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Artista plástico defende que professores incentivem alunos a seguir carreira artística

Artista plástico defende que professores incentivem alunos a seguir carreira artística
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Andrade Lino

O artista plástico Jardel Selele defende maior incentivo no ensino das artes plásticas, e afirmou que, no seu parecer, “os professores ensinam, mas não dão aos formandos o incentivo necessário para que eles continuem nesse caminho”.

“Nós estamos a formar-nos para substituir tais quadros, para termos pessoas capazes de lapidar as crianças enquanto desenvolvem o seu talento, porque alguns professores só transmitem para cumprir o seu papel de professor, mas não procuram instruir e fazer com que a criança desenvolva um espírito de fazer carreira”, explicou, apegando-se ao seu exemplo das crianças do ensino primário que se mostram talentosas nas disciplinas de Educação Visual e Plástica ou Educação Laboral.

Jardel, que é um dos participantes da exposição colectiva “Impressões & Expressões”, patente na Galeria Tamar Golan desde o dia 12, falava por ocasião da abertura da mesma. Em entrevista ao ONgoma News, realçou que “a arte faz-se primeiro com amor, não se faz por ganância”.

“Uns pensam que fazer arte é apenas procurar ter dinheiro, mas primeiro você vai depositar o espírito e trabalho para que depois colha algumas coisa”, acrescentou o jovem artista angolano, dizendo ainda que “alguns pais deveriam, por sua vez, incentivar os filhos, no tocante à aquisição de materiais didácticos para pintura”, em vez de obrigá-los “a procurar fazer algo como trabalhos de mecânica, por exemplo, quando a inclinação está para desenhar e não apertar parafusos”.

Jardel Selele, que aos 13 anos de idade começou a ter aulas de desenho artístico com o artista plástico Evadilson José Ferreira, afirmou que “ser artista não é fácil, mas também não é difícil de todo”.

“Primeiro é que eu procuro fazer dos recursos que tenho coisas proveitosas. Pode ser algo até que consigo do lixo, porque quando não se tem muito, do pouco, podemos criar coisas para agregar valores, e a carência de materiais faz com que muitos façam recurso ao lixo, pois ultimamente o que se vê é que o artista recicla, o que é bom para não desperdiçar os materiais de que muito se precisa”, observou.

Em relação às dificuldades com que os artistas se debatem, pensa que se deve “criar condições para que os fazedores de arte tenham bastante sucesso.

“Os artistas andam muito à procura de rolos, que são muito difíceis de aparecer. Então, se existissem fábricas de tintas para trabalhar, tintas artísticas mesmo, nós não estaríamos a encomendar e por isso é que muitos depois vêm discutir o preço das obras. Gastamos dinheiro para adquirir o material e muita massa cinzenta para fazer aquilo que é belo aos olhos dos observadores”, contou.

Exortou, entretanto, aos futuros artistas plásticos, a manterem persistência, e que não caiam por mais que alguém apareça a dizer que o trabalho não presta, pois “quando estamos perante críticas, indica que temos que melhorar em alguma coisa, não que tenhamos que desistir”. “Eu também já passei por isso, e hoje eu sinto que melhorei bastante e surpreendi tais pessoas, que agora me respeitam não só como artista, mas como ser humano”, referiu.

Quanto à sua participação na exposição, apresentou três trabalhos que ilustram um estilo “bem diferente dos outros artistas”, que é o revestimento em madeira, a associação da madeira e o ser humano, dando a impressão de que o corpo está meio partido e que em algumas partes estão visíveis as veias.

Tendo realizado a sua exposição individual ano passado, intitulada “Rostos e Traços”, o também desenhador projectista explica que apresenta nessa exposição temas de carácter sócio-educativo e religioso, expressivos da vida.

Musa, pintura de Jardel Selele

Obras como “Musa” e “Lembranças” destacam a mulher mucubal, “que tem identidade própria, isso por causa das vestes, comportamentos cultural e religioso, comparada à mulher moderna”.

“É esta diferença que eu queria mostrar ao público, com o interesse de estudar mais, visitar mais aldeias para conhecer melhor, e é algo que eu faço e nessa não exposição deixei de apresentar”, finalizou.

Em 2010, Jardel Selele começou a frequentar o atelier Celamar, onde foi aprendendo com artistas mais conceituados o mundo das artes como Eduardo Vueza, Zeca Lukombo, Paulo Kussy, Marcela Costa, José João, Jorge Jorge, dentre outros.

Há dois anos, entrou na escola média de artes plásticas Complexo Escolar de Artes (CEARTE), é membro da Brigada Jovem de Artistas Plásticos (BJAP), director artístico do projecto Maratona dos Artistas e membro do projecto Caderno de Artes na Escola.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O artista plástico Jardel Selele defende maior incentivo no ensino das artes plásticas, e afirmou que, no seu parecer, “os professores ensinam, mas não dão aos formandos o incentivo necessário para que eles continuem nesse caminho”.

“Nós estamos a formar-nos para substituir tais quadros, para termos pessoas capazes de lapidar as crianças enquanto desenvolvem o seu talento, porque alguns professores só transmitem para cumprir o seu papel de professor, mas não procuram instruir e fazer com que a criança desenvolva um espírito de fazer carreira”, explicou, apegando-se ao seu exemplo das crianças do ensino primário que se mostram talentosas nas disciplinas de Educação Visual e Plástica ou Educação Laboral.

Jardel, que é um dos participantes da exposição colectiva “Impressões & Expressões”, patente na Galeria Tamar Golan desde o dia 12, falava por ocasião da abertura da mesma. Em entrevista ao ONgoma News, realçou que “a arte faz-se primeiro com amor, não se faz por ganância”.

“Uns pensam que fazer arte é apenas procurar ter dinheiro, mas primeiro você vai depositar o espírito e trabalho para que depois colha algumas coisa”, acrescentou o jovem artista angolano, dizendo ainda que “alguns pais deveriam, por sua vez, incentivar os filhos, no tocante à aquisição de materiais didácticos para pintura”, em vez de obrigá-los “a procurar fazer algo como trabalhos de mecânica, por exemplo, quando a inclinação está para desenhar e não apertar parafusos”.

Jardel Selele, que aos 13 anos de idade começou a ter aulas de desenho artístico com o artista plástico Evadilson José Ferreira, afirmou que “ser artista não é fácil, mas também não é difícil de todo”.

“Primeiro é que eu procuro fazer dos recursos que tenho coisas proveitosas. Pode ser algo até que consigo do lixo, porque quando não se tem muito, do pouco, podemos criar coisas para agregar valores, e a carência de materiais faz com que muitos façam recurso ao lixo, pois ultimamente o que se vê é que o artista recicla, o que é bom para não desperdiçar os materiais de que muito se precisa”, observou.

Em relação às dificuldades com que os artistas se debatem, pensa que se deve “criar condições para que os fazedores de arte tenham bastante sucesso.

“Os artistas andam muito à procura de rolos, que são muito difíceis de aparecer. Então, se existissem fábricas de tintas para trabalhar, tintas artísticas mesmo, nós não estaríamos a encomendar e por isso é que muitos depois vêm discutir o preço das obras. Gastamos dinheiro para adquirir o material e muita massa cinzenta para fazer aquilo que é belo aos olhos dos observadores”, contou.

Exortou, entretanto, aos futuros artistas plásticos, a manterem persistência, e que não caiam por mais que alguém apareça a dizer que o trabalho não presta, pois “quando estamos perante críticas, indica que temos que melhorar em alguma coisa, não que tenhamos que desistir”. “Eu também já passei por isso, e hoje eu sinto que melhorei bastante e surpreendi tais pessoas, que agora me respeitam não só como artista, mas como ser humano”, referiu.

Quanto à sua participação na exposição, apresentou três trabalhos que ilustram um estilo “bem diferente dos outros artistas”, que é o revestimento em madeira, a associação da madeira e o ser humano, dando a impressão de que o corpo está meio partido e que em algumas partes estão visíveis as veias.

Tendo realizado a sua exposição individual ano passado, intitulada “Rostos e Traços”, o também desenhador projectista explica que apresenta nessa exposição temas de carácter sócio-educativo e religioso, expressivos da vida.

Musa, pintura de Jardel Selele

Obras como “Musa” e “Lembranças” destacam a mulher mucubal, “que tem identidade própria, isso por causa das vestes, comportamentos cultural e religioso, comparada à mulher moderna”.

“É esta diferença que eu queria mostrar ao público, com o interesse de estudar mais, visitar mais aldeias para conhecer melhor, e é algo que eu faço e nessa não exposição deixei de apresentar”, finalizou.

Em 2010, Jardel Selele começou a frequentar o atelier Celamar, onde foi aprendendo com artistas mais conceituados o mundo das artes como Eduardo Vueza, Zeca Lukombo, Paulo Kussy, Marcela Costa, José João, Jorge Jorge, dentre outros.

Há dois anos, entrou na escola média de artes plásticas Complexo Escolar de Artes (CEARTE), é membro da Brigada Jovem de Artistas Plásticos (BJAP), director artístico do projecto Maratona dos Artistas e membro do projecto Caderno de Artes na Escola.

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