O fotógrafo argentino Marcelo Brodsky defendeu a existência de um museu de arte contemporânea em Angola, para que artistas estrangeiros cheguem ao país e consigam ver logo o que é feito cá, a nível nacional.
Falando depois de uma mesa-redonda que decorreu na quinta-feira passada, no Palácio de Ferro, sobre “Fotografia, arquivo e memória”, o convidado da 14ª edição do projecto Angola Air, que esteve em residência artística em Luanda com a sua família, até ao dia 20 deste mês, explicou que a sua vinda deveu-se principalmente para um intercâmbio artístico e cultural, acreditando ser muito positivo o conhecimento dos povos, tendo sentido ainda um contacto muito próximo entre Angola e Argentina.
Fez um balanço positivo da sua estadia cá, tendo revelado que acompanha o “feito em Angola” através do conhecimento das bienais de arte e da presença de artistas africanos no mundo. “Eu circulo no ambiente artístico, por isso eu conheço as culturas através da expressão pública, cultural e política que os artistas apresentam”, explicou.
Além disso, referiu que foi também objectivo da sua vinda a realização de um trabalho para investigar a história de Angola, o MPLA, a luta revolucionária, “a guerra contra o sul de África, a libertação da Namíbia, tudo que forma uma coisa histórica”, mas na parte mais sensível e mais profunda que conhece através da arte, por isso acredita ser importante que a arte angolana se apresente, desenvolva e tenha uma casa aqui.
Na visão de Marcelo, a independência em Angola está consolidada e a liberdade de alguma maneira também, mas a coisa possui dois lados, pois há também um pouco de repressão, “um pouco de branco, um pouco de preto”, para exemplificar a existência de dois pólos, frisando que tudo está em permanente transição, e acredita que a arte ajuda a meditar sobre esse processo.
Por seu turno, Carla Brodsky, filha do fotógrafo, manifestou sentir-se muito acomodada espiritualmente, considerando o angolano um povo muito à vontade, o que fez com que se sentisse muito bem.
“A gente está submetida num constante debate filosófico, político, sobre o rumo da vida dos povos, e eu acho que com o meu pai estou constantemente arrefecida em troca de pontos de vista entre as gerações, pois ele se nutre muito do que eu acho e eu também do que ele acha”, revelou a entrevistada, clareando que com o seu pai forma uma equipa.
No primeiro ponto, revelou Carla, foram “salvos” pelo contacto humano, “a linguagem corporal, os olhares”, e garantiu levar o que os povos têm em comum a nível de cultura, de realidade, como a busca por justiça em diferentes escalas sociais, mas também o que têm de diferente, reflectir, intercambiar, tendo pedido ao povo angolano que fale, que faça arte, que escreva e faça chegar a mensagem à América do sul.
*Com Ylson Menezes
O fotógrafo argentino Marcelo Brodsky defendeu a existência de um museu de arte contemporânea em Angola, para que artistas estrangeiros cheguem ao país e consigam ver logo o que é feito cá, a nível nacional.
Falando depois de uma mesa-redonda que decorreu na quinta-feira passada, no Palácio de Ferro, sobre “Fotografia, arquivo e memória”, o convidado da 14ª edição do projecto Angola Air, que esteve em residência artística em Luanda com a sua família, até ao dia 20 deste mês, explicou que a sua vinda deveu-se principalmente para um intercâmbio artístico e cultural, acreditando ser muito positivo o conhecimento dos povos, tendo sentido ainda um contacto muito próximo entre Angola e Argentina.
Fez um balanço positivo da sua estadia cá, tendo revelado que acompanha o “feito em Angola” através do conhecimento das bienais de arte e da presença de artistas africanos no mundo. “Eu circulo no ambiente artístico, por isso eu conheço as culturas através da expressão pública, cultural e política que os artistas apresentam”, explicou.
Além disso, referiu que foi também objectivo da sua vinda a realização de um trabalho para investigar a história de Angola, o MPLA, a luta revolucionária, “a guerra contra o sul de África, a libertação da Namíbia, tudo que forma uma coisa histórica”, mas na parte mais sensível e mais profunda que conhece através da arte, por isso acredita ser importante que a arte angolana se apresente, desenvolva e tenha uma casa aqui.
Na visão de Marcelo, a independência em Angola está consolidada e a liberdade de alguma maneira também, mas a coisa possui dois lados, pois há também um pouco de repressão, “um pouco de branco, um pouco de preto”, para exemplificar a existência de dois pólos, frisando que tudo está em permanente transição, e acredita que a arte ajuda a meditar sobre esse processo.
Por seu turno, Carla Brodsky, filha do fotógrafo, manifestou sentir-se muito acomodada espiritualmente, considerando o angolano um povo muito à vontade, o que fez com que se sentisse muito bem.
“A gente está submetida num constante debate filosófico, político, sobre o rumo da vida dos povos, e eu acho que com o meu pai estou constantemente arrefecida em troca de pontos de vista entre as gerações, pois ele se nutre muito do que eu acho e eu também do que ele acha”, revelou a entrevistada, clareando que com o seu pai forma uma equipa.
No primeiro ponto, revelou Carla, foram “salvos” pelo contacto humano, “a linguagem corporal, os olhares”, e garantiu levar o que os povos têm em comum a nível de cultura, de realidade, como a busca por justiça em diferentes escalas sociais, mas também o que têm de diferente, reflectir, intercambiar, tendo pedido ao povo angolano que fale, que faça arte, que escreva e faça chegar a mensagem à América do sul.
*Com Ylson Menezes