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“Em cada ano, nós, angolanos, estamos cada vez mais pobres”, afirma economista Manuel José Alves da Rocha

“Em cada ano, nós, angolanos, estamos cada vez mais pobres”, afirma economista Manuel José Alves da Rocha
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Andrade Lino

O economista Manuel José Alves da Rocha afirmou, na segunda-feira, que “em cada ano, nós, angolanos, estamos cada vez mais pobres, porque a economia cresce a 2% e a população a 3,1%, e se calhar não sentimos, mas é isso que está a acontecer em termos macroeconómicos”.

O também docente universitário falava por ocasião do lançamento do seu mais recente livro, intitulado “Economia Angolana em 2015, 2016 e 2017”, decorrido no Salão Nobre da Universidade Católica de Angola, em Luanda, onde é director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC).

“Eu diria que a situação económica do país, desde há algum tempo, 2009, quando se registou a grande crise económica internacional, que vinha a ter sinais de alerta. Não eram ainda sinais vermelhos, eram sinais laranja, mas esses sinais não foram tidos em devida consideração. Eram sinais que faziam antever que toda essa crise do preço do petróleo poderia acontecer”, disse, tendo recordado que, “em 2009, o preço do petróleo baixou, voltou a subiu em 2010 e um pouco em 2011, houve uma recuperação das receitas fiscais petrolíferas e das receitas petrolíferas em divisas, que são a principal fonte de financiamento da economia, mas nada mais”.

Quer dizer, continuou, “de 2009 a 2016, a taxa média de crescimento de Angola anda à volta dos 2%, 2,5%, o que é uma taxa de crescimento do PIB insuficiente, não apenas para que nós possamos fazer a diversificação, mas tendo em conta a elevada taxa de crescimento demográfico”.

O anfitrião do evento, do qual fizeram parte também o representante do BNI, Bruno Rodrigues, o representante da Texto Editora, que lançou o livro, e ainda o director do Semanário Expansão, Carlos Rosado de Carvalho, acrescentou que quanto ao que pode acontecer daqui para o futuro, não há grandes expectativas de o preço do petróleo subir, pelo menos colocando-se ao nível da época de 2008, o último ano com uma taxa de crescimento do PIB de 11,5%, notável, nesta altura, e referiu que não há sinais de que possamos voltar a esse período, porque, entretanto “não reunimos as condições necessárias, como capital institucional, capital humano, capital social e falta dinheiro”.

Os últimos dados do BNA, frisou, em entrevista à imprensa, dão conta dum stock de reservas internacionais líquidas de 9 mil milhões dólares, quando já chegámos a ter 40 mil milhões de USD.

“É complicado reconstruir uma economia sem dinheiro. Há modelos, mas isso já foi chão que deu uvas. Hoje, os três elementos fundamentais para a recuperação do crescimento económico dos países têm a ver com a tecnologia, capital, inovação e capital humano, e quando se fala de capital humano trata-se da mão-de-obra qualificada. Nós, entretanto, estamos muitos anos atrás disso e, portanto, até 2022, eu, pessoalmente, não espero grandes alterações nesta dinâmica de crescimento, porque ainda que haja a intenção de se fazerem reformas, elas demoram tempo, não dão efeitos da noite para o dia, há desfasamentos, há leis”, considerou.

Quanto à obra, onde o autor traz mais de 50 crónicas publicadas no Jornal Expansão, que reflectem as causas e consequências da excessiva dependência a economia angolana do petróleo, disse que a ideia para estas compilações não surgem muitas vezes do próprio autor.

“Já foi assim na colectânea anterior. São emails que eu recebo a pedirem-me artigos que publiquei no Expansão, noutras revistas e jornais, e por vezes tenho dificuldades de encontrar um ficheiro numa minha pendrive, onde tenho guardados cerca de seis mil ficheiros, e como as solicitações incidiam sobretudo na situação económica actual, as razões de estarmos nessa situação crítica financeira, económica e social, isto depois de 2014, entendi que a melhor forma de satisfazer essas solicitações era reunindo essas crónicas, nesse semanário em especial, porque a participação no Expansão é quinzenal, e desde que sou colaborador, nunca falhei, sempre houve cumprimento da minha parte no que toca ao contacto com os leitores”.

Nesse diapasão, Manuel Alves da Rocha precisou que os angolanos devem continuar a trabalhar, ele, no seu caso, a dar os seus pontos de vista, as suas contribuições, a ver se consegue recuperar alguma coisa, tendo sublinhado que no seu último artigo no Semanário Expansão e mais um que vai para a semana, oferece contributos, reflexões para a nova governação. “Se quiser levar em consideração, muito bem. Se não, eu, quando escrevo, não estou preocupado em se o Governo leva em consideração ou não, porque eu não escrevo para isso. Escrevo, pois, para difundir as minhas reflexões, sobretudo nos meios universitários e académicos”, declarou.

Carlos Rosado de Carvalho, director do Jornal Expansão

A seu tempo, o director do Semanário Expansão apreciou o livro como não sendo uma surpresa, na medida em que é uma compilação de crónicas de artigos de opinião que o autor escreveu para aquele jornal, e segue a linha daquilo que o docente já habituou aos leitores.

“O doutor Alves da Rocha é a pessoa que mais tem obras publicadas sobre a economia angolana, é uma referência para todos os economistas de Angola, e esta obra reflecte exactamente isso. É um material de trabalho de investigação, de que resultam críticas e diagnósticos da situação actual do país, mas mais do que isso propostas de soluções para o país. No entanto, se as autoridades governamentais lerem com atenção os escritos do doutor, seguramente teremos uma economia diferente”, precisou o responsável, tendo referido que aquilo que se está a passar na economia angolana era previsível porque o autor alertou em diversões ocasiões para os perigos  que o país estava a correr.

 

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O economista Manuel José Alves da Rocha afirmou, na segunda-feira, que “em cada ano, nós, angolanos, estamos cada vez mais pobres, porque a economia cresce a 2% e a população a 3,1%, e se calhar não sentimos, mas é isso que está a acontecer em termos macroeconómicos”.

O também docente universitário falava por ocasião do lançamento do seu mais recente livro, intitulado “Economia Angolana em 2015, 2016 e 2017”, decorrido no Salão Nobre da Universidade Católica de Angola, em Luanda, onde é director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC).

“Eu diria que a situação económica do país, desde há algum tempo, 2009, quando se registou a grande crise económica internacional, que vinha a ter sinais de alerta. Não eram ainda sinais vermelhos, eram sinais laranja, mas esses sinais não foram tidos em devida consideração. Eram sinais que faziam antever que toda essa crise do preço do petróleo poderia acontecer”, disse, tendo recordado que, “em 2009, o preço do petróleo baixou, voltou a subiu em 2010 e um pouco em 2011, houve uma recuperação das receitas fiscais petrolíferas e das receitas petrolíferas em divisas, que são a principal fonte de financiamento da economia, mas nada mais”.

Quer dizer, continuou, “de 2009 a 2016, a taxa média de crescimento de Angola anda à volta dos 2%, 2,5%, o que é uma taxa de crescimento do PIB insuficiente, não apenas para que nós possamos fazer a diversificação, mas tendo em conta a elevada taxa de crescimento demográfico”.

O anfitrião do evento, do qual fizeram parte também o representante do BNI, Bruno Rodrigues, o representante da Texto Editora, que lançou o livro, e ainda o director do Semanário Expansão, Carlos Rosado de Carvalho, acrescentou que quanto ao que pode acontecer daqui para o futuro, não há grandes expectativas de o preço do petróleo subir, pelo menos colocando-se ao nível da época de 2008, o último ano com uma taxa de crescimento do PIB de 11,5%, notável, nesta altura, e referiu que não há sinais de que possamos voltar a esse período, porque, entretanto “não reunimos as condições necessárias, como capital institucional, capital humano, capital social e falta dinheiro”.

Os últimos dados do BNA, frisou, em entrevista à imprensa, dão conta dum stock de reservas internacionais líquidas de 9 mil milhões dólares, quando já chegámos a ter 40 mil milhões de USD.

“É complicado reconstruir uma economia sem dinheiro. Há modelos, mas isso já foi chão que deu uvas. Hoje, os três elementos fundamentais para a recuperação do crescimento económico dos países têm a ver com a tecnologia, capital, inovação e capital humano, e quando se fala de capital humano trata-se da mão-de-obra qualificada. Nós, entretanto, estamos muitos anos atrás disso e, portanto, até 2022, eu, pessoalmente, não espero grandes alterações nesta dinâmica de crescimento, porque ainda que haja a intenção de se fazerem reformas, elas demoram tempo, não dão efeitos da noite para o dia, há desfasamentos, há leis”, considerou.

Quanto à obra, onde o autor traz mais de 50 crónicas publicadas no Jornal Expansão, que reflectem as causas e consequências da excessiva dependência a economia angolana do petróleo, disse que a ideia para estas compilações não surgem muitas vezes do próprio autor.

“Já foi assim na colectânea anterior. São emails que eu recebo a pedirem-me artigos que publiquei no Expansão, noutras revistas e jornais, e por vezes tenho dificuldades de encontrar um ficheiro numa minha pendrive, onde tenho guardados cerca de seis mil ficheiros, e como as solicitações incidiam sobretudo na situação económica actual, as razões de estarmos nessa situação crítica financeira, económica e social, isto depois de 2014, entendi que a melhor forma de satisfazer essas solicitações era reunindo essas crónicas, nesse semanário em especial, porque a participação no Expansão é quinzenal, e desde que sou colaborador, nunca falhei, sempre houve cumprimento da minha parte no que toca ao contacto com os leitores”.

Nesse diapasão, Manuel Alves da Rocha precisou que os angolanos devem continuar a trabalhar, ele, no seu caso, a dar os seus pontos de vista, as suas contribuições, a ver se consegue recuperar alguma coisa, tendo sublinhado que no seu último artigo no Semanário Expansão e mais um que vai para a semana, oferece contributos, reflexões para a nova governação. “Se quiser levar em consideração, muito bem. Se não, eu, quando escrevo, não estou preocupado em se o Governo leva em consideração ou não, porque eu não escrevo para isso. Escrevo, pois, para difundir as minhas reflexões, sobretudo nos meios universitários e académicos”, declarou.

Carlos Rosado de Carvalho, director do Jornal Expansão

A seu tempo, o director do Semanário Expansão apreciou o livro como não sendo uma surpresa, na medida em que é uma compilação de crónicas de artigos de opinião que o autor escreveu para aquele jornal, e segue a linha daquilo que o docente já habituou aos leitores.

“O doutor Alves da Rocha é a pessoa que mais tem obras publicadas sobre a economia angolana, é uma referência para todos os economistas de Angola, e esta obra reflecte exactamente isso. É um material de trabalho de investigação, de que resultam críticas e diagnósticos da situação actual do país, mas mais do que isso propostas de soluções para o país. No entanto, se as autoridades governamentais lerem com atenção os escritos do doutor, seguramente teremos uma economia diferente”, precisou o responsável, tendo referido que aquilo que se está a passar na economia angolana era previsível porque o autor alertou em diversões ocasiões para os perigos  que o país estava a correr.

 

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