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Crónica

Está alguém aí?

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É impossível esquecermo-nos de Jerónimo Belo sentado numa poltrona a falar de sons e características próprias de uma cultura desconhecida. Com uma pose confortável e conhecedora, tentava convencer-nos do belo que era o mundo que apresentava.

As noites de Jazz da Televisão nacional eram preenchidas por piano, trompetes, saxofones e instrumentos de cordas diversos, e talvez por ser algo diferente e “estranho” para muitos jovens e crianças, passava no horário final da programação.

Lembro-me da minha meninice usar aqueles serões para adormecer. Não gostava daquilo. Não conhecia, nem percebia. E tanto quanto me lembre, nenhum dos meus amigos e colegas de então ousava ouvir e apreciar tais ritmos. Porém havia algo de especial naquilo. Do mesmo jeito, nunca ouvira falar de shows, concertos ou eventos suaves de Blues, Bebop, Jazz numa tarde de domingo na cidade de Luanda dos anos 90.

Hoje, agradeço a Deus pelos poucos ousados que têm desafiado o tempo, as suas ideias e até mesmo o status quo luandino. Alguns criaram encontros semanais, outros deram oportunidade a artistas internacionais de conhecerem o nosso funge a troco de uns ritmos e harmonias da terra do Tio Sam e ainda há os corajosos que dispensam horas de caminhos de Jazz.

Os estúdios estão curiosos por experimentar. Os instrumentistas estão receosos mas são capazes. Os admiradores, bom, esses são outra gama.

Mas os que mais admiro são, sem dúvidas, os fazedores nacionais. Os curiosos, os bons, os maus e os excelentes. Desde Jaciras e Kandas, à Cordeiros, Kanithas e Dodós (gente especial). A lista é vasta e tímida, mas os palcos estão a abrir-se. Os estúdios estão curiosos por experimentar. Os instrumentistas estão receosos mas são capazes. Os admiradores, bom, esses são outra gama.

Dos apreciadores angolanos, já se contam os jovens e crianças dos 90´s que detestavam o programa do Belo. Hoje atrevem-se a andar de mãos dadas a dois Kotas: ao que degustava o Jejé cá e ao que esteve na diáspora a aprender este som nas ruas e bares noturnos de lá.

Se porventura preocupou-se sobre a validade deste gênero musical, hoje pode dar passos firmes na aposta do mesmo. Seja empresário, escritor, radialista, editor de vídeo e imagem, músico sem definição própria, curioso, enfim. Tal como foi o nascimento e crescimento do som de Satchmo, Ellington e Ella, entre conflitos e estabelecimentos sérios, assim está a ser o mesmo na minha Kianda.

Enquanto mergulho na aprendizagem constante do Jazz, distraio-me com tanta beleza tão bem estruturada, ou nem tanto, e anseio sem receio ver bancas internacionais recheadas de sons de marimbas, kissanges e afins mesclados aos acústicos do bom e velho Jazz!

Não conhecia, nem percebia. E tanto quanto me lembre, nenhum dos meus amigos e colegas de então ousava ouvir e apreciar tais ritmos. Porém havia algo de especial naquilo...

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Edilson Buchartts

Cronista

É impossível esquecermo-nos de Jerónimo Belo sentado numa poltrona a falar de sons e características próprias de uma cultura desconhecida. Com uma pose confortável e conhecedora, tentava convencer-nos do belo que era o mundo que apresentava.

As noites de Jazz da Televisão nacional eram preenchidas por piano, trompetes, saxofones e instrumentos de cordas diversos, e talvez por ser algo diferente e “estranho” para muitos jovens e crianças, passava no horário final da programação.

Lembro-me da minha meninice usar aqueles serões para adormecer. Não gostava daquilo. Não conhecia, nem percebia. E tanto quanto me lembre, nenhum dos meus amigos e colegas de então ousava ouvir e apreciar tais ritmos. Porém havia algo de especial naquilo. Do mesmo jeito, nunca ouvira falar de shows, concertos ou eventos suaves de Blues, Bebop, Jazz numa tarde de domingo na cidade de Luanda dos anos 90.

Hoje, agradeço a Deus pelos poucos ousados que têm desafiado o tempo, as suas ideias e até mesmo o status quo luandino. Alguns criaram encontros semanais, outros deram oportunidade a artistas internacionais de conhecerem o nosso funge a troco de uns ritmos e harmonias da terra do Tio Sam e ainda há os corajosos que dispensam horas de caminhos de Jazz.

Os estúdios estão curiosos por experimentar. Os instrumentistas estão receosos mas são capazes. Os admiradores, bom, esses são outra gama.

Mas os que mais admiro são, sem dúvidas, os fazedores nacionais. Os curiosos, os bons, os maus e os excelentes. Desde Jaciras e Kandas, à Cordeiros, Kanithas e Dodós (gente especial). A lista é vasta e tímida, mas os palcos estão a abrir-se. Os estúdios estão curiosos por experimentar. Os instrumentistas estão receosos mas são capazes. Os admiradores, bom, esses são outra gama.

Dos apreciadores angolanos, já se contam os jovens e crianças dos 90´s que detestavam o programa do Belo. Hoje atrevem-se a andar de mãos dadas a dois Kotas: ao que degustava o Jejé cá e ao que esteve na diáspora a aprender este som nas ruas e bares noturnos de lá.

Se porventura preocupou-se sobre a validade deste gênero musical, hoje pode dar passos firmes na aposta do mesmo. Seja empresário, escritor, radialista, editor de vídeo e imagem, músico sem definição própria, curioso, enfim. Tal como foi o nascimento e crescimento do som de Satchmo, Ellington e Ella, entre conflitos e estabelecimentos sérios, assim está a ser o mesmo na minha Kianda.

Enquanto mergulho na aprendizagem constante do Jazz, distraio-me com tanta beleza tão bem estruturada, ou nem tanto, e anseio sem receio ver bancas internacionais recheadas de sons de marimbas, kissanges e afins mesclados aos acústicos do bom e velho Jazz!

Não conhecia, nem percebia. E tanto quanto me lembre, nenhum dos meus amigos e colegas de então ousava ouvir e apreciar tais ritmos. Porém havia algo de especial naquilo...

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