Caneta e Papel
Crónica

Liceu de Carlitos

Liceu de Carlitos
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Sou fã de Carlitos Vieira Dias. Não sei se por causa da sua audácia vocal, se da sua maestria nas cordas da guitarra. Provavelmente será do conjunto que ficou mais completo com o seu ser humilde que tive o prazer, a honra, o privilégio de observar na primeira pessoa.

Seria uma tarde de um feriado passado em casa de um familiar dele. Coincidentemente estava a passar pela sala quando o vi entrar pela porta da casa ainda ofegante por ter subido três pisos de escadas. Sim, segurei o coração e a boca para não agir como um fã maluco, ou uma criança que pisava a Disney pela primeira vez. Estava contentíssimo. Bloqueei por alguns segundos no meio da sala. Saudou-me com a maior humildade que uma pessoa do seu estatuto poderia oferecer. Ao longo do almoço, fingi estar atento à minha comida quando na verdade o que mais queria era ouvir o Ti Carlitos a cantar.

Numa outra ocasião, fui chamado à uma festa dos mesmos parentes e lá estava Sua Majestade em vestes simples, com um sorriso celeste e a alegria de uma sinceridade que experimento quando tento cantar as suas músicas.

Coincidentemente estava a passar pela sala quando o vi entrar pela porta da casa ainda ofegante por ter subido três pisos de escadas. Sim, segurei o coração e a boca para não agir como um fã maluco, ou uma criança que pisava a Disney pela primeira vez.

Para acrescer a esta imagem quase perfeita deste criador de arte, assisti o documentário sobre o Ngola Ritmos: Fantástico. Obviamente que para mim o documentário está incompleto e poderia durar uma semana inteira se fosse possível.

Ao ver o Mestre Liceu, pai do Professor Carlitos, a dominar as teclas já cansadas de um piano de armário, com o mesmo brio e simplicidade acariciava as cordas da guitarra e as vocais...e no seu jeito maduro orientar os demais artistas que não consigo negar-lhes majestade também (por exemplo, a Belita a cantar com a maior vaidade que bem combinava com a sua beleza, num jeito tão simples que mal se nota o esforço em...ser e fazer: perfeita!), perdi as suficientes palavras de exaltação da linhagem poderosa que existe nesses pilares da cultura angolana.

No documentário há um momento onde se ouve a canção Palamé a ser interpretada de forma poderosa. Como já a conhecia nas versões da Banda Maravilha e na outra do próprio Carlitos (daquele álbum que sei as letras de côr desde Colonial à Eme ngi mona Ngola...) facilmente apanhei-me a canta-la com o Maestro Liceu, bem baixinho para não estragar o momento.

Quando a poesia musicalizada vem da alma, não há muito que se possa fazer além de descontrair, descalçar os sapatos, fechar os olhos e deixar-se levar, pelo ritmo, pelo som, pelas palavras e pela História!

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Edilson Buchartts

Cronista

Sou fã de Carlitos Vieira Dias. Não sei se por causa da sua audácia vocal, se da sua maestria nas cordas da guitarra. Provavelmente será do conjunto que ficou mais completo com o seu ser humilde que tive o prazer, a honra, o privilégio de observar na primeira pessoa.

Seria uma tarde de um feriado passado em casa de um familiar dele. Coincidentemente estava a passar pela sala quando o vi entrar pela porta da casa ainda ofegante por ter subido três pisos de escadas. Sim, segurei o coração e a boca para não agir como um fã maluco, ou uma criança que pisava a Disney pela primeira vez. Estava contentíssimo. Bloqueei por alguns segundos no meio da sala. Saudou-me com a maior humildade que uma pessoa do seu estatuto poderia oferecer. Ao longo do almoço, fingi estar atento à minha comida quando na verdade o que mais queria era ouvir o Ti Carlitos a cantar.

Numa outra ocasião, fui chamado à uma festa dos mesmos parentes e lá estava Sua Majestade em vestes simples, com um sorriso celeste e a alegria de uma sinceridade que experimento quando tento cantar as suas músicas.

Coincidentemente estava a passar pela sala quando o vi entrar pela porta da casa ainda ofegante por ter subido três pisos de escadas. Sim, segurei o coração e a boca para não agir como um fã maluco, ou uma criança que pisava a Disney pela primeira vez.

Para acrescer a esta imagem quase perfeita deste criador de arte, assisti o documentário sobre o Ngola Ritmos: Fantástico. Obviamente que para mim o documentário está incompleto e poderia durar uma semana inteira se fosse possível.

Ao ver o Mestre Liceu, pai do Professor Carlitos, a dominar as teclas já cansadas de um piano de armário, com o mesmo brio e simplicidade acariciava as cordas da guitarra e as vocais...e no seu jeito maduro orientar os demais artistas que não consigo negar-lhes majestade também (por exemplo, a Belita a cantar com a maior vaidade que bem combinava com a sua beleza, num jeito tão simples que mal se nota o esforço em...ser e fazer: perfeita!), perdi as suficientes palavras de exaltação da linhagem poderosa que existe nesses pilares da cultura angolana.

No documentário há um momento onde se ouve a canção Palamé a ser interpretada de forma poderosa. Como já a conhecia nas versões da Banda Maravilha e na outra do próprio Carlitos (daquele álbum que sei as letras de côr desde Colonial à Eme ngi mona Ngola...) facilmente apanhei-me a canta-la com o Maestro Liceu, bem baixinho para não estragar o momento.

Quando a poesia musicalizada vem da alma, não há muito que se possa fazer além de descontrair, descalçar os sapatos, fechar os olhos e deixar-se levar, pelo ritmo, pelo som, pelas palavras e pela História!

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