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“A capoeira é um estilo de vida”, afirma Cabuenha Janguinda

“A capoeira é um estilo de vida”, afirma Cabuenha Janguinda
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Andrade Lino

O activista social Cabuenha Janguinda afirmou que a capoeira é um estilo de vida e uma das formas mais efectivas de se reencontrar nas raízes, tendo continuado que é um portal para a diversidade cultural angolana.

O também instrutor de capoeira, em entrevista ao ONgoma News, partilhou que esse tipo de expressão permitiu-lhe o orgulho da ancestralidade angolana e a partir daí deixou de se sentir isolado, reconhecendo que a capoeira serve como instrumento que ajuda a fortalecer a auto-estima.

Mentor da ABADÁ-Capoeira, projecto de responsabilidade social, focado em actividades como retiros ecológicos e na catalogação do movimento cultural angolano, a sua proposta com o grupo tem sido principalmente o desenvolvimento de trabalhos sociais nos bairros, mas primando também no resgate da identidade angolana em vários aspectos, como para a música, literatura oral, escrita, enfim.

Questionado sobre a necessidade de se regressar às raízes e aprender sobre a identidade cultural angolana, o professor afirmou que cada dia é um aprendizado. “Nós podemos praticar isso, mas a resposta nós também podemos encontrar atrás, e muitas vezes até a resposta está perto, está no Catete ou na Huíla, por isso defendo ser importante nós nos reencontrarmos dentro destes contextos do interior de Angola, para percebermos como é que as coisas funcionam, o meio social dessas localidades e a questão filosófica de vida”, argumentou, realçando então que tem que ser feito este mergulho, cada angolano precisa fazer isso, por ser um dos veículos para parte cultural.

Ainda nesta ordem de ideias, convidado para a 5ª edição do TEDx Luanda, o orador continuou que estamos a passar por um processo de crise, mas essa crise é a criatividade, que nos ajudaria em várias coisas.

“A juventude está um pouco distraída, desprovida de conhecimentos, mas existem selos que estão a se dividir e existem pessoas interessadas em aprender e então não podemos analisar e dizer que estamos perdidos, porque há sempre a emanação de esperança. Por isso, acho que não está nada perdido, enquanto estivermos vivos, pois estamos a passar por um ciclo e não devemos julgar essas pessoas, devemos, sim, ajudar a espetar nas nelas raios de luzes”, observou o capoeirista, e disse ainda que “somos muito novos e temos muito caminho pela frente, para realmente podermos fazer a nossa história”.

Na sua apresentação, Cabuenha Janguinda Moniz relembrou Mestre Kamosso, músico angolano famoso pela forma como tocava o hungu, e partilhou que ele é um símbolo de consciência cultural, “ele fez parte de várias gerações, um transmissor de sabedoria e vivência”.

Por outro lado, disse ainda, “o grande Mestre Kituxi acabou por padronizar os ritmos de música tradicional angolana com o hungu e o cordofone, e são essas coisas, tão relevantes da nossa tradição, que devem importar”.

No seu entender, muitas vezes, vamos buscar inspiração longe demais, enquanto elas estão aqui, próximas de nós, permitindo-nos estabelecer um contacto com a ancestralidade, uma maneira de ver a vida, de ver a questão filosófica angolana ou a literatura oral, “porque nós temos bastantes heranças, só temos que saber como trabalhar com elas”.

 

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O activista social Cabuenha Janguinda afirmou que a capoeira é um estilo de vida e uma das formas mais efectivas de se reencontrar nas raízes, tendo continuado que é um portal para a diversidade cultural angolana.

O também instrutor de capoeira, em entrevista ao ONgoma News, partilhou que esse tipo de expressão permitiu-lhe o orgulho da ancestralidade angolana e a partir daí deixou de se sentir isolado, reconhecendo que a capoeira serve como instrumento que ajuda a fortalecer a auto-estima.

Mentor da ABADÁ-Capoeira, projecto de responsabilidade social, focado em actividades como retiros ecológicos e na catalogação do movimento cultural angolano, a sua proposta com o grupo tem sido principalmente o desenvolvimento de trabalhos sociais nos bairros, mas primando também no resgate da identidade angolana em vários aspectos, como para a música, literatura oral, escrita, enfim.

Questionado sobre a necessidade de se regressar às raízes e aprender sobre a identidade cultural angolana, o professor afirmou que cada dia é um aprendizado. “Nós podemos praticar isso, mas a resposta nós também podemos encontrar atrás, e muitas vezes até a resposta está perto, está no Catete ou na Huíla, por isso defendo ser importante nós nos reencontrarmos dentro destes contextos do interior de Angola, para percebermos como é que as coisas funcionam, o meio social dessas localidades e a questão filosófica de vida”, argumentou, realçando então que tem que ser feito este mergulho, cada angolano precisa fazer isso, por ser um dos veículos para parte cultural.

Ainda nesta ordem de ideias, convidado para a 5ª edição do TEDx Luanda, o orador continuou que estamos a passar por um processo de crise, mas essa crise é a criatividade, que nos ajudaria em várias coisas.

“A juventude está um pouco distraída, desprovida de conhecimentos, mas existem selos que estão a se dividir e existem pessoas interessadas em aprender e então não podemos analisar e dizer que estamos perdidos, porque há sempre a emanação de esperança. Por isso, acho que não está nada perdido, enquanto estivermos vivos, pois estamos a passar por um ciclo e não devemos julgar essas pessoas, devemos, sim, ajudar a espetar nas nelas raios de luzes”, observou o capoeirista, e disse ainda que “somos muito novos e temos muito caminho pela frente, para realmente podermos fazer a nossa história”.

Na sua apresentação, Cabuenha Janguinda Moniz relembrou Mestre Kamosso, músico angolano famoso pela forma como tocava o hungu, e partilhou que ele é um símbolo de consciência cultural, “ele fez parte de várias gerações, um transmissor de sabedoria e vivência”.

Por outro lado, disse ainda, “o grande Mestre Kituxi acabou por padronizar os ritmos de música tradicional angolana com o hungu e o cordofone, e são essas coisas, tão relevantes da nossa tradição, que devem importar”.

No seu entender, muitas vezes, vamos buscar inspiração longe demais, enquanto elas estão aqui, próximas de nós, permitindo-nos estabelecer um contacto com a ancestralidade, uma maneira de ver a vida, de ver a questão filosófica angolana ou a literatura oral, “porque nós temos bastantes heranças, só temos que saber como trabalhar com elas”.

 

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