Actualidade
Economia

“Angola não é um país rico”, afirmou Yuri Quixina

“Angola não é um país rico”, afirmou Yuri Quixina
Foto por:
vídeo por:
Angola Image Bank

O docente universitário Yuri Quixina afirmou que Angola não é um país rico, pois “a riqueza tem que ser transformada, exigir acção humana, capacidade, criatividade e inovação”.

O economista, que falou por ocasião do programa Goza TV, da plataforma de humor Goz´Aqui, decorrido no mês passado, referiu que embora haja no país petróleo e diamante, não são riqueza como tal, se não forem transformados.

Continuou que, quanto à dívida pública, efectivamente, não se usou muita estratégia para tê-la, porque foram criadas dívidas sem foco no longo prazo. “Por exemplo, antes de 2018, a nossa dívida já tinha passado 60% do PIB. A Assembleia Nacional chegou a aprovar um diploma para eliminar a regra de que a dívida não podia passar essa percentagem, por causa da tendência que já havia de fazê-lo. No novo governo, também nos endividámos, mas tinha antes que se fazer a análise a longo prazo, ver como é que nos dois lados a economia podia se comportar. Tal comportamento mostrou que houve uma desvalorização grande da moeda, o que aumenta a dívida automaticamente. Então, com a riqueza a cair, a dívida aumenta”, explicou Yuri Quixina.

Por outro lado, o convidado fez saber que todos os países, cujos governos são obesos, facilmente entram em crise, porque vão precisar mais de impostos, e quem paga os impostos é o sector privado e o povo. “Logo, sem as empresas privadas, o governo fica sem dinheiro. Quando o socialismo acaba, acaba também o dinheiro dos outros”, afirmou, realçando ainda que “o nosso modelo de gestão, derivado de uma característica socialista, colocou as pessoas também nessa perspectiva”.

“Nós temos a ideia de que o mais importante é resolver os problemas do povo, mas mesmo nos EUA, quem resolve os problemas é sempre o individuo”, citou, entendendo que o mais importante é dar liberdade ao indivíduo de atingir a sua felicidade, porque quando achamos que o mais importante é resolver os problemas do povo, parece que o Governo é quem até vai tirar a água à porta da nossa casa.

“Ter união nos nossos bairros seria melhor do que esperar o Governo”, atentou.

Sobre o discurso das privatizações ser coerente com as acções do Estado ou não, o entrevistado disse que as medidas de curto prazo e que destroem o mercado podem penalizar a economia. Sempre defendeu que a política e a economia são duas mulheres ciumentas, onde a política é a amante e a economia a esposa.

“No final das contas, o país vai reconhecer a esposa. Sem o pão na mesa, não há nada (desenvolvimento), mas a política quer roubar o marido da esposa. O significa que quando colocamos a política à frente da economia o resultado é um desastre. Porque um país só é politicamente forte se for economicamente forte”, asseverou.

O especialista, docente universitário desde 2009, declarou entretanto que os maiores políticos não tiveram formação em política. Os grandes políticos, que transformaram o mundo, não fizeram ciências políticas, disse, sendo que, para ele, a política é uma arte de liderar, mudar, de defender causas e de servir. “Quem tem objectivos colectivos vai para a política, mas quem tem objectivos individuais deve ser do MPLA. Porque a maior parte dos nossos empresários de sucesso vem de famílias políticas ou militares, e mesmo na maneira de eles (os políticos) falarem, se fosse numa sociedade instruída, ninguém votaria neles, porque numa sociedade instruída, a maneira de fazer política é diferente. É de persuasão, e não com maratonas”, replicou.

Quanto à Feira do Emprego, decorrida no ano passado, no Centro de Conferências de Belas, e que foi marcada por uma onda de desmaios, na sequência da entrada de milhares de jovens ao evento, Yuri Quixina observou que falhou tudo no certame.

“Os próprios desempregados também têm culpa, porque um desempregado racional, sabendo que a economia está em depressão e as empresas estão a fechar, qual é a empresa maluca que vai realizar uma feira de emprego? Se há efectivamente recessão, obviamente as empresas estão a despedir pessoal. Com os estudantes a sair das escolas, finalistas, aumenta mais ainda o desemprego. Um jovem racional saberia que aquela feira não daria certo. Aquilo se tornou numa Feira do Desemprego”, precisou.

Por outro lado, frisou, quem realiza essas feiras nunca é um ministério. “Porque se o ministério faz uma feira, quer dizer que quem vai empregar é o Estado. Então, penso que a feira não deveria existir, a não ser que fosse o sector privado a promovê-la, e as empresas não vão às feiras com convicção de pegar desempregados, sendo que ainda estão a lutar para optimizar os seus custos, e o primeiro aspecto a ser melhorado é o capital humano”, concluiu.

Destaque

No items found.

6galeria

Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O docente universitário Yuri Quixina afirmou que Angola não é um país rico, pois “a riqueza tem que ser transformada, exigir acção humana, capacidade, criatividade e inovação”.

O economista, que falou por ocasião do programa Goza TV, da plataforma de humor Goz´Aqui, decorrido no mês passado, referiu que embora haja no país petróleo e diamante, não são riqueza como tal, se não forem transformados.

Continuou que, quanto à dívida pública, efectivamente, não se usou muita estratégia para tê-la, porque foram criadas dívidas sem foco no longo prazo. “Por exemplo, antes de 2018, a nossa dívida já tinha passado 60% do PIB. A Assembleia Nacional chegou a aprovar um diploma para eliminar a regra de que a dívida não podia passar essa percentagem, por causa da tendência que já havia de fazê-lo. No novo governo, também nos endividámos, mas tinha antes que se fazer a análise a longo prazo, ver como é que nos dois lados a economia podia se comportar. Tal comportamento mostrou que houve uma desvalorização grande da moeda, o que aumenta a dívida automaticamente. Então, com a riqueza a cair, a dívida aumenta”, explicou Yuri Quixina.

Por outro lado, o convidado fez saber que todos os países, cujos governos são obesos, facilmente entram em crise, porque vão precisar mais de impostos, e quem paga os impostos é o sector privado e o povo. “Logo, sem as empresas privadas, o governo fica sem dinheiro. Quando o socialismo acaba, acaba também o dinheiro dos outros”, afirmou, realçando ainda que “o nosso modelo de gestão, derivado de uma característica socialista, colocou as pessoas também nessa perspectiva”.

“Nós temos a ideia de que o mais importante é resolver os problemas do povo, mas mesmo nos EUA, quem resolve os problemas é sempre o individuo”, citou, entendendo que o mais importante é dar liberdade ao indivíduo de atingir a sua felicidade, porque quando achamos que o mais importante é resolver os problemas do povo, parece que o Governo é quem até vai tirar a água à porta da nossa casa.

“Ter união nos nossos bairros seria melhor do que esperar o Governo”, atentou.

Sobre o discurso das privatizações ser coerente com as acções do Estado ou não, o entrevistado disse que as medidas de curto prazo e que destroem o mercado podem penalizar a economia. Sempre defendeu que a política e a economia são duas mulheres ciumentas, onde a política é a amante e a economia a esposa.

“No final das contas, o país vai reconhecer a esposa. Sem o pão na mesa, não há nada (desenvolvimento), mas a política quer roubar o marido da esposa. O significa que quando colocamos a política à frente da economia o resultado é um desastre. Porque um país só é politicamente forte se for economicamente forte”, asseverou.

O especialista, docente universitário desde 2009, declarou entretanto que os maiores políticos não tiveram formação em política. Os grandes políticos, que transformaram o mundo, não fizeram ciências políticas, disse, sendo que, para ele, a política é uma arte de liderar, mudar, de defender causas e de servir. “Quem tem objectivos colectivos vai para a política, mas quem tem objectivos individuais deve ser do MPLA. Porque a maior parte dos nossos empresários de sucesso vem de famílias políticas ou militares, e mesmo na maneira de eles (os políticos) falarem, se fosse numa sociedade instruída, ninguém votaria neles, porque numa sociedade instruída, a maneira de fazer política é diferente. É de persuasão, e não com maratonas”, replicou.

Quanto à Feira do Emprego, decorrida no ano passado, no Centro de Conferências de Belas, e que foi marcada por uma onda de desmaios, na sequência da entrada de milhares de jovens ao evento, Yuri Quixina observou que falhou tudo no certame.

“Os próprios desempregados também têm culpa, porque um desempregado racional, sabendo que a economia está em depressão e as empresas estão a fechar, qual é a empresa maluca que vai realizar uma feira de emprego? Se há efectivamente recessão, obviamente as empresas estão a despedir pessoal. Com os estudantes a sair das escolas, finalistas, aumenta mais ainda o desemprego. Um jovem racional saberia que aquela feira não daria certo. Aquilo se tornou numa Feira do Desemprego”, precisou.

Por outro lado, frisou, quem realiza essas feiras nunca é um ministério. “Porque se o ministério faz uma feira, quer dizer que quem vai empregar é o Estado. Então, penso que a feira não deveria existir, a não ser que fosse o sector privado a promovê-la, e as empresas não vão às feiras com convicção de pegar desempregados, sendo que ainda estão a lutar para optimizar os seus custos, e o primeiro aspecto a ser melhorado é o capital humano”, concluiu.

6galeria

Artigos relacionados

No items found.
Thank you! Your submission has been received!
Oops! Something went wrong while submitting the form