Caneta e Papel
Sociedade

Efiko e Etanda, Festas da Puberdade

Efiko e Etanda, Festas da Puberdade
Foto por:
vídeo por:
DR

A educação tradicional baseia-se, essencialmente, na recomendação de valores, de práticas e rituais com os quais a comunidade molda o comportamento dos mais novos e os prepara para os futuros papéis sociais.

Durante a fase da puberdade, realiza-se uma festa tradicional nas comunidades Nhaneka Humbi, Mucubais e Kwanhamas, no Sul de Angola, concretamente, nas províncias da Huíla, do Namibe e de Cabinda, e que marca a transição das meninas e dos meninos da fase da adolescência para a idade adulta, com maior ênfase para a festa do Efiko, tendo em conta que as adolescentes serão as futuras esposas. Nas mesmas comunidades, considera-se que quem não passa pelo Efiko é uma mulher sem valor e não poderá ter filhos vivos.

Por sua vez, Etanda é a festa masculina de passagem da fase da adolescência para a fase adulta, e é também conhecido como o ritual da circuncisão, onde o menino, depois de cumprir com todos os procedimentos tradicionais, aprende a caçar animais ferozes e não ferozes, uma vez que a tradição diz que é dever do homem sair da sua casa para ir à procura do sustento para a sua família, enquanto a mulher fica a cuidar dos filhos e da casa.

Nalgumas comunidades africanas, o homem é respeitado depois da circuncisão e pelo animal que consegue caçar, pois, quanto mais feroz for o animal melhor, mais respeito terá da sua comunidade.

De acordo com alguns anciãos de determinadas comunidades, esta passagem é vista como um processo fundamental na educação tradicional, por representar a “morte e o ressurgimento para a vida nova” dos jovens. 

Cada região tem a sua tradição, logo, para serem aceites, passa-se por rituais.  Em algumas comunidades africanas, é permitido o casamento de raparigas com 13 ou 14 anos de idade, por razões aceites localmente. Todavia, a família oferece a sua filha pura a um senhor de 50 anos ou de mais idade, que tenha animais e terras para suportar o sustento do resto dos familiares.

Do mesmo modo, o processo do Efiko é ainda realizado por uma boa parte das culturas africanas, com diferentes designações. No Efiko retira-se também, nalgumas regiões, a ponta do clitóris da mulher (mutilação genital), para que ela não sinta prazer no acto sexual, uma vez que o prazer sexual é considerado, nestas regiões, um direito exclusivo do homem. Elas apenas servem de donas de casa e geradoras de vida.

Assim, as mulheres, ao serem afastadas da família por alguns dias, é no intuito de aprenderem a cuidar de si próprias, bem como cozinhar, lavar roupas e fazer outras actividades domésticas. Neste mesmo período, são proibidas de gritar ou falar alto. Até mesmo se forem picadas por uma serpente, terão de conter e aguentar a dor em silêncio.

Importa ainda referir que neste mesmo período, elas ficam sob a responsabilidade de outra menina que já tenha passado pelo Efiko e, nestes moldes, ela é considerada como a mãe que dá todas as orientações às suas filhas.

Depois dos rituais de iniciação por que passam, começa a vida adulta e a integração deles na comunidade.

Entretanto, vale realçar que a prática destes rituais, nos dias de hoje, tornou-se cada vez mais rara, mesmo nas províncias do Sul de Angola.

Destaque

No items found.

6galeria

Francisca Parente

Produtora de Conteúdos

Apaixonada por Jornalismo, Música e Fotografia, Francisca Parente é estagiária no ONgoma News, onde, além de fazer notícias, gere as redes sociais.

A educação tradicional baseia-se, essencialmente, na recomendação de valores, de práticas e rituais com os quais a comunidade molda o comportamento dos mais novos e os prepara para os futuros papéis sociais.

Durante a fase da puberdade, realiza-se uma festa tradicional nas comunidades Nhaneka Humbi, Mucubais e Kwanhamas, no Sul de Angola, concretamente, nas províncias da Huíla, do Namibe e de Cabinda, e que marca a transição das meninas e dos meninos da fase da adolescência para a idade adulta, com maior ênfase para a festa do Efiko, tendo em conta que as adolescentes serão as futuras esposas. Nas mesmas comunidades, considera-se que quem não passa pelo Efiko é uma mulher sem valor e não poderá ter filhos vivos.

Por sua vez, Etanda é a festa masculina de passagem da fase da adolescência para a fase adulta, e é também conhecido como o ritual da circuncisão, onde o menino, depois de cumprir com todos os procedimentos tradicionais, aprende a caçar animais ferozes e não ferozes, uma vez que a tradição diz que é dever do homem sair da sua casa para ir à procura do sustento para a sua família, enquanto a mulher fica a cuidar dos filhos e da casa.

Nalgumas comunidades africanas, o homem é respeitado depois da circuncisão e pelo animal que consegue caçar, pois, quanto mais feroz for o animal melhor, mais respeito terá da sua comunidade.

De acordo com alguns anciãos de determinadas comunidades, esta passagem é vista como um processo fundamental na educação tradicional, por representar a “morte e o ressurgimento para a vida nova” dos jovens. 

Cada região tem a sua tradição, logo, para serem aceites, passa-se por rituais.  Em algumas comunidades africanas, é permitido o casamento de raparigas com 13 ou 14 anos de idade, por razões aceites localmente. Todavia, a família oferece a sua filha pura a um senhor de 50 anos ou de mais idade, que tenha animais e terras para suportar o sustento do resto dos familiares.

Do mesmo modo, o processo do Efiko é ainda realizado por uma boa parte das culturas africanas, com diferentes designações. No Efiko retira-se também, nalgumas regiões, a ponta do clitóris da mulher (mutilação genital), para que ela não sinta prazer no acto sexual, uma vez que o prazer sexual é considerado, nestas regiões, um direito exclusivo do homem. Elas apenas servem de donas de casa e geradoras de vida.

Assim, as mulheres, ao serem afastadas da família por alguns dias, é no intuito de aprenderem a cuidar de si próprias, bem como cozinhar, lavar roupas e fazer outras actividades domésticas. Neste mesmo período, são proibidas de gritar ou falar alto. Até mesmo se forem picadas por uma serpente, terão de conter e aguentar a dor em silêncio.

Importa ainda referir que neste mesmo período, elas ficam sob a responsabilidade de outra menina que já tenha passado pelo Efiko e, nestes moldes, ela é considerada como a mãe que dá todas as orientações às suas filhas.

Depois dos rituais de iniciação por que passam, começa a vida adulta e a integração deles na comunidade.

Entretanto, vale realçar que a prática destes rituais, nos dias de hoje, tornou-se cada vez mais rara, mesmo nas províncias do Sul de Angola.

6galeria

Artigos relacionados

No items found.
Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form