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Movimento Lev´Arte aposta na divulgação da Literatura Angolana

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Andrade Lino

O Movimento Literário Lev´Arte levou ao auditório do Centro de Formação de Jornalistas (Cefojor), neste último sábado, a 5ª Conferência Nacional sobre Literatura Angolana, realizada com o objectivo de trazer a debate vários temas ligados à literatura nacional, no intuito de torná-la mais conhecida entre os jovens e ainda divulgar os títulos e os autores nacionais, entre novos e consagrados.

Em entrevista ao ONgoma, o coordenador do Movimento para o núcleo de Luanda, Dom Afonso de Sá, declarou que a conferência já é um cartão postal do Lev´Arte, sendo anual, preferencialmente no mês de Setembro, “porque é o mês em que se dá maior primazia à arte literária”.

Entretanto, ao fazer uma resenha histórica sobre aquilo que têm sido os encontros, partilhou que a conferência tem-se voltado para temas de reflexão e a organização procura trazer sempre temas actuais, professores, estudantes e a sociedade em geral, afim de se discutir sobre a literatura, que é hoje a marca do grupo.

“Da primeira à quarta edição, o balanço é positivo. Temos tido gerações diferentes, as pessoas mostram-se interessadas em participar, os convidados, no caso de escritores, mostram-se sempre disponíveis em doar e partilhar o seu saber com a juventude. Por outro lado, tem-se notado crescimento, porque as pessoas que participam nessas conferências ganham uma visão multidisciplinar sobre aquilo que é a literatura, e na verdade ainda precisamos trabalhar mais na investigação, pois sentimos que temos poucos pesquisadores, poucos críticos, e se temos mais, não são conhecidos, e essas conferências vêm então despertar um interesse nas pessoas de fazerem cada vez melhor as coisas”, argumentou.

Dom Afonso de Sá, coordenador do Lev'Arte

Segundo o responsável, em termos de participação, o Lev´Arte gostaria de ter mais estudantes de literatura, para que nas próximas edições fosse possível levar o certame a nível internacional, de forma a analisar-se não só a literatura angolana, mas a literatura de África, da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) e do mundo fora, esperando que essa dimensão de certa forma proporcione alguma internacionalização ao grupo.

“O mais importante para nós, agora, é que as pessoas saibam da existência do Lev´arte, que realizamos palestras, conferências, festivais da poesia e uma vasta gama de actividades, e a intenção é levar a literatura para qualquer canto do país. Por exemplo, ainda em Setembro, tivemos, na Lunda-Sul, uma conferência provincial sobre o mesmo assunto, vamos ter ainda no Bengo, no dia 7 de Outubro, e esta conferência nacional decorre em simultâneo na província de Cabinda, porque nem todos conseguem deslocar-se para Luanda, devido aos custos financeiros e não só. Então, a nossa preocupação é fazer chegar estes eventos noutras províncias, de maneiras também a valorizar o quadro local”, esclareceu.

Para o escritor António Gonçalves, que se apresentou com o tema “A Pluridimensão da Poesia”, este é um acontecimento importante para o Lev´arte, mas também para a própria literatura, por causa da falta de espaços onde os jovens possam partilhar ideias e experiências com os mais velhos.

“É um espaço privilegiado para autores como eu e outros prelectores, pela experiência acumulada que temos, passarem devidamente o testemunho e os conhecimentos às novas gerações, o que só é possível através desse tipo de actividades”, considerou o convidado.

António Gonçalves, escritor e poeta

O também poeta realçou que embora tenha definido 12 dimensões da poesia na sua apresentação, considero as mais importantes a dimensão estética, a espiritual, a sociológica e a lírica-amorosa, “pela qual quase todos os poetas começam, mas deve haver muita atenção à poesia erótica, porque senão acaba-se por falar obscenidades e esse tipo de mediocridade não é bom para a poesia”.

“Agora, o aspecto fundamental que a juventude precisa reter neste momento são as leituras. Têm que ler bons livros, e por acaso eu trouxe uma lista de livros e autores que recomendei à nova geração, como “A origem do nacionalismo africano”, de Mário Pinto de Andrade, “A formação da Literatura Angolana”, de Mário António Fernando de Oliveira, porque mesmo aqueles que querem ser poetas, têm que ler contos, novelas, ensaios, dentre outros, e poetas clássicos, para não correrem o risco de fazer coisas que os outros já fizeram”, recomendou.

A conferência teve ainda como prelectores o professor Hermenegildo Seca, que fez uma análise sucinta da historicidade da figura de Monangamba, abordada por três poetas da Geração da Mensagem, o escritor e docente universitário Nelson Bonavena que levou à plenária uma reflexão sobre a literatura angolana no século XIX, a escritora e poetisa Ngonguita Diogo que dirigiu o tema “A arte da Declamação” e “O estado actual da poesia angolana”, uma mesa redonda com representantes de diversos movimentos literários, dentre eles Pedro Bélgio, Lourenço Kimbungo e Pombal Maria.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O Movimento Literário Lev´Arte levou ao auditório do Centro de Formação de Jornalistas (Cefojor), neste último sábado, a 5ª Conferência Nacional sobre Literatura Angolana, realizada com o objectivo de trazer a debate vários temas ligados à literatura nacional, no intuito de torná-la mais conhecida entre os jovens e ainda divulgar os títulos e os autores nacionais, entre novos e consagrados.

Em entrevista ao ONgoma, o coordenador do Movimento para o núcleo de Luanda, Dom Afonso de Sá, declarou que a conferência já é um cartão postal do Lev´Arte, sendo anual, preferencialmente no mês de Setembro, “porque é o mês em que se dá maior primazia à arte literária”.

Entretanto, ao fazer uma resenha histórica sobre aquilo que têm sido os encontros, partilhou que a conferência tem-se voltado para temas de reflexão e a organização procura trazer sempre temas actuais, professores, estudantes e a sociedade em geral, afim de se discutir sobre a literatura, que é hoje a marca do grupo.

“Da primeira à quarta edição, o balanço é positivo. Temos tido gerações diferentes, as pessoas mostram-se interessadas em participar, os convidados, no caso de escritores, mostram-se sempre disponíveis em doar e partilhar o seu saber com a juventude. Por outro lado, tem-se notado crescimento, porque as pessoas que participam nessas conferências ganham uma visão multidisciplinar sobre aquilo que é a literatura, e na verdade ainda precisamos trabalhar mais na investigação, pois sentimos que temos poucos pesquisadores, poucos críticos, e se temos mais, não são conhecidos, e essas conferências vêm então despertar um interesse nas pessoas de fazerem cada vez melhor as coisas”, argumentou.

Dom Afonso de Sá, coordenador do Lev'Arte

Segundo o responsável, em termos de participação, o Lev´Arte gostaria de ter mais estudantes de literatura, para que nas próximas edições fosse possível levar o certame a nível internacional, de forma a analisar-se não só a literatura angolana, mas a literatura de África, da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) e do mundo fora, esperando que essa dimensão de certa forma proporcione alguma internacionalização ao grupo.

“O mais importante para nós, agora, é que as pessoas saibam da existência do Lev´arte, que realizamos palestras, conferências, festivais da poesia e uma vasta gama de actividades, e a intenção é levar a literatura para qualquer canto do país. Por exemplo, ainda em Setembro, tivemos, na Lunda-Sul, uma conferência provincial sobre o mesmo assunto, vamos ter ainda no Bengo, no dia 7 de Outubro, e esta conferência nacional decorre em simultâneo na província de Cabinda, porque nem todos conseguem deslocar-se para Luanda, devido aos custos financeiros e não só. Então, a nossa preocupação é fazer chegar estes eventos noutras províncias, de maneiras também a valorizar o quadro local”, esclareceu.

Para o escritor António Gonçalves, que se apresentou com o tema “A Pluridimensão da Poesia”, este é um acontecimento importante para o Lev´arte, mas também para a própria literatura, por causa da falta de espaços onde os jovens possam partilhar ideias e experiências com os mais velhos.

“É um espaço privilegiado para autores como eu e outros prelectores, pela experiência acumulada que temos, passarem devidamente o testemunho e os conhecimentos às novas gerações, o que só é possível através desse tipo de actividades”, considerou o convidado.

António Gonçalves, escritor e poeta

O também poeta realçou que embora tenha definido 12 dimensões da poesia na sua apresentação, considero as mais importantes a dimensão estética, a espiritual, a sociológica e a lírica-amorosa, “pela qual quase todos os poetas começam, mas deve haver muita atenção à poesia erótica, porque senão acaba-se por falar obscenidades e esse tipo de mediocridade não é bom para a poesia”.

“Agora, o aspecto fundamental que a juventude precisa reter neste momento são as leituras. Têm que ler bons livros, e por acaso eu trouxe uma lista de livros e autores que recomendei à nova geração, como “A origem do nacionalismo africano”, de Mário Pinto de Andrade, “A formação da Literatura Angolana”, de Mário António Fernando de Oliveira, porque mesmo aqueles que querem ser poetas, têm que ler contos, novelas, ensaios, dentre outros, e poetas clássicos, para não correrem o risco de fazer coisas que os outros já fizeram”, recomendou.

A conferência teve ainda como prelectores o professor Hermenegildo Seca, que fez uma análise sucinta da historicidade da figura de Monangamba, abordada por três poetas da Geração da Mensagem, o escritor e docente universitário Nelson Bonavena que levou à plenária uma reflexão sobre a literatura angolana no século XIX, a escritora e poetisa Ngonguita Diogo que dirigiu o tema “A arte da Declamação” e “O estado actual da poesia angolana”, uma mesa redonda com representantes de diversos movimentos literários, dentre eles Pedro Bélgio, Lourenço Kimbungo e Pombal Maria.

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