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Elohim e Oksanna Dias vencem concurso de pintura “pelos valores da democracia”

Elohim e Oksanna Dias vencem concurso de pintura “pelos valores da democracia”
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Andrade Lino

Os artistas Elohim e Oksanna Dias sagraram-se os grandes vencedores do concurso ao vivo “Pintar os valores da democracia”, promovido pelo Mosaiko – Instituto Para Cidadania, no âmbito do projecto “Vamos Votar! – Voz mais forte para um futuro melhor”, implementando em parceria com a organização não-governamental People In Need (PIN), contando com o apoio financeiro da União Europeia e da Embaixada dos Países Baixos em Angola.

A competição desafiou 5 artistas, seleccionados entre os 9 inscritos, para num dia pintarem os valores da democracia, num evento que teve lugar, ontem, dia 22, na Paróquia de São Paulo, em Luanda, com o objectivo de, para além de incentivar a produção artística, apelar à participação democrática e também expressar os propósitos da iniciativa de uma forma diferente, de acordo com Margarida Silva, responsável da área de formação do Mosaiko e gestora do projecto “Vamos Votar!”, que nasceu há quase 3 anos e acontece em 5 províncias, para sensibilizar as pessoas sobre as autarquias locais, que uma vez não concretizadas, o projecto “muda um pouco” para a temática do voto consciente, “sendo que estamos numa fase pré-eleitoral”.

Em entrevista exclusiva ao ONgoma News, Elohim, que venceu o primeiro lugar, declarou que achou melhor pintar sobre a liberdade de expressão. “Sabemos que muitos de nós não conseguimos desenvolver por causa dos limites que nos são impostos. Esta obra retrata uma mulher, porque estamos num mundo muito machista, onde a maioria das coisas é feita apenas pelos homens. Então, representei uma mulher com uma boca de fechadura”.

Feliz com a conquista que considerou quase inesperada, o artista mostrou-se satisfeito com a experiência, que acredita ter sido também um desafio, “desenvolver noutros ramos artísticos, trocar ideias e conhecimentos”. Assim sendo, almeja que a sua obra, além de ser visualizada, comunique, eduque e renove mentes, “porque há muitos jovens ainda que estão presos, sem conseguirem expressar as suas aspirações, não só em assuntos políticos, mas também sociais, pois há muitos problemas que nós mesmos conseguimos resolver, mas por causa das limitações impostas pelas pessoas que nos rodeiam, não fazemos nada”, tendo defendido que “todo ser vivo tem o direito ao desenvolvimento, educação e saúde”.

Já Oksanna Dias, que venceu na categoria Artista Feminina, levou ao concurso “O que eu preciso”, obra que apresenta uma humana esquelética e “retrata aquilo que o povo precisa, o que deve ser melhorado, como o atendimento nos serviços públicos, especialmente nos hospitais”.

O trabalho ilustra ainda o símbolo da Justiça, velando por uma sociedade justa, releva também o apoio à educação e o incentivo à liberdade de expressão, mas acima de tudo o amor ao próximo, sem escolher géneros, condições física, económica e social, “porque nunca sabemos o dia de amanhã, e quando morremos, todo mundo segue o mesmo processo - todos viramos apenas esqueleto”.

Sobre a sua participação no concurso, considerou ter sido uma experiência muito boa, um dia intenso, de alegria e de aprendizado, apesar da pressão. Sente-se muito feliz pelo ganho, pois afirma não ter sido fácil. “Foram 7 horas de pintura e não achei que terminaria a tempo, mas com dedicação e foco consegui mostrar aquilo que são os valores da democracia”, declarou a artista, que almeja que todos os trabalhos sejam vistos e informem o que se quer passar a nível educacional, “que as pessoas reflictam e possam saber o que realmente nós precisamos”.

Entretanto, dentre outros concorrentes, está Celestino Fazenda “0012”, residente no Cuanza Sul, que revelou ter tentado chegar um pouco mais ao tema e pintar sobre os valores da democracia, o direito ao voto e à democracia, numa obra que se chama “Eu vou votar”. Gostaria que as pessoas ao verem a obra possam construir um pensamento criativo e consequentemente desenvolver projectos que ajudem os cidadãos angolanos, manifestou o artista, para quem participar no evento já foi um grande passo da sua carreira e espera continuar a caminhar.

Está também Alex Machado, que apresentou a obra com o tema “Respeito”, que chama atenção ao respeito à vida. Para ele, foi uma grande bênção participar do concurso, não só pelo facto de executar a obra no quadro, mas conhecer outros artistas e aprender com eles. “A princípio eu quero muito mostrar às pessoas a importância da vida humana, porque quanto menos ela é valorizada, mais perdemos, e a única forma de ganharmos é nos unindo”, explicou o artista, feliz com a oportunidade de expor onde ainda não pôde, por meio dessa actividade.

Finalmente, Alb Teca levou à discussão a liberdade de forma justa e a igualdade de género, como vemos na pintura “a Polícia atrás das zungueiras, com porretes nas mãos, enquanto, em casa, os filhos dessas senhoras passam fome por causa dessa corrida”. Temos uma outra figura dum político, contava o artista, “ilustrando os dirigentes que muito falam mas nada fazem”. De resto, Alb amou a experiência e espera que esse trabalho toque o mundo inteiro.

De acordo com a organização, os trabalhos deverão seguir agora para uma exposição itinerante pelas províncias do projecto, nomeadamente, Bié, Huíla, Cuanza Sul e Moxico, para além de Luanda, sendo que depois daí a escolha para o terceiro vencedor estará a cargo do voto público.

Destaque

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

Os artistas Elohim e Oksanna Dias sagraram-se os grandes vencedores do concurso ao vivo “Pintar os valores da democracia”, promovido pelo Mosaiko – Instituto Para Cidadania, no âmbito do projecto “Vamos Votar! – Voz mais forte para um futuro melhor”, implementando em parceria com a organização não-governamental People In Need (PIN), contando com o apoio financeiro da União Europeia e da Embaixada dos Países Baixos em Angola.

A competição desafiou 5 artistas, seleccionados entre os 9 inscritos, para num dia pintarem os valores da democracia, num evento que teve lugar, ontem, dia 22, na Paróquia de São Paulo, em Luanda, com o objectivo de, para além de incentivar a produção artística, apelar à participação democrática e também expressar os propósitos da iniciativa de uma forma diferente, de acordo com Margarida Silva, responsável da área de formação do Mosaiko e gestora do projecto “Vamos Votar!”, que nasceu há quase 3 anos e acontece em 5 províncias, para sensibilizar as pessoas sobre as autarquias locais, que uma vez não concretizadas, o projecto “muda um pouco” para a temática do voto consciente, “sendo que estamos numa fase pré-eleitoral”.

Em entrevista exclusiva ao ONgoma News, Elohim, que venceu o primeiro lugar, declarou que achou melhor pintar sobre a liberdade de expressão. “Sabemos que muitos de nós não conseguimos desenvolver por causa dos limites que nos são impostos. Esta obra retrata uma mulher, porque estamos num mundo muito machista, onde a maioria das coisas é feita apenas pelos homens. Então, representei uma mulher com uma boca de fechadura”.

Feliz com a conquista que considerou quase inesperada, o artista mostrou-se satisfeito com a experiência, que acredita ter sido também um desafio, “desenvolver noutros ramos artísticos, trocar ideias e conhecimentos”. Assim sendo, almeja que a sua obra, além de ser visualizada, comunique, eduque e renove mentes, “porque há muitos jovens ainda que estão presos, sem conseguirem expressar as suas aspirações, não só em assuntos políticos, mas também sociais, pois há muitos problemas que nós mesmos conseguimos resolver, mas por causa das limitações impostas pelas pessoas que nos rodeiam, não fazemos nada”, tendo defendido que “todo ser vivo tem o direito ao desenvolvimento, educação e saúde”.

Já Oksanna Dias, que venceu na categoria Artista Feminina, levou ao concurso “O que eu preciso”, obra que apresenta uma humana esquelética e “retrata aquilo que o povo precisa, o que deve ser melhorado, como o atendimento nos serviços públicos, especialmente nos hospitais”.

O trabalho ilustra ainda o símbolo da Justiça, velando por uma sociedade justa, releva também o apoio à educação e o incentivo à liberdade de expressão, mas acima de tudo o amor ao próximo, sem escolher géneros, condições física, económica e social, “porque nunca sabemos o dia de amanhã, e quando morremos, todo mundo segue o mesmo processo - todos viramos apenas esqueleto”.

Sobre a sua participação no concurso, considerou ter sido uma experiência muito boa, um dia intenso, de alegria e de aprendizado, apesar da pressão. Sente-se muito feliz pelo ganho, pois afirma não ter sido fácil. “Foram 7 horas de pintura e não achei que terminaria a tempo, mas com dedicação e foco consegui mostrar aquilo que são os valores da democracia”, declarou a artista, que almeja que todos os trabalhos sejam vistos e informem o que se quer passar a nível educacional, “que as pessoas reflictam e possam saber o que realmente nós precisamos”.

Entretanto, dentre outros concorrentes, está Celestino Fazenda “0012”, residente no Cuanza Sul, que revelou ter tentado chegar um pouco mais ao tema e pintar sobre os valores da democracia, o direito ao voto e à democracia, numa obra que se chama “Eu vou votar”. Gostaria que as pessoas ao verem a obra possam construir um pensamento criativo e consequentemente desenvolver projectos que ajudem os cidadãos angolanos, manifestou o artista, para quem participar no evento já foi um grande passo da sua carreira e espera continuar a caminhar.

Está também Alex Machado, que apresentou a obra com o tema “Respeito”, que chama atenção ao respeito à vida. Para ele, foi uma grande bênção participar do concurso, não só pelo facto de executar a obra no quadro, mas conhecer outros artistas e aprender com eles. “A princípio eu quero muito mostrar às pessoas a importância da vida humana, porque quanto menos ela é valorizada, mais perdemos, e a única forma de ganharmos é nos unindo”, explicou o artista, feliz com a oportunidade de expor onde ainda não pôde, por meio dessa actividade.

Finalmente, Alb Teca levou à discussão a liberdade de forma justa e a igualdade de género, como vemos na pintura “a Polícia atrás das zungueiras, com porretes nas mãos, enquanto, em casa, os filhos dessas senhoras passam fome por causa dessa corrida”. Temos uma outra figura dum político, contava o artista, “ilustrando os dirigentes que muito falam mas nada fazem”. De resto, Alb amou a experiência e espera que esse trabalho toque o mundo inteiro.

De acordo com a organização, os trabalhos deverão seguir agora para uma exposição itinerante pelas províncias do projecto, nomeadamente, Bié, Huíla, Cuanza Sul e Moxico, para além de Luanda, sendo que depois daí a escolha para o terceiro vencedor estará a cargo do voto público.

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