Caneta e Papel
Crónica

Isolamento social – A desgraçada oportunidade

Isolamento social – A desgraçada oportunidade
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O novo Coronavírus é “O fenómeno” do Século XXI (até agora). Trouxe mudanças obrigatórias que o mundo não estava preparado para melhor lidar.

Uma das obrigações a que fomos forçados a praticar, é o isolamento social. Numa sociedade que tem tido um comportamento egoísta, distanciando-se das pessoas graças ao abraço ao mundo digital, hoje os humanos percebem que precisam muito dos outros humanos por perto, e que os gadgets tecnológicos e as redes sociais não substituem um verdadeiro abraço ocasional, dois beijinhos no rosto, e um aperto de mãos de gente estranha ou aquele beijo roubado dos apaixonados.

O isolamento social é uma medida adoptada para evitar que indivíduos saudáveis se tornem portadores/transmissores e doentes. Assim, é pedido que fiquem confinados a um espaço sem interação com outros indivíduos que habitualmente não pertençam àquele espaço.

Ainda assim, o mundo digital tem se mostrado um grande aliado do momento, aproximando muito mais as pessoas do que antes. Por exemplo, várias empresas têm mantido os seus trabalhadores envolvidos na actividade do seu negócio de modo remoto, cada um no conforto de sua casa autoriza a entrada dos colegas e dão continuidade aos trabalhos.

Num caso muito concreto, um grupo de funcionários da Harvard Business Review realizou um encontro virtual. Dentre outros assuntos que tratavam, levantou-se a questão de como eles estavam a sentir-se naquele período de isolamento social. Quando uma das colegas mencionou que o sentimento que tinha era de “Luto”, os restantes acenaram a cabeça em concordância, no fundo a dar nome ao sentimento que os acompanhava naqueles dias.

Para melhor lidarem com o tema, falaram com David Kessler, considerado o especialista em matéria de luto. Em entrevista, Kessler explicou como é que as cinco fases clássicas do luto (Negação, Ira/raiva, Pechincha/Barganha, Tristeza/Depressão, Aceitação) se aplicam no ambiente de hoje, e os passos práticos que podem ajudar a gerir a ansiedade, que incluem:

1.    Equilibrar maus pensamentos com bons pensamentos. No momento que uma má imagem comece a se formar, force a si mesmo a pensar numa imagem melhor (uma agradável lembrança do nascimento do seu filho, ou uma celebração em família que tenha marcado uma época muito feliz...);

2.    Foco no presente. Olhe ao redor e conte cinco objectos que ali estejam. Respire. Perceba que naquele exacto momento, o presente, nada de mau que você tenha antecipado aconteceu. Neste momento você está bem;

3.    Liberte-se de coisas que você não pode controlar. O que o seu vizinho está a fazer está fora do seu controlo. O que está sob seu controlo é manter-se alguns metros afastado dele, lavar as suas mãos, usar máscara de protecção contra vírus e bactérias. Mantenha o foco nisso;

4.    Armazene compaixão. Todos temos diferentes níveis de medo e luto que se manifestam também de modo diferente. Seja paciente. Pense em alguém como normalmente é e não como ela se aparenta ser no momento.

O que se espera é que líderes eficazes, interessados no bem-estar da humanidade, sejam os heróis que a humanidade precisa neste momento, pois que o contrário poderá arrastar-nos a um abismo pior do que onde nos encontramos.

Kessler fala de uma sexta fase: Significado.

Depois da aceitação, vamos encontrar significado nos eventos difíceis e nos tornaremos mais fortes por isso. Tal e qual como os diamantes que somente a pressão da terra os torna puros e realizados, os momentos de isolamento social trazem diferentes pressões a que somos convidados a abraçar novas oportunidades para nos tornarmos melhores seres humanos.

Ao observar estas dicas para lidar com o luto, é impossível ignorar a ideia de que para todas as situações existem soluções ou desculpas, e nós aceitamos o que quisermos que tenha mais relevância e importância para nós.

Estamos a viver um momento único na nossa história, onde temas como meditação, oração, aproveitamento do tempo para fazer coisas em casa que ficaram sempre para “um dia” ou “depois” (Ler, fazer um curso online, relaxar, conversar com as pessoas de casa, arrumar aquela pilha de roupa ou acabar de arrumar os álbuns da família), ganham uma importância maior do que o lamento constante sobre os males que assolam a Terra nestes dias.

Não posso terminar este emaranhado de palavras sem exaltar a importância da liderança. Somente líderes fortes e competentes se mostrarão essenciais nesses dias, caso contrário, durante a pandemia e logo a seguir a ela, o verdadeiro caos se instalará. Como escreveu o Professor e Psicólogo Criminal Fernandes Manuel co-autor da obra “MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA EFICAZ: Chaves para o Sucesso Organizacional”, O que se espera é que líderes eficazes, interessados no bem-estar da humanidade, sejam os heróis que a humanidade precisa neste momento, pois que o contrário poderá arrastar-nos a um abismo pior do que onde nos encontramos.

É indispensável ouvirem-se discursos motivacionais que elevem a moral de quem esteja isolado, incentivadores à coragem, vermos ações concretas de proteção da sociedade, e embora seja difícil, ouvir da boca dos líderes a verdade, pois já dizia Jesus Cristo, “...a verdade te libertará”, e nesta fase de encarceramento necessário, o que mais se deseja é Liberdade!

Fonte: Harvard Business Review, adaptado do texto “Aquele desconforto que está a sentir é Luto”, de Scott Berinato. Universidade de Harvard

Destaque

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Edilson Buchartts

Cronista

O novo Coronavírus é “O fenómeno” do Século XXI (até agora). Trouxe mudanças obrigatórias que o mundo não estava preparado para melhor lidar.

Uma das obrigações a que fomos forçados a praticar, é o isolamento social. Numa sociedade que tem tido um comportamento egoísta, distanciando-se das pessoas graças ao abraço ao mundo digital, hoje os humanos percebem que precisam muito dos outros humanos por perto, e que os gadgets tecnológicos e as redes sociais não substituem um verdadeiro abraço ocasional, dois beijinhos no rosto, e um aperto de mãos de gente estranha ou aquele beijo roubado dos apaixonados.

O isolamento social é uma medida adoptada para evitar que indivíduos saudáveis se tornem portadores/transmissores e doentes. Assim, é pedido que fiquem confinados a um espaço sem interação com outros indivíduos que habitualmente não pertençam àquele espaço.

Ainda assim, o mundo digital tem se mostrado um grande aliado do momento, aproximando muito mais as pessoas do que antes. Por exemplo, várias empresas têm mantido os seus trabalhadores envolvidos na actividade do seu negócio de modo remoto, cada um no conforto de sua casa autoriza a entrada dos colegas e dão continuidade aos trabalhos.

Num caso muito concreto, um grupo de funcionários da Harvard Business Review realizou um encontro virtual. Dentre outros assuntos que tratavam, levantou-se a questão de como eles estavam a sentir-se naquele período de isolamento social. Quando uma das colegas mencionou que o sentimento que tinha era de “Luto”, os restantes acenaram a cabeça em concordância, no fundo a dar nome ao sentimento que os acompanhava naqueles dias.

Para melhor lidarem com o tema, falaram com David Kessler, considerado o especialista em matéria de luto. Em entrevista, Kessler explicou como é que as cinco fases clássicas do luto (Negação, Ira/raiva, Pechincha/Barganha, Tristeza/Depressão, Aceitação) se aplicam no ambiente de hoje, e os passos práticos que podem ajudar a gerir a ansiedade, que incluem:

1.    Equilibrar maus pensamentos com bons pensamentos. No momento que uma má imagem comece a se formar, force a si mesmo a pensar numa imagem melhor (uma agradável lembrança do nascimento do seu filho, ou uma celebração em família que tenha marcado uma época muito feliz...);

2.    Foco no presente. Olhe ao redor e conte cinco objectos que ali estejam. Respire. Perceba que naquele exacto momento, o presente, nada de mau que você tenha antecipado aconteceu. Neste momento você está bem;

3.    Liberte-se de coisas que você não pode controlar. O que o seu vizinho está a fazer está fora do seu controlo. O que está sob seu controlo é manter-se alguns metros afastado dele, lavar as suas mãos, usar máscara de protecção contra vírus e bactérias. Mantenha o foco nisso;

4.    Armazene compaixão. Todos temos diferentes níveis de medo e luto que se manifestam também de modo diferente. Seja paciente. Pense em alguém como normalmente é e não como ela se aparenta ser no momento.

O que se espera é que líderes eficazes, interessados no bem-estar da humanidade, sejam os heróis que a humanidade precisa neste momento, pois que o contrário poderá arrastar-nos a um abismo pior do que onde nos encontramos.

Kessler fala de uma sexta fase: Significado.

Depois da aceitação, vamos encontrar significado nos eventos difíceis e nos tornaremos mais fortes por isso. Tal e qual como os diamantes que somente a pressão da terra os torna puros e realizados, os momentos de isolamento social trazem diferentes pressões a que somos convidados a abraçar novas oportunidades para nos tornarmos melhores seres humanos.

Ao observar estas dicas para lidar com o luto, é impossível ignorar a ideia de que para todas as situações existem soluções ou desculpas, e nós aceitamos o que quisermos que tenha mais relevância e importância para nós.

Estamos a viver um momento único na nossa história, onde temas como meditação, oração, aproveitamento do tempo para fazer coisas em casa que ficaram sempre para “um dia” ou “depois” (Ler, fazer um curso online, relaxar, conversar com as pessoas de casa, arrumar aquela pilha de roupa ou acabar de arrumar os álbuns da família), ganham uma importância maior do que o lamento constante sobre os males que assolam a Terra nestes dias.

Não posso terminar este emaranhado de palavras sem exaltar a importância da liderança. Somente líderes fortes e competentes se mostrarão essenciais nesses dias, caso contrário, durante a pandemia e logo a seguir a ela, o verdadeiro caos se instalará. Como escreveu o Professor e Psicólogo Criminal Fernandes Manuel co-autor da obra “MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA EFICAZ: Chaves para o Sucesso Organizacional”, O que se espera é que líderes eficazes, interessados no bem-estar da humanidade, sejam os heróis que a humanidade precisa neste momento, pois que o contrário poderá arrastar-nos a um abismo pior do que onde nos encontramos.

É indispensável ouvirem-se discursos motivacionais que elevem a moral de quem esteja isolado, incentivadores à coragem, vermos ações concretas de proteção da sociedade, e embora seja difícil, ouvir da boca dos líderes a verdade, pois já dizia Jesus Cristo, “...a verdade te libertará”, e nesta fase de encarceramento necessário, o que mais se deseja é Liberdade!

Fonte: Harvard Business Review, adaptado do texto “Aquele desconforto que está a sentir é Luto”, de Scott Berinato. Universidade de Harvard

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