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“É preciso pormos a nossa produção ao serviço da população e reduzir as importações”, afirma José Carlos Bettencourt

“É preciso pormos a nossa produção ao serviço da população e reduzir as importações”, afirma José Carlos Bettencourt
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O secretário de Estado para a Agricultura, José Carlos Bettencout afirmou que é necessário pormos a nossa produção ao serviço da população, “porque gastamos muito dinheiro com as importações”, tendo referido que o Executivo tem vindo a trabalhar com os empresários agrícolas, camponeses, criando soluções, facilitando o acesso aos insumos agrícolas, de modo a procurar o aumento da produção nacional no mais curto prazo de tempo possível.

“Estar a importar milho, feijão, até manga, um produto que produzimos internamente, é desperdício de dinheiro, dinheiro este que podemos usar noutros sectores da economia, como na Educação e na Saúde, e nós temos um país rico, graças a Deus, com potencial grande na produção agrícola”, observou o responsável, que falou por ocasião do seminário sobre os “Desafios e perspectivas do Agronegócio em Angola”, decorrido na semana passada, na Academia BAI.

A fonte disse que é preciso olharmos para dentro, para nós, e mudarmos as condições de vida de quem está no meio rural, uma questão que a sociedade deve discutir e ser um parceiro do Executivo para solução dos problemas que temos na agricultura.

Entretanto, questionado sobre a substituição de importâncias e medidas concretas que já forma tomadas para tal, com base no Decreto Presidencial nº 23/19, que foi publicado recentemente, ressalvou, há uma série de produtos que são prioritários na substituição das importações. É o caso da farinha de milho, da farinha de bombom, frutas e alguns grãos que temos internamente. O que se pretende com este decreto é que, referiu, antes de olharmos para os países lá fora, olhemos para dentro.

Em entrevista à imprensa, José Carlos afirmou que as moageiras estão a funcionar, estão a produzir fuba, “então vamos comprar a fuba aqui dentro. Só depois, não havendo meios suficientes para tal, comprar a matéria-prima para transformarmos cá dentro”.

Continuou que certas moageiras no país estavam paradas porque os produtos vinham de fora, citando casos em que produzimos feijão, sai pelas fronteiras e volta a entrar no país outra vez, e alertou para a criação de uma rede que vá buscar esse feijão e vá comercializar este produto, porque “o ideal é não irmos para a importação”.

Adiante, o secretário de Estado sublinhou que há produtos que não precisamos de importar. Mas se for necessário, explicou, são quantidades residuais, para momentos determinados do ciclo produtivo. “As culturas têm um período em que não se faz nada, e depois voltamos ao ano agrícola. O que queremos é, neste período, fazer uma outra rotação de cultura e manter o campo sempre ocupado. Quando conseguirmos fazer isso, vamos começar a diversificar a produção. Agora, neste intervalo em que não temos os produtos porque já fizemos a colheita e os mesmos já foram vendidos, se houver necessidade de alguma importação, vamos importar a matéria-prima e transformá-la cá”, esclareceu.

“Temos uma produção de milho que ronda os dois milhões de toneladas. Quer dizer que podemos transformar esse milho em fuba e, segundo os nossos cálculos, é suficiente para o abastecimento da produção a nível interno. Quanto às frutas, não há necessidade de importação também. Já há até acções de exportação de alguns empresários de banana, abacaxi e manga. Temos cerca de 350 mil toneladas de feijão de produção interna”, exemplificou o convidado, mas reconheceu entretanto que não há produção suficiente de arroz, e por isso “temos que nos dedicar a ela, sendo uma cultura que se dá muito bem em Angola”.

“Desde o Bié até o Moxico, nas Lundas, temos um potencial enorme. Estas zonas produzem o arroz a nível da agricultura camponesa. Temos que dar o salto dessa produção camponesa para uma produção maior. Temos que criar condições aqui para fazer o descasco do arroz. Por que importamos o arroz empacotado com o nome Dona “não sei quantos” e depois dizem  que é produto angolano?”, questionou-se o especialista, tendo reparado que, dessa forma, estamos a criar mais-valia lá fora, dar empregos lá fora.

“Esse arroz pode vir com cascos, chega cá, faz-se o descasco, empacota-se aqui e distribui-se aqui. Mas temos que aumentar a produção do arroz. Temos também que fazer culturas que produzam o óleo, temos condições para produzir soja, por exemplo, portanto é ver o que precisamos e quais são os incentivos necessários”, advertiu.

Por seu turno, a Presidente da Comissão Executiva da Academia BAI, Noelma Viegas D´Abreu, disse que o evento acaba por abrir o ciclo das actividades em 2019, e é um seminário que vem na sequência de uma conferência realizada há dois anos.

A organização teve a ideia de continuar a investir no aumento do conhecimento sobre o sector, sendo a agricultura importante como sector de desenvolvimento da nossa economia, fundamentalmente porque percebe que precisamos de outras valências para conseguirmos desenvolver.  

“A cadeia de negócios precisa de ter muito mais domínio, ser muito mais falada e aprendida, porque só assim conseguiremos obter bons níveis de auto-suficiência alimentar e reduzir a importação de produtos para a nossa alimentação, maior segurança alimentar e maior capacidade para também nos desenvolvermos pessoas mais saudáveis e que ajudam a construir um país muito melhor”, declarou a gestora.

O encontro teve palestras proferidas pelos engenheiros Carlos Figueiredo, Carlos Brito, Alexandre Trabolt e Fernando Pacheco, todos eles levando uma visão e perspectivas diferentes, abordando o contexto nacional, mas também aquilo que é a experiência do Brasil e a importância que a Embrapa (empresa brasileira de pesquisa agropecuária) teve para o salto da agricultura, aquele que é considerado o milagre do Brasil e que nós devemos também conhecer e aprender, disse ainda Noelma D´Abreu.

“Estamos a anunciar uma pós-graduação em Negócio Agrícola, que é importante para nós, justamente por ser mais um elemento fulcral para a elevação do conhecimento neste sector. Esperamos que gestores se interessem e venham inscrever-se, fazendo na intenção de a nossa economia atingir outros patamares”, fez saber, por fim.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O secretário de Estado para a Agricultura, José Carlos Bettencout afirmou que é necessário pormos a nossa produção ao serviço da população, “porque gastamos muito dinheiro com as importações”, tendo referido que o Executivo tem vindo a trabalhar com os empresários agrícolas, camponeses, criando soluções, facilitando o acesso aos insumos agrícolas, de modo a procurar o aumento da produção nacional no mais curto prazo de tempo possível.

“Estar a importar milho, feijão, até manga, um produto que produzimos internamente, é desperdício de dinheiro, dinheiro este que podemos usar noutros sectores da economia, como na Educação e na Saúde, e nós temos um país rico, graças a Deus, com potencial grande na produção agrícola”, observou o responsável, que falou por ocasião do seminário sobre os “Desafios e perspectivas do Agronegócio em Angola”, decorrido na semana passada, na Academia BAI.

A fonte disse que é preciso olharmos para dentro, para nós, e mudarmos as condições de vida de quem está no meio rural, uma questão que a sociedade deve discutir e ser um parceiro do Executivo para solução dos problemas que temos na agricultura.

Entretanto, questionado sobre a substituição de importâncias e medidas concretas que já forma tomadas para tal, com base no Decreto Presidencial nº 23/19, que foi publicado recentemente, ressalvou, há uma série de produtos que são prioritários na substituição das importações. É o caso da farinha de milho, da farinha de bombom, frutas e alguns grãos que temos internamente. O que se pretende com este decreto é que, referiu, antes de olharmos para os países lá fora, olhemos para dentro.

Em entrevista à imprensa, José Carlos afirmou que as moageiras estão a funcionar, estão a produzir fuba, “então vamos comprar a fuba aqui dentro. Só depois, não havendo meios suficientes para tal, comprar a matéria-prima para transformarmos cá dentro”.

Continuou que certas moageiras no país estavam paradas porque os produtos vinham de fora, citando casos em que produzimos feijão, sai pelas fronteiras e volta a entrar no país outra vez, e alertou para a criação de uma rede que vá buscar esse feijão e vá comercializar este produto, porque “o ideal é não irmos para a importação”.

Adiante, o secretário de Estado sublinhou que há produtos que não precisamos de importar. Mas se for necessário, explicou, são quantidades residuais, para momentos determinados do ciclo produtivo. “As culturas têm um período em que não se faz nada, e depois voltamos ao ano agrícola. O que queremos é, neste período, fazer uma outra rotação de cultura e manter o campo sempre ocupado. Quando conseguirmos fazer isso, vamos começar a diversificar a produção. Agora, neste intervalo em que não temos os produtos porque já fizemos a colheita e os mesmos já foram vendidos, se houver necessidade de alguma importação, vamos importar a matéria-prima e transformá-la cá”, esclareceu.

“Temos uma produção de milho que ronda os dois milhões de toneladas. Quer dizer que podemos transformar esse milho em fuba e, segundo os nossos cálculos, é suficiente para o abastecimento da produção a nível interno. Quanto às frutas, não há necessidade de importação também. Já há até acções de exportação de alguns empresários de banana, abacaxi e manga. Temos cerca de 350 mil toneladas de feijão de produção interna”, exemplificou o convidado, mas reconheceu entretanto que não há produção suficiente de arroz, e por isso “temos que nos dedicar a ela, sendo uma cultura que se dá muito bem em Angola”.

“Desde o Bié até o Moxico, nas Lundas, temos um potencial enorme. Estas zonas produzem o arroz a nível da agricultura camponesa. Temos que dar o salto dessa produção camponesa para uma produção maior. Temos que criar condições aqui para fazer o descasco do arroz. Por que importamos o arroz empacotado com o nome Dona “não sei quantos” e depois dizem  que é produto angolano?”, questionou-se o especialista, tendo reparado que, dessa forma, estamos a criar mais-valia lá fora, dar empregos lá fora.

“Esse arroz pode vir com cascos, chega cá, faz-se o descasco, empacota-se aqui e distribui-se aqui. Mas temos que aumentar a produção do arroz. Temos também que fazer culturas que produzam o óleo, temos condições para produzir soja, por exemplo, portanto é ver o que precisamos e quais são os incentivos necessários”, advertiu.

Por seu turno, a Presidente da Comissão Executiva da Academia BAI, Noelma Viegas D´Abreu, disse que o evento acaba por abrir o ciclo das actividades em 2019, e é um seminário que vem na sequência de uma conferência realizada há dois anos.

A organização teve a ideia de continuar a investir no aumento do conhecimento sobre o sector, sendo a agricultura importante como sector de desenvolvimento da nossa economia, fundamentalmente porque percebe que precisamos de outras valências para conseguirmos desenvolver.  

“A cadeia de negócios precisa de ter muito mais domínio, ser muito mais falada e aprendida, porque só assim conseguiremos obter bons níveis de auto-suficiência alimentar e reduzir a importação de produtos para a nossa alimentação, maior segurança alimentar e maior capacidade para também nos desenvolvermos pessoas mais saudáveis e que ajudam a construir um país muito melhor”, declarou a gestora.

O encontro teve palestras proferidas pelos engenheiros Carlos Figueiredo, Carlos Brito, Alexandre Trabolt e Fernando Pacheco, todos eles levando uma visão e perspectivas diferentes, abordando o contexto nacional, mas também aquilo que é a experiência do Brasil e a importância que a Embrapa (empresa brasileira de pesquisa agropecuária) teve para o salto da agricultura, aquele que é considerado o milagre do Brasil e que nós devemos também conhecer e aprender, disse ainda Noelma D´Abreu.

“Estamos a anunciar uma pós-graduação em Negócio Agrícola, que é importante para nós, justamente por ser mais um elemento fulcral para a elevação do conhecimento neste sector. Esperamos que gestores se interessem e venham inscrever-se, fazendo na intenção de a nossa economia atingir outros patamares”, fez saber, por fim.

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