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Lázaro aprendeu a conduzir motociclo na década de 1970 e hoje dedica-se à actividade de moto-táxi em Cacuaco, Luanda, particularmente no Bairro Paraíso, que conhece como a palma da sua mão e por onde circula durante o dia, transportando moradores e visitantes.

Já perto dos 50 anos idade, Lázaro preserva em si um vigor físico distinto. Entretanto, o mesmo tem consciência de que o tempo não perdoa. Comentou comigo sobre o assunto a propósito do envelhecimento de um mentor seu, cujo nome não perguntei. Essa pessoa, que também é motociclista na mesma zona suburbana de Luanda, não só ensinou Lázaro a conduzir motociclos, mas o orientou, igualmente, em muitos aspectos da vida. E por isso o condutor que me transportava para o bairro Paraíso, que eu já não visitava há mais de um ano, demonstra eterna gratidão por tudo que recebeu do seu mentor que, apesar do desgaste físico resultante do passar dos anos, mantém-se activo e sempre bem-disposto. Foi assim que o vi, pelo menos, numa tarde de domingo meio acinzentadas, mas convidativa para sair à rua, principalmente para quem, como eu, não tinha como deslocar-se de carro próprio…

Curiosamente, o motociclo de Lázaro também não escapou ao castigo do tempo. O desgaste da máquina, além de ser visível, transmite uma insegurança a quem é transportado por si. Vendo uma rolha vede de plástico – pareceu-me ser de uma garrafa de sumo muito consumido pelas crianças angolanas – e um saco preto de plástico com um calendário timbrado a branco cobrindo a armação metálica do volante, não resisti… atirei-lhe uma piada sem a intenção de ofendê-lo, mas sim fazer-lhe perceber que a situação era assustadora.

- Essa moto também já está velha e cansada, kota, disse-lhe num tom jocoso.

- Sim, está velha, mas apenas por fora. O coração continua a trabalhar normalmente – retorquiu Lázaro, tentando afastar o meu medo.

Pela forma como ultrapassava os obstáculos e circulava pelas ruas que desenham um ziguezague estonteante, Lázaro demonstrou que é um condutor experiente, mas infelizmente não me conseguiu garantir que a sua moto não é nenhum “cai-peça”, embora a viagem tenha corrido na normalidade, para o meu bem. Olhando para mim com um sorriso de alívio, depois de descido do motociclo, Lázaro insistiu comigo que a máquina está em perfeitas condições mecânicas. Ou seja, o motor não baba olho, embora a chaparia não esteja com bala-bala. Fiz-lhe o pagamento pela viagem emocionante que registei para partilhar nas redes sociais e disse-lhe que acreditava nele, tal como acredito que, mesmo quando somos abatidos fisicamente por situações inesperadas, se nos mantivermos emocionalmente sãos, continuaremos a nossa caminhada… Aliás, creio que é por estar emocionalmente são e jovem que o seu mentor continua em estrada sobre duas rodas, garantindo, por um lado, o seu pão de cada dia, e por outro lado, a sua sanidade mental, pois “o importante é que se evite a estagnação como se fosse a peste. É a estagnação que faz com que muita gente reformada fique sentada, a recordar, com mágoa, os velhos tempos, entregando-se à nostalgia de uma época que nunca existiu”, segundo Jack Welch em MBA da Vida Real – Como pensar o negócio, criar uma equipa talentosa e VENCER.

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Sebastião Vemba

Fundador e Director Editorial do ONgoma News

Jornalista, apaixonado pela escrita, fotografia e artes visuais. Tem interesses nas novas medias, formação e desenvolvimento comunitário.

Lázaro aprendeu a conduzir motociclo na década de 1970 e hoje dedica-se à actividade de moto-táxi em Cacuaco, Luanda, particularmente no Bairro Paraíso, que conhece como a palma da sua mão e por onde circula durante o dia, transportando moradores e visitantes.

Já perto dos 50 anos idade, Lázaro preserva em si um vigor físico distinto. Entretanto, o mesmo tem consciência de que o tempo não perdoa. Comentou comigo sobre o assunto a propósito do envelhecimento de um mentor seu, cujo nome não perguntei. Essa pessoa, que também é motociclista na mesma zona suburbana de Luanda, não só ensinou Lázaro a conduzir motociclos, mas o orientou, igualmente, em muitos aspectos da vida. E por isso o condutor que me transportava para o bairro Paraíso, que eu já não visitava há mais de um ano, demonstra eterna gratidão por tudo que recebeu do seu mentor que, apesar do desgaste físico resultante do passar dos anos, mantém-se activo e sempre bem-disposto. Foi assim que o vi, pelo menos, numa tarde de domingo meio acinzentadas, mas convidativa para sair à rua, principalmente para quem, como eu, não tinha como deslocar-se de carro próprio…

Curiosamente, o motociclo de Lázaro também não escapou ao castigo do tempo. O desgaste da máquina, além de ser visível, transmite uma insegurança a quem é transportado por si. Vendo uma rolha vede de plástico – pareceu-me ser de uma garrafa de sumo muito consumido pelas crianças angolanas – e um saco preto de plástico com um calendário timbrado a branco cobrindo a armação metálica do volante, não resisti… atirei-lhe uma piada sem a intenção de ofendê-lo, mas sim fazer-lhe perceber que a situação era assustadora.

- Essa moto também já está velha e cansada, kota, disse-lhe num tom jocoso.

- Sim, está velha, mas apenas por fora. O coração continua a trabalhar normalmente – retorquiu Lázaro, tentando afastar o meu medo.

Pela forma como ultrapassava os obstáculos e circulava pelas ruas que desenham um ziguezague estonteante, Lázaro demonstrou que é um condutor experiente, mas infelizmente não me conseguiu garantir que a sua moto não é nenhum “cai-peça”, embora a viagem tenha corrido na normalidade, para o meu bem. Olhando para mim com um sorriso de alívio, depois de descido do motociclo, Lázaro insistiu comigo que a máquina está em perfeitas condições mecânicas. Ou seja, o motor não baba olho, embora a chaparia não esteja com bala-bala. Fiz-lhe o pagamento pela viagem emocionante que registei para partilhar nas redes sociais e disse-lhe que acreditava nele, tal como acredito que, mesmo quando somos abatidos fisicamente por situações inesperadas, se nos mantivermos emocionalmente sãos, continuaremos a nossa caminhada… Aliás, creio que é por estar emocionalmente são e jovem que o seu mentor continua em estrada sobre duas rodas, garantindo, por um lado, o seu pão de cada dia, e por outro lado, a sua sanidade mental, pois “o importante é que se evite a estagnação como se fosse a peste. É a estagnação que faz com que muita gente reformada fique sentada, a recordar, com mágoa, os velhos tempos, entregando-se à nostalgia de uma época que nunca existiu”, segundo Jack Welch em MBA da Vida Real – Como pensar o negócio, criar uma equipa talentosa e VENCER.

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