo das energias renováveis aumente cerca de 40%, mas isto num cenário mais conservador.

Portanto, explicou, “sabemos que as energias renováveis têm estado todos anos a surpreender, porque os avanços tecnológicos têm sido grandes nestas áreas e todos os anos os analistas têm que rever em alta a produção e o consumo das energias renováveis”.

“O que pode acontecer é que as projecções sejam 40% de energias renováveis nos próximos 20 anos, mas pode ainda vir a ser muito maior. Uma área que vai ter um impacto muito grande nesta revolução são os carros eléctricos, não só estes mas os carros autónomos também. A ser assim, espera-se que os números de carros nos próximos 25 anos aumente, pelo menos para 30%, mas que aumente e muito mais, visto já que em alguns países pretende-se fazer uma transição completamente para carros electrónicos, ou seja, banir os carros a combustão interna a partir de 2030”, argumentou o responsável, clareando que “estamos a falar em menos de 15 anos banir carros de combustão interna e passar para carros eléctricos, os carros autónomos partilhados ou individuais vão ser a sua maioria, e a previsão é que vão absorver o conhecimento em algum sector de veículos eléctricos e não eléctricos, o que vai ter um impacto muito grande no desenho da cidade e no consumo energético a nível mundial”.

Paulo Pizarro referiu que naturalmente que depois as empresas vão ter que se adaptar, porque se houver países que vão fazer uma transição para carros eléctricos, nós não vamos precisar mais de estação de serviços e bombas de combustíveis. “Como é que tudo isso vai funcionar?”, questionou-se, tendo precisado que claramente há muito trabalho a fazer, a nível de infra-estruturas que permitam que esses carros electrónicos possam circular em vários países.

“Em Angola, por exemplo, e em alguns outros países de África, não temos essas infra-estruturas, mas esta revolução electrónica vai ter um grande impacto a nível da produção de hidrocarbonetos e do preço do petróleo e gás, que pensamos que vai permanecer a longo prazo, e que vai haver pressões muito grandes sobre o preço dos combustíveis fósseis, o preço do petróleo e gás, porque vai continuar a haver excesso de produção e a partir de 2030. Provavelmente, vamos ver uma estabilização da procura ou mesmo uma diminuição da procura a nível global, e isto totalmente tem um impacto nos preços e as empresas e os países têm que se preparar para isso, pois se trata da eficiência da indústria”, analisou, em entrevista ao ONgoma News, falando por ocasião do 2º Fórum Segurador da Actividade Petrolífera, realizado no início deste mês, pela Bonws Seguros.

Ademais, o então Analista Sénior de telecomunicações fez saber que, nestes anos, poderá haver um equilíbrio entre o consumo e a produção, devendo estar à volta de 100 milhões de barris a nível mundial. No seu entender, isto vai equilibrar o stock e estabilizar os preços.

“Naturalmente que no passado falava-se muito em Peak Oil, havia uma preocupação muito grande em relação ao pico de produção, a capacidade que o mundo tinha de produzir petróleo para se desfazer das necessidades mundiais. Neste momento, já não se fala disso, mas de Pick Demand, ou seja, há muito petróleo, muitas reservas e a preocupação já não é o Peak Oil. Como é que nós vamos ter o pico do consumo­­”, voltou a questionar-se, evidenciando que  este pico de consumo vai ter um impacto a nível de preços que depois vai determinar que empresas, que países vão poder continuar a produzir ou não.

A geografia, avançou, a estrutura que tem um custo de pressão mais baixo, por exemplo as águas rasas, têm uma possibilidade de continuar a produzir a um baixo preço, as águas profundas têm um custo mais elevado, têm um complexidade tecnológica mais alta e vai ser necessário fazer um trabalho mais profundo para se aumentar a capacidade de pressão nesta área.

“Eu penso que o importante é melhorar a eficiência da indústria petrolífera de Angola, daí ter que baixar os custos, rever toda a logística, porque esta tem um custo muito elevado para que não só a produção actual continue a ser viável, mas que os projectos para garantir a produção futura sejam economicamente viáveis. É necessário melhorar a eficiência, rever a legislação actual que já está a ser feita e é necessário criar estes incentivos para que haja pesquisa e prospecção, porque não basta desenvolver as reservas actuais quem estão em campos marginais, é necessário fazer-se novas descobertas, e há varias noutras oportunidades em Angola para se fazer mais pesquisas de prospecção, só há poucos estudos.

Tendo falado na sua apresentação sobre projecções energéticas a nível global, referiu que “Angola possui uma indústria que era offshore do top de gama, do ponto de vista tecnológico, com estabelecimento muito grandes desde 95 e até hoje investiu-se acima dos 200 mil milhões de dólares e formou-se muitas pessoas, portanto o desafio é assegurar que toda essa capacidade que foi criada pode operar de forma eficiente e competir a nível mundial, quer a nível custo operacional, para garantir a produção actual, mas principalmente para novos projectos que vão garantir a condição futura, porque em Angola a maior parte da pressão vem das águas profundas, as reservas existentes provadas estão em aguas profundas, aguas falando de um líquido com maior complexidade, custo maior”.

Reiterou que há um trabalho grande a fazer para que esses projectos sejam viáveis economicamente. “Tem havido um grupo tramado a trabalhar na legislação, também na parte logística para garantir que há novos projectos. Agora, naturalmente que para o caso de Angola, mesmo que esses projectos sejam aprovados até que a produção entre no circuito, vai demorar alguns anos. A produção vai entrar em declínio a partir de 2019, 2020, vamos passar por um período de declínio, para o qual temos de estar preparados”, alertou, amenizando que isso acontece em vários países, são ciclos da actividade petrolífera e pensa que “nós temos que aproveitar este ciclo para melhorar a eficiência e fazer os investimentos necessários, para que depois a indústria volte a ganhar a dinâmica que tinha no passado e que se aproveitem os investimentos já feitos nas infra-estruturas”.

Finalmente, Paulo Pizarro lembrou que foram feitos investimentos aqui em Angola a nível de capacidade, “onde já podíamos fabricar cabeças de poço, manilhas, tubagem, muito material e que o desafio é poder fabricar, fazer operar a baixo custo, de forma que possamos competir com outros países”.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

 

 

 

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