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DJ Djeff sente que “actualmente o mercado de música electrónica angolano estagnou um pouco”

DJ Djeff sente que “actualmente o mercado de música electrónica angolano estagnou um pouco”
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Andrade Lino

O disc jockey angolano Djeff afirmou sentir que, actualmente, o mercado de música electrónica angolano estagnou um pouco, porque muitos DJs e produtores acabaram por arrancar para outras realidades, “perdeu-se um bocado a essência da música electrónica e veio esse movimento, por ausência, de uma mistura de algo” que nem consegue definir, “mas que não é igual a nível sonoro”.

Falando nessa quinta-feira última, por ocasião do Goza TV, podcast da plataforma de humor Goz´Aqui, dirigido por Tiago Costa, o artista declarou então que o circuito está de volta e vai continuar, “porque o comboio já era bem avançado, só tinha parado pelo caminho” e nesse momento está-se a reaver já alguns passageiros.

Por outro lado, o também produtor musical observou que hoje em dia, Kizomba, nas festas, já quase não se ouve, “o que está errado com os nossos DJs”. “Poderia ser kizombeiro, não sou, mas aprecio Kizomba tanto quanto Kuduro e acho uma pena. Há alguns artistas a fazerem, como é óbvio, mas acho que deveríamos estar a defender mais esse nosso lado, porque o pessoal lá fora está atento e pronto a fazer. E quando começam a fazer, olham para o lado e não vêem nenhuma referência, vão fazer até pegarem o ritmo, e quando nos dermos conta, já foram”, argumentou.

Questionado sobre como avalia o impacto da pandemia para a sua carreira, o actual embaixador da água Perla revelou não ter sido fácil ultrapassar essa fase, sendo que, infelizmente, houve muitos colegas que já trabalhavam há muitos anos na profissão que tiveram que abandonar e arranjar outras alternativas.

“No meu caso, posso dizer que tive juízo e consegui organizar-me nesse sentido, tive que usar as poupanças porque as contas continuavam a cair, como é óbvio, mas tive que me organizar e voltei ainda mais forte”, disse, defendendo que no momento alto da carreira dos artistas, dos DJs em particular, em que vêem algum dinheiro, devem preocupar-se com as coisas principais. “E eu costumo dizer que não são as roupas, nem os carros, mas sim casa, porque isso é a base, e se calhar depois de isso conquistado podem estar a “brincar” com o resto”, explicou Djeff, que já conta com uma agenda de actividades mais ou menos preenchida para 2023.

Autor de várias produções do primeiro álbum de BZB, “Lua Negra”, o DJ lembra que criou o Afrozilla numa altura em que quis se tornar grande na cena Afro, e começou a fazer edits de músicas para transformá-las em temas de dança, como aconteceu com “One Love”, de Sara Tavares.

Ainda, partilhou que se sente acalorado pelo público e/ou fãs, o que é notável todos os dias que põe os pés fora de casa. “Mas não podemos nos deixar levar pela ilusão total das ruas, porque às vezes não é bem aquilo que pensamos. A street por vezes pode nos levar para uma dimensão que muitas vezes não é real. Imagina que és DJ, começaste a tocar ontem e as pessoas já te chamam o melhor do mundo… Não é real, a cabeça cresce”, alertou.

No entanto, na sua visão, um bom DJ é aquele que principalmente tem uma boa selecção musical. “Muitas vezes, tecnicamente, pode não ser tão bom como os outros, mas uma boa selecção musical, boa mistura, boa leitura de pista, e o objectivo principal, pela forma como aprendi a manter uma festa durante muitas horas, é não necessariamente pôr as pessoas sempre a pularem, mas fazer com que se divirtam durante muitas horas e consumam no bar, porque pelo menos quando comecei era assim – quanto mais consumo, mais pagam o DJ”, considerou.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O disc jockey angolano Djeff afirmou sentir que, actualmente, o mercado de música electrónica angolano estagnou um pouco, porque muitos DJs e produtores acabaram por arrancar para outras realidades, “perdeu-se um bocado a essência da música electrónica e veio esse movimento, por ausência, de uma mistura de algo” que nem consegue definir, “mas que não é igual a nível sonoro”.

Falando nessa quinta-feira última, por ocasião do Goza TV, podcast da plataforma de humor Goz´Aqui, dirigido por Tiago Costa, o artista declarou então que o circuito está de volta e vai continuar, “porque o comboio já era bem avançado, só tinha parado pelo caminho” e nesse momento está-se a reaver já alguns passageiros.

Por outro lado, o também produtor musical observou que hoje em dia, Kizomba, nas festas, já quase não se ouve, “o que está errado com os nossos DJs”. “Poderia ser kizombeiro, não sou, mas aprecio Kizomba tanto quanto Kuduro e acho uma pena. Há alguns artistas a fazerem, como é óbvio, mas acho que deveríamos estar a defender mais esse nosso lado, porque o pessoal lá fora está atento e pronto a fazer. E quando começam a fazer, olham para o lado e não vêem nenhuma referência, vão fazer até pegarem o ritmo, e quando nos dermos conta, já foram”, argumentou.

Questionado sobre como avalia o impacto da pandemia para a sua carreira, o actual embaixador da água Perla revelou não ter sido fácil ultrapassar essa fase, sendo que, infelizmente, houve muitos colegas que já trabalhavam há muitos anos na profissão que tiveram que abandonar e arranjar outras alternativas.

“No meu caso, posso dizer que tive juízo e consegui organizar-me nesse sentido, tive que usar as poupanças porque as contas continuavam a cair, como é óbvio, mas tive que me organizar e voltei ainda mais forte”, disse, defendendo que no momento alto da carreira dos artistas, dos DJs em particular, em que vêem algum dinheiro, devem preocupar-se com as coisas principais. “E eu costumo dizer que não são as roupas, nem os carros, mas sim casa, porque isso é a base, e se calhar depois de isso conquistado podem estar a “brincar” com o resto”, explicou Djeff, que já conta com uma agenda de actividades mais ou menos preenchida para 2023.

Autor de várias produções do primeiro álbum de BZB, “Lua Negra”, o DJ lembra que criou o Afrozilla numa altura em que quis se tornar grande na cena Afro, e começou a fazer edits de músicas para transformá-las em temas de dança, como aconteceu com “One Love”, de Sara Tavares.

Ainda, partilhou que se sente acalorado pelo público e/ou fãs, o que é notável todos os dias que põe os pés fora de casa. “Mas não podemos nos deixar levar pela ilusão total das ruas, porque às vezes não é bem aquilo que pensamos. A street por vezes pode nos levar para uma dimensão que muitas vezes não é real. Imagina que és DJ, começaste a tocar ontem e as pessoas já te chamam o melhor do mundo… Não é real, a cabeça cresce”, alertou.

No entanto, na sua visão, um bom DJ é aquele que principalmente tem uma boa selecção musical. “Muitas vezes, tecnicamente, pode não ser tão bom como os outros, mas uma boa selecção musical, boa mistura, boa leitura de pista, e o objectivo principal, pela forma como aprendi a manter uma festa durante muitas horas, é não necessariamente pôr as pessoas sempre a pularem, mas fazer com que se divirtam durante muitas horas e consumam no bar, porque pelo menos quando comecei era assim – quanto mais consumo, mais pagam o DJ”, considerou.

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