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Agricultores não sentem o impacto da Independência nos campos

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Especialistas do campo associam atrasos na chegada da soberania alimentar ao que chamam de falta de visão para factores de produção no país, quando números oficiais indicam que os gastos anuais com a importação de alimentos continuam acima de mil milhões de dólares norte-americanos, numa altura em que Angola comemora (hoje) 47 anos de Independência Nacional.

O secretário-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), José Maria Katyavala, afirma que o quadro actual deixa órfã a indústria e puxa pela investigação, declaração suportada pelo facto de haver receios que o país continue a movimentar eternamente as reservas internacionais para esse fim, daí que surjam apelos para aposta na investigação científica, como garante para autonomia em sementes e melhoramento dos solos.

A título de exemplo, os números da importação apresentados pelo Ministério da Economia e Planeamento coincidem com queixas de produtores nacionais, nos sectores familiar e empresarial, relativas à alta de preços em matéria de sementes, fertilizantes e insecticidas, num período em que as pragas atacam culturas em várias províncias.

“Para conseguirmos produzir as nossas próprias sementes, desenvolvermos métodos e tecnologias de controlo de pragas e doenças; melhoramento dos solos. Atenção que a principal fonte de matéria-prima para a indústria é o campo”, alerta José Maria, que mais do que a definição de programas, que destaca evolução em termos de políticas públicas, declara, Angola peca na sua implementação e na priorização quanto à alocação de verbas.

“Isso seria fundamental para a tão almejada soberania alimentar que, infelizmente, continuamos à espera 47 anos depois. Continua a ser dos maiores desafios, atender as necessidades internas, posteriormente pensar na exportação”, realça o técnico, ouvido pela Voz da América.

Na classe dos antigos combatentes, o produtor José Cabral Sande afirma que Angola tem nojo da agricultura. “É também com nojo de dizer às pessoas onde é que aplicámos o nosso dinheiro. A não ser que digam que estão a dar aos eritreus e libaneses para importar e nos venderem ao preço que quiserem”, salienta Sande, acrescentando que “a Reserva Alimentar, se existiu, foi para a campanha, já não há, gastamos milhões e milhões mas não importamos o essencial para trabalharmos”.

Com o Governo angolano a apostar num programa de produção de grãos, produtos que mais pesam na balança das importações, o profissional avisa que o tempo joga a favor e refere que as coisas não devem morrer nos papéis.

“O ciclo vegetativo do milho cá em Angola nunca ultrapassa os 80 dias, período também para o feijão. Tudo que é grão e tudo que é tubérculo. Em menos de três meses temos pronto para as comunidades”, apela.

No lançamento da presente legislatura, após o discurso do Presidente João Lourenço, o ministro da Agricultura, António Francisco de Assis, anunciou acções coordenadas para uma actividade produtiva e competitiva.

Na luta pela auto-suficiência interna, Angola terá, como estima o Executivo, uma fábrica industrial de fertilizantes, avaliada em 2 mil milhões de dólares.

Dados oficiais indicam que as Reservas Internacionais Líquidas andaram, até Setembro último, em 13.6 mil milhões de dólares.

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Redacção

Especialistas do campo associam atrasos na chegada da soberania alimentar ao que chamam de falta de visão para factores de produção no país, quando números oficiais indicam que os gastos anuais com a importação de alimentos continuam acima de mil milhões de dólares norte-americanos, numa altura em que Angola comemora (hoje) 47 anos de Independência Nacional.

O secretário-geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), José Maria Katyavala, afirma que o quadro actual deixa órfã a indústria e puxa pela investigação, declaração suportada pelo facto de haver receios que o país continue a movimentar eternamente as reservas internacionais para esse fim, daí que surjam apelos para aposta na investigação científica, como garante para autonomia em sementes e melhoramento dos solos.

A título de exemplo, os números da importação apresentados pelo Ministério da Economia e Planeamento coincidem com queixas de produtores nacionais, nos sectores familiar e empresarial, relativas à alta de preços em matéria de sementes, fertilizantes e insecticidas, num período em que as pragas atacam culturas em várias províncias.

“Para conseguirmos produzir as nossas próprias sementes, desenvolvermos métodos e tecnologias de controlo de pragas e doenças; melhoramento dos solos. Atenção que a principal fonte de matéria-prima para a indústria é o campo”, alerta José Maria, que mais do que a definição de programas, que destaca evolução em termos de políticas públicas, declara, Angola peca na sua implementação e na priorização quanto à alocação de verbas.

“Isso seria fundamental para a tão almejada soberania alimentar que, infelizmente, continuamos à espera 47 anos depois. Continua a ser dos maiores desafios, atender as necessidades internas, posteriormente pensar na exportação”, realça o técnico, ouvido pela Voz da América.

Na classe dos antigos combatentes, o produtor José Cabral Sande afirma que Angola tem nojo da agricultura. “É também com nojo de dizer às pessoas onde é que aplicámos o nosso dinheiro. A não ser que digam que estão a dar aos eritreus e libaneses para importar e nos venderem ao preço que quiserem”, salienta Sande, acrescentando que “a Reserva Alimentar, se existiu, foi para a campanha, já não há, gastamos milhões e milhões mas não importamos o essencial para trabalharmos”.

Com o Governo angolano a apostar num programa de produção de grãos, produtos que mais pesam na balança das importações, o profissional avisa que o tempo joga a favor e refere que as coisas não devem morrer nos papéis.

“O ciclo vegetativo do milho cá em Angola nunca ultrapassa os 80 dias, período também para o feijão. Tudo que é grão e tudo que é tubérculo. Em menos de três meses temos pronto para as comunidades”, apela.

No lançamento da presente legislatura, após o discurso do Presidente João Lourenço, o ministro da Agricultura, António Francisco de Assis, anunciou acções coordenadas para uma actividade produtiva e competitiva.

Na luta pela auto-suficiência interna, Angola terá, como estima o Executivo, uma fábrica industrial de fertilizantes, avaliada em 2 mil milhões de dólares.

Dados oficiais indicam que as Reservas Internacionais Líquidas andaram, até Setembro último, em 13.6 mil milhões de dólares.

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