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“Eu não recebo ordens, porque somos uma coligação”, afirma Justino Pinto de Andrade, candidato a deputado pela CASA-CE

“Eu não recebo ordens, porque somos uma coligação”, afirma Justino Pinto de Andrade, candidato a deputado pela CASA-CE
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Andrade Lino

O político Justino Pinto de Andrade afirmou que, como membro de uma coligação partidária, não recebe ordens, pois o objectivo de uma organização desta natureza é estabelecer denominadores comuns, daí que “é preciso saber ouvir os outros, perceber a motivação dos outros e fazer com que os outros percebam as nossas motivações”, disse  também candidato a deputado pela CASA-CE durante uma entrevista no espaço Goza TV  do show de humor Goz’Aqui.

“Eu não recebo ordens, porque nós somos uma coligação”, respondeu o ainda economista, quando foi questionado sobre como é ser líder de um partido e ir para um outro. Justino Pinto de Andrade, que foi um dos convidados do evento,  disse que apesar das origens políticas e posicionamentos ideológicos distintos, não há impedimentos para que se consiga congregar esforços num mesmo sentido.

“É preciso que compreendamos que uma coligação não é uma absorção, e mesmo que fosse, os partidos políticos não devem cortar a liberdade dos seus membros, porque as pessoas não são dos partidos políticos, os partidos é que são das pessoas, e acredito que o grande problema em Angola para se perceber o que é uma coligação resulta precisamente do facto de não termos uma história de coligações no nosso país, sendo que mesmo alguns dos partidos que eram movimento ou frente eliminaram as tendências de diferenças no seu seio, e é esta cultura totalitária que faz com que hoje seja difícil entender-se a existência de coligações”, argumentou.

Por outro lado, afirmou ter como “vício” gostar da própria liberdade e ser uma pessoa que nunca se acomoda com o que está errado. “Tornei-me dissidente em 74, mas já antes, quando estava preso, na minha cabeça passavam ideias contrárias àquilo que acontecia. Logo, se algum dirigente tentar impôr a sua vontade, eu torno-me dissidente novamente”, reforçou.

Entretanto, o político disse ser evidente que, em termos de liberdades, há questões que são fulcrais ao bem estar da pessoa humana, e outras não,  sendo estas últimas “mais ou menos discutíveis”, mas não bate palmas àquilo com o qual não concorda. “Portanto, haverá, seguramente, momentos em que eu não farei nada, mas outros em que levanto a mão contrariamente àquilo que seja apontado lá dentro”, afirmou.

“A guerra não gera democracia”

..."é preciso estimular a participação das pessoas e a sociedade civil no sentido de criar novas formações políticas, que haja debates e que sobretudo se reduza o espaço dos combatentes, porque o  totalitarismo em que vivemos não é só de Angola".

O candidato para deputado pela CASA-CE, Justino Pinto de Andrade, afirmou, que a tendência de os partidos resultarem em grupos de guerrilha não é para instituir democracia, mas precisamente para preservar ou substituir uma ditadura por outra.

“A minha longa experiência de vida faz-me ter dúvidas sobre a existência da democracia a partir do cantar das armas, porque, dificilmente, nós encontramos um país democrático que tenha resultado duma luta armada”, acrescentou, tendo precisado, então, a necessidade de se estimular o surgimento de outras forças políticas para poder dar continuidade aos processos democráticos.

“Mesmo quando dois grupos de guerrilha fazem um acordo de cessar fogo, não é no sentido da democracia, mas, eventualmente, no sentido da partilha do poder entre ambos, sempre à espera que um elimine o outro”, referiu o político.

Entretanto, Justino Pinto de Andrade clareou que a guerrilha produz boas coisas, sim, nomeadamente mudança e/ou substituição de um poder pelo outro, mas raramente um guerrilheiro transforma-se num democrata.

“Eu também pertenci ao MPLA, mas percebi cedo que não iria trazer democracia nenhuma, pois os guerrilheiros não o fazem. Daí que é preciso estimular a participação das pessoas e a sociedade civil no sentido de criar novas formações políticas, que haja debates e que sobretudo se reduza o espaço dos combatentes, porque o  totalitarismo em que vivemos não é só de Angola. Olhemos para o mundo e apontemos ali onde a vitória de uma guerrilha conduziu ao surgimento de um país democrático. Dificilmente veremos. Portanto, a guerra não gera democracia, mas pode criar essa aparência”, afirmou.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O político Justino Pinto de Andrade afirmou que, como membro de uma coligação partidária, não recebe ordens, pois o objectivo de uma organização desta natureza é estabelecer denominadores comuns, daí que “é preciso saber ouvir os outros, perceber a motivação dos outros e fazer com que os outros percebam as nossas motivações”, disse  também candidato a deputado pela CASA-CE durante uma entrevista no espaço Goza TV  do show de humor Goz’Aqui.

“Eu não recebo ordens, porque nós somos uma coligação”, respondeu o ainda economista, quando foi questionado sobre como é ser líder de um partido e ir para um outro. Justino Pinto de Andrade, que foi um dos convidados do evento,  disse que apesar das origens políticas e posicionamentos ideológicos distintos, não há impedimentos para que se consiga congregar esforços num mesmo sentido.

“É preciso que compreendamos que uma coligação não é uma absorção, e mesmo que fosse, os partidos políticos não devem cortar a liberdade dos seus membros, porque as pessoas não são dos partidos políticos, os partidos é que são das pessoas, e acredito que o grande problema em Angola para se perceber o que é uma coligação resulta precisamente do facto de não termos uma história de coligações no nosso país, sendo que mesmo alguns dos partidos que eram movimento ou frente eliminaram as tendências de diferenças no seu seio, e é esta cultura totalitária que faz com que hoje seja difícil entender-se a existência de coligações”, argumentou.

Por outro lado, afirmou ter como “vício” gostar da própria liberdade e ser uma pessoa que nunca se acomoda com o que está errado. “Tornei-me dissidente em 74, mas já antes, quando estava preso, na minha cabeça passavam ideias contrárias àquilo que acontecia. Logo, se algum dirigente tentar impôr a sua vontade, eu torno-me dissidente novamente”, reforçou.

Entretanto, o político disse ser evidente que, em termos de liberdades, há questões que são fulcrais ao bem estar da pessoa humana, e outras não,  sendo estas últimas “mais ou menos discutíveis”, mas não bate palmas àquilo com o qual não concorda. “Portanto, haverá, seguramente, momentos em que eu não farei nada, mas outros em que levanto a mão contrariamente àquilo que seja apontado lá dentro”, afirmou.

“A guerra não gera democracia”

..."é preciso estimular a participação das pessoas e a sociedade civil no sentido de criar novas formações políticas, que haja debates e que sobretudo se reduza o espaço dos combatentes, porque o  totalitarismo em que vivemos não é só de Angola".

O candidato para deputado pela CASA-CE, Justino Pinto de Andrade, afirmou, que a tendência de os partidos resultarem em grupos de guerrilha não é para instituir democracia, mas precisamente para preservar ou substituir uma ditadura por outra.

“A minha longa experiência de vida faz-me ter dúvidas sobre a existência da democracia a partir do cantar das armas, porque, dificilmente, nós encontramos um país democrático que tenha resultado duma luta armada”, acrescentou, tendo precisado, então, a necessidade de se estimular o surgimento de outras forças políticas para poder dar continuidade aos processos democráticos.

“Mesmo quando dois grupos de guerrilha fazem um acordo de cessar fogo, não é no sentido da democracia, mas, eventualmente, no sentido da partilha do poder entre ambos, sempre à espera que um elimine o outro”, referiu o político.

Entretanto, Justino Pinto de Andrade clareou que a guerrilha produz boas coisas, sim, nomeadamente mudança e/ou substituição de um poder pelo outro, mas raramente um guerrilheiro transforma-se num democrata.

“Eu também pertenci ao MPLA, mas percebi cedo que não iria trazer democracia nenhuma, pois os guerrilheiros não o fazem. Daí que é preciso estimular a participação das pessoas e a sociedade civil no sentido de criar novas formações políticas, que haja debates e que sobretudo se reduza o espaço dos combatentes, porque o  totalitarismo em que vivemos não é só de Angola. Olhemos para o mundo e apontemos ali onde a vitória de uma guerrilha conduziu ao surgimento de um país democrático. Dificilmente veremos. Portanto, a guerra não gera democracia, mas pode criar essa aparência”, afirmou.

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